Via Streaming – “A Filha Perdida” – Sentimentos velados

Dona da tetralogia napolitana “A Amiga Genial”, Elena Ferrante é uma autora italiana que busca destacar as nuances do feminino e as relações entre mulheres, construídas para além do romantismo ou da competição. Apesar de vender mais de 16 milhões de cópias com um livro, pouco se sabe desta escritora, que raramente concede entrevistas e assina suas obras sob um pseudônimo. Porém, a atriz Maggie Gyllenhaal estava determinada a realizar seu primeiro trabalho como diretora através de uma adaptação de suas obras. Mesmo reclusa, Elena concedeu permissão para o filme “A Filha Perdida”, que estreia dia 31 de dezembro na Netflix.

Olivia Colman, vencedora do Oscar em 2019 por “A Favorita”, interpreta Leda, uma mulher de meia-idade que decide tirar férias de seu trabalho como professora de linguagens no litoral da Grécia. Divorciada e com ávido gosto tanto pela leitura quanto pelos momentos de calmaria proporcionados pelo silêncio, alguns dias depois de sua chegada, têm suas preferências confrontadas pela presença de uma barulhenta família americana, que detesta ser contrariada. Apesar disso, Leda é imediatamente atraída por Nina (Dakota Johnson), uma jovem mãe que parece uma figura deslocada naquele cenário, exacerbada pelas constantes demandas da filha. Porém, a praia inteira para quando a menina desaparece e Nina é tomada pelo desespero até o momento que Leda a encontra e surge como uma heroína.

Após este incidente, as duas mulheres formam um vínculo inesperado, em que Leda passa a enxergar muito de sua própria juventude e maternidade em Nina, ao ponto dela se questionar se a mulher mais jovem não seria capaz de cometer os mesmos erros de seu passado. Afinal, para ambas, a criação dos filhos não se mostrou como natural, mas sim como uma esmagadora responsabilidade, que afetou não só o rumo de suas vidas profissionais como amorosas, que culminaram em atitudes moralmente questionáveis.