“É uma honra saber que 30 mil pessoas moram num empreendimento da MBigucci”
Com 60 anos de trabalho na construção civil, o empresário Milton Bigucci, presidente da Construtora MBigucci, fala com exclusividade ao ABC do ABC
- Data: 12/11/2021 09:11
- Alterado: 12/11/2021 09:11
- Autor: Andréa Brock
- Fonte: ABCdoABC
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Ele é conselheiro vitalício e membro do Conselho Fiscal da Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC, membro do Conselho Consultivo Nato do Secovi-SP, membro do Conselho Industrial do CIESP, conselheiro vitalício da Associação Comercial de São Paulo, conselheiro nato do Clube Atlético Ypiranga (CAY). Milton Bigucci é também autor de 6 livros (cinco sobre questões sociais e um sobre futebol) é membro da Academia de Letras da Grande São Paulo, cadeira número 5, cujo patrono é Lima Barreto. Milton Bigucci também fundou e auxilia na manutenção de diversas obras sociais na região do Grande ABC. Em entrevista exclusiva ao Portal ABC do ABC para a jornalista Andréa Brock, Milton Bigucci fala de sua trajetória de sucesso na construção civil, da pandemia que afetou muito o setor, de como a burocracia afeta o crescimento do mercado e prejudica a compra do imóvel próprio e manda um recado aos prefeitos do Grande ABC.
Portal ABC do ABC: Seus números impressionam: são 415 empreendimentos feitos ao longo da história da sua empresa, entre prédios residenciais, comerciais e logísticos, 10.716 unidades, 1 milhão e 153 mil metros quadrados construídos, 30 mil pessoas morando em um MBigucci e vocês acabam de ser eleitos pela terceira vez a melhor construtora imobiliária do Brasil pela Revista Isto É Brasil através de 5 critérios avaliados: governança corporativa, responsabilidade social, inovação, solidez financeira e recursos humanos. A que você atribui essa trajetória de tanto sucesso?
Milton Bigucci: Eu fico feliz de poder transmitir alguma coisa de útil porque o exemplo tem que ser útil para a sociedade. Acho que a gente tem que fazer algumas coisas na vida e mostrar o que a gente fez. Nesses 60 anos de trabalho na Construção, que eu completei no dia 19 de maio de 2021 começamos bem pequenininhos, fazendo um predinho, o Edifício Glaucia, com 16 apartamentos na Vila Liviero, em São Paulo, próximo à Via Anchieta. Esse predinho eu consegui vender para quatro amigos meus, e vendi a preço de custo praticamente porque teve um grande problema no meio desse caminho. O governo do presidente Sarney, na época, e congelou os preços de tudo no Brasil com uma canetada, como se isso resolvesse o problema da inflação, que na época chegava a 84,2% ao mês. Isso me marcou muito porque eu pensei: como vou entregar esses apartamentos para esses amigos meus se os preços estouraram dessa forma? Eu não conseguia mais comprar os materiais da obra e tive que comprar no câmbio negro para honrar com meus amigos. Entreguei no prazo certo, em dezembro daquele ano (1986). Cumpri minha palavra, não tive lucro nenhum, foi a minha primeira experiência no ramo da construção civil própria. Mas eu não desisti, porque eu não desisto jamais. E assim seguimos lutando, aprendendo, persistindo. Hoje, quando me deparo com esses números em que mais de 30 mil pessoas moram num apartamento feito pela MBigucci, eu fico abismado porque é muito mais que a população de diversas cidades brasileiras. Isso me enche de orgulho, satisfação e sentimento de dever cumprido. Comecei a trabalhar com 9 anos de idade e trabalho até hoje, perto de fazer meus 80 anos, com muita honra e orgulho.
Essa pandemia que estamos passando afetou o mundo inteiro. Inclusive eu estou meio triste porque parece que na Europa está voltando a onda, mas aí percebemos que é a resistência às vacinas. Eu sou tremendamente contrário a essa resistência. Eu acho que todo mundo deve se vacinar, eu já fui vacinado. A luta do dia a dia é sempre mais forte quando nós temos um objetivo de vida. A MBigucci tem um por objetivo dar emprego, produzir habitação, e principalmente para classe média para baixo. Nosso objetivo é atender mais as pessoas necessitadas do que o mercado de alto luxo. Nós produzimos também unidades de alto luxo, mas em número muito menor.
Portal ABC do ABC: Tem um trabalho social muito grande feito pela MBigucci que atende crianças carentes. Sempre foi uma preocupação a área social?
Milton Bigucci: Desde que foi fundada a MBigucci sempre fez fizemos trabalhos sociais e fico feliz que isso contagiou toda a diretoria da empresa que são meus filhos, meu sobrinho e meus funcionários. Eu fundei há 40 anos o Lar Escola Pequeno Leão, uma obra social no Bairro Assunção, em São Bernardo do Campo, onde nós temos mais de 60 crianças órfãs. Além de servir de exemplo, é uma obra onde prestamos ajuda para crianças que nem sabem porque estão lá. Meu filho, o Junior, é um dos diretores de lá. Fundei também o CAMPI, do Ipiranga, que é o Círculo de Amigos do Menor Patrulheiro, há 41 anos, e esses dias inclusive fui homenageado pela fundação dessa obra social que atende jovens carentes e com formação profissional e estágio.
Na MBigucci temos também o projeto Big Riso, que é comandado pela minha filha Roberta Bigucci. Ela implementou esse trabalho nos hospitais públicos de câncer infantil e nós temos um grupo de palhaços formado por funcionários e amigos nossos que e levam amor e esperança não só para as crianças com câncer como também aos familiares, um trabalho espetacular.
Portal ABC do ABC: Fale um pouco sobre a importância do Land Bank, que é o banco de terrenos, para a solidez das construtoras.
Milton Bigucci: Nós temos terrenos no Land Bank para os próximos 15 anos de trabalho da MBigucci, totalmente pagos, não devemos nada. A MBigucci é uma empresa tão sólida que não deve um centavo para ninguém, nem para banco, nem para nenhum local. Eu dirijo a empresa com muita tranquilidade, alegria e pés no chão. Nós fazemos o que achamos que deve ser feito, tudo analisado com viabilidade e com dados.
Portal ABC do ABC: É importante a parceria com o Poder Público?
Milton Bigucci: Ela é fundamental. O órgão público é quem faz a dinâmica da sua cidade, seu Estado, seu País para que possa dar habitação, criar emprego, movimentar a economia, é fundamental. Mas temos que eliminar a burocracia pública, que é uma das coisas mais absurdas que existe. O problema é que a burocracia pública está dando emprego para funcionário público, mas tira o emprego do funcionário que trabalha nas empresas privadas, que é quem paga a conta. Outro problema é o inchaço da máquina pública, o que para mim é outro absurdo. A máquina pública tem a função de zelar pelo desenvolvimento, justiça. Mas a burocracia acaba gerando altos custos e esses custos quem paga é o consumidor que vai comprar um apartamento, que vai comprar uma casa.
Portal ABC do ABC: Então a burocracia dificulta o mercado? É um dificultador?
Milton Bigucci: É terrivelmente dificultador porque se você tem uma máquina pública que gasta menos dinheiro, a conta seria mais baixa. No Brasil os deputados, senadores, prefeito, têm dezenas de assessores, ganhando entre 20 e 30 mil cada um. Por que a máquina pública é assim inchada? Eu não concordo com isso. Se a minha empresa tivesse uma estrutura cara e inchada, ao invés de eu vender um apartamento por 300 mil, eu teria que vender por 600 mil. Portanto é preciso funcionar de uma forma enxuta. Quem mexe na máquina pública é o governo, como se faz dentro da democracia para consertar isso? Tem que fazer acordo com os partidos e os partidos estão cada vez piores, estão exigindo cada vez mais para si e menos para o povo.
Portal ABC do ABC: Você tem um trabalho de muita prosperidade na região do Grande ABC, onde praticamente vocês estão presentes nas sete cidades. Como você tem visto o mercado e os governos? As cidades na sua opinião se desenvolveram muito de forma satisfatória ou falta mais investimento dos governos?
Milton Bigucci: Os governos precisariam ampliar mais o diálogo com os representantes do nosso setor. Precisamos sentar com todos os prefeitos e dialogar, mostrar o que pode ser corrigido, como alguns já vêm fazendo. O problema principal, volto a dizer, é a burocracia pública. É preciso enxugar e dinamizar a burocracia. Precisamos de prazos mais efetivos
Às vezes demora mais de dois meses para sair um Habite-se, que é o documento necessário para entregar um prédio. Só não se pode esquecer que existem centenas de famílias que estão esperando seus imóveis próprios e que pagando aluguel. Isso tem que ser reformulado, tem que ser mais dinâmico. O funcionário público tem que fazer as coisas girarem com a mesma agilidade que nós fazemos na iniciativa privada. Isso gera desenvolvimento.
Nosso Grande ABC, graças a Deus, está bem. Estamos construindo agora em Santo André, na Av. dos Estados, o nosso maior centro de logística e já temos outros dois entregues em Diadema e São Bernardo. Isso prova que estamos em desenvolvimento, mas precisaríamos ter mais agilidade.
Portal ABC do ABC: Você fundou a Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradores do Grande ABC. Uma associação que além de pioneira, ela agrega os diversos setores. É importante todos os setores da construção civil estarem afinados?
Milton Bigucci: sem dúvida. Essa entidade que fundamos há mais de 30 anos, lá atrás, conseguiu muitos avanços para o setor. Um fato interessante, por exemplo, foi que quando fundamos a ACIGABC existia uma lei que impossibilitava a construção de prédios acima de 9 andares em São Bernardo do Campo. Ai eu fui lá na Prefeitura na época entender porque não era possível fazer prédios mais altos e descobri que era porque o Corpo de Bombeiros só tinha uma escada magirus de 7 andares (risos). Veja só a limitação que era feita na época pelo órgão público. Como eu não fico quieto na vida, me veio a ideia de fundar a entidade com alguns amigos para lutar por mudanças, inclusive a primeira delas foi essa. Tenho muito orgulho da Associação de ser uma entidade muito forte que representa os construtores, incorporadores, imobiliárias, condomínios, que luta pelo desenvolvimento do setor e da região. Hoje meu filho, o Milton Bigucci Junior, é quem preside. Eu presidi por mais de 20 anos a entidade, mas já tivemos o Marcus Santaguita, da Construtora Jacy. Eu acho fundamental que todos andem de mãos dadas, é importante a união das entidades. Cada uma trabalha muito bem, porém dentro das suas áreas. É importante o diálogo e a união sempre.
Portal ABC do ABC: Pedimos que o senhor deixe uma mensagem para o Grande ABC.
Milton Bigucci: O ABC é nossa terra, é onde aprendemos a trabalhar, a viver, temos um relacionamento muito grande dentro dessas cidades. Temos uma pujança muito forte e não podemos perder isso. Temos que cada vez mais contribuir para o desenvolvimento das cidades. Dependemos muito do Poder Público e precisamos que ele se reformule. Precisamos enfrentar a crise e continuar nos desenvolvendo e gerando empregos, cada um na sua área.