Representante da Cetesb nega que construção da cava subaquática foi prejudicial

Representante do Instituto Sócio Ambiental e Cultural da Vila dos Pescadores, em Cubatão, também participou da reunião

  • Data: 19/11/2021 07:11
  • Alterado: 19/11/2021 07:11
  • Autor: Redação
  • Fonte: Cetesb
Representante da Cetesb nega que construção da cava subaquática foi prejudicial

Cetesb

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Parlamentares da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Cavas Subaquáticas se reuniram, nesta quarta-feira (17/11), com a integrante da Diretoria de Avaliação de Impacto Ambiental da Cetesb à época da construção da obra, Ana Cristina Pasini.

Ela afirmou que a construção da cava subaquática próximo ao Porto de Santos não proporcionou prejuízo à população local e aos peixes, já que análises aprofundadas foram realizadas especificamente sobre a qualidade da água.

“A cava foi um ganho ambiental grande da região, pois fizemos uma limpeza do material contaminado. Continua chegando assoreamento, porém o sedimento que chega no rio hoje não tem mais os contaminantes, ou seja, basicamente, chega areia”, completou.

A representante do Instituto Sócio Ambiental e Cultural da Vila dos Pescadores (Isac), Marly Vicente, em Cubatão, localizada nas proximidades da cava subaquática, discordou das afirmações feitas por Ana Cristina.

“Em alguns momentos eu fico indignada, porque falam nesse projeto como se fosse uma maravilha. Na prática, não é nada disso. A cava foi construída em um dos locais onde os pescadores mais pescavam. Por isso, para nós a cava foi uma verdadeira agressão ao meio ambiente”, afirmou Marly.

Devido a complexidade e a dimensão da cava subaquática, Ana Cristina afirmou que a Cetesb realizou diversas reuniões técnicas para a análise e a viabilidade do projeto, realizando o acompanhamento de forma “rigorosa, correta e honesta”.

“Além de ser um projeto bem licenciado, foi uma boa solução para a região do porto de Santos. Porque ali, no passado, sempre passou todo tipo de poluição”, afirmou.

Segundo Ana Cristina, esses sedimentos que estavam lá eram originados das indústrias próximas ao porto. “Elas lançavam seus dejetos sem muito controle, já que no passado não havia licenciamento ambiental. Esse sedimento tinha elementos tóxicos e foi retirado no leito do canal e está agora depositado dentro dessa cava de maneira segura”, afirmou.

Segundo Marly, a pesca foi prejudicada com a construção da cava, já que a ela era muito mais abundante antes do projeto. Além disso, os pescadores da região se sentem vítimas e vilões ao mesmo tempo, já que tem o receio de entregar aos consumidores um produto que está contaminado. “O progresso é importante desde que esteja condizente com a preservação ambiental”, disse.

O que é uma cava subaquática?

Cava subaquática é uma cratera aberta debaixo da água para despejo de sedimentos, lixo e materiais contaminados. A cava feita no estuário entre Santos e Cubatão é maior que o estádio do Maracanã, com dimensões de 400 metros de diâmetro por 25 metros de profundidade, e está preenchida por cerca de 2,4 bilhões de litros de sedimentos.

Cava Subaquática do Casqueiro

A cava foi aberta entre Santos e Cubatão e escavada sob responsabilidade da Usiminas e da VLI, empresa de logística da Vale, em 2017 para despejo de material retirado durante a dragagem (desassoreamento do fundo de canais) do canal de Piaçaguera.

Entretanto, antes da década de 70 não existiam políticas de prevenção aos dejetos altamente contaminados por metais pesados que circulavam pela região, o que perpetuou a concentração desses sedimentos no fundo do estuário durante as décadas de 60 e 70.

Esse processo ocorreu devido às atividades industriais que estavam mais afastadas da costa, sendo o canal de Piaçaguera aberto para possibilitar a navegação das embarcações que levavam matéria-prima à Cosipa (Companhia Siderúrgica Paulista), por exemplo, e que voltavam à costa com material acabado.

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