Luisa Stefani e Laura Pigossi faturam bronze no tênis nas Olimpíadas 2020 em Tóquio
“As últimas serão as primeiras”, comemora dupla de bronze que entrou na Olimpíada após desistência, ao conquistar a improvável vitória no melhor resultado do tênis brasileiro nos Jogos
- Data: 31/07/2021 09:07
- Alterado: 31/07/2021 09:07
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
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O Brasil conquistou neste sábado a sua medalha mais improvável nos Jogos Olímpicos de Tóquio. As tenistas Luisa Stefani e Laura Pigossi faturaram o bronze após vitória sobre as russas Veronika Kudermetova e Elena Vesnina por 2 sets a 1, com parciais de 4/6, 6/4 e 11/9, em 2h11min de jogo.
Luisa e Laura alcançaram, assim, a melhor marca do tênis brasileiro na história da Olimpíada. Antes, o país só tinha um quarto lugar, em Atlanta-1996, com Fernando Meligeni na chave de simples.
A explosão de emoção das duas tenistas após a impressionante virada sobre as russas, vice-campeãs em Wimbledon neste ano, se explica pela maneira como as duas alcançaram tal feito. A dupla só ficou sabendo que participaria da Olimpíada no Japão de última hora. Isso porque elas foram inscritas no torneio por um dirigente da Confederação Brasileira de Tênis (CBT) e ficaram na lista de espera. Somente depois de desistências na chave é que elas foram confirmadas nos Jogos, já a quase uma semana do início do torneio de duplas em Tóquio. “Quando a gente recebeu a ligação com a notícia de que tínhamos entrado na Olimpíada, a gente ficou um pouco histérica, pulando. A gente não conseguia acreditar. Mas, a primeira coisa que falei para a Luisa foi “as últimas serão as primeiras’”, contou Laura. “Sempre acreditamos. A gente merecia, jogamos muito bem.”
Luisa mora nos Estados Unidos e Laura, na Espanha. Elas não jogam juntas e só foram ganhando entrosamento durante as partidas no Japão. Atual número 23 do mundo nas duplas, Luisa é a melhor atleta ranqueada do Brasil desde que o sistema da WTA foi criado, em 1975. Ela só começou a competir no circuito profissional em 2018, já com 21 anos, após jogar o circuito universitário dos EUA.
Neste sábado, Luisa e Laura não começaram o jogo bem e permitiram que a dupla russa vencesse os três primeiros games. Com um ritmo muito forte apesar do calor intenso e mais agressividade, Veronika Kudermetova e Elena Vesnina dominaram o início do duelo com certa facilidade. Quando Luisa e Laura acertaram o jogo e começaram a reagir, já era tarde demais. Assim, a primeira parcial terminou em 6/4.
As brasileiras voltaram melhor para o segundo set e, com o mesmo poder de reação que já haviam apresentado nas rodadas anteriores, conseguiram assumir o controle da partida. Quebraram o serviço das adversárias e tiveram equilíbrio para manter a vantagem até fechar em 6/4.
No tie-break, porém, voltaram a repetir os erros do início do jogo e as russas abriram 7 a 2. Mas com uma virada impressionante e cheia de emoção, Luisa e Laura fecharam em 11 a 9 para escrever o mais belo e improvável capítulo da história do tênis brasileiro nos Jogos Olímpicos.
“É um sentimento de paz e felicidade pura. Atingimos um sonho. Passei o dia arrepiada de tanta emoção, tanta motivação e inspiração de todo mundo nos incentivando. A medalha vai ficar guardada no meu quarto para eu olhar para ela todos os dias“, disse Luisa.
Na campanha do bronze nos Jogos de Tóquio, a dupla estreou com vitória sobre as canadenses Gabriela Dabrowski e Sharon Fichman. Na sequência, superaram as checas Karolina Pliskova e Marketa Vondrousova. Nas quartas de final, elas venceram as americanas Bethanie Mattek-Sands e Jessica Pegula. Nas semifinais, no entanto, acabaram caindo diante das suíças Belinda Bencic e Viktorija Golubic. Foram, então, para a disputa do terceiro lugar com as russas Veronika Kudermetova e Elena Vesnina.
NOVOS PLANOS
Agora com a medalha olímpica, a dupla já faz planos. Luisa sonha em popularizar o tênis. “A visibilidade do tênis no Brasil é uma das nossas maiores conquistas. Chamo isso de motivação, que é tentar trazer mais meninas para o tênis. Quero ver o Brasil e o tênis crescerem.”
Já Laura espera alçar voos mais altos na sequência da carreira. “Eu posso jogar no topo do ranking mundial. Já joguei contra todas essas meninas no juvenil. Eu sabia que podia jogar de igual para igual com todo mundo.”
Luisa é a atual número 23 do mundo nas duplas. Ela é a melhor atleta ranqueada do Brasil desde que o sistema da WTA foi criado, em 1975. Laura é apenas a 188.ª colocada.
As brasileiras irão receber a medalha de bronze somente neste domingo após a final de duplas feminina marcada para as 3h da madrugada (horário de Brasília).