Ação popular quer barrar campanha ‘O Brasil não pode parar’ de Bolsonaro
Governo contratou, sem licitação, por R$ 4,9 milhões, agência de publicidade para defender a flexibilização do isolamento social
- Data: 27/03/2020 16:03
- Alterado: 27/03/2020 16:03
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Bolsonaro contrata
Crédito:Reprodução
O vereador de São Paulo, Caio Miranda (PSB) afirma que iniciativa contraria orientações da Organização Mundial da Saúde e do Ministério da Saúde emoveu ação popular contra a campanha ‘O Brasil não pode parar’, contratada sem licitação, por R$ 4,9 milhões, pelo governo Jair Bolsonaro, para defender a flexibilização do isolamento social. O processo está na Justiça Federal em Brasília.
A iniciativa é parte da estratégia montada pelo Palácio do Planalto para divulgar ações de combate ao novo coronavírus, ao lado de medidas que o presidente Jair Bolsonaro considera necessárias para a retomada econômica. Também há previsão de vídeos institucionais.
O parlamentar afirma à Justiça que, com a campanha, o governo estimula que ‘as pessoas saiam às ruas e voltem ao trabalho, contrariando orientações da Organização Mundial da Saúde e todas as políticas públicas desenvolvidas por Estado, Municípios, e pelo próprio Ministério da Saúde, através de seu Ministro Luiz Henrique Mandetta – manifestações essas que são fatos notórios’.
“Nada mais absurdo!”, escreve.
O parlamentar ainda lembra que ‘há um mês, quando o avanço da Covid-19 estava num estágio similar ao que vivemos hoje no Brasil, o prefeito de Milão, Giuseppe Sala, lançou uma campanha semelhante: “Milão não para” – e incentivava que os moradores da idade a retomar suas atividades mesmo com o avanço da doença’
“Muitos milaneses seguiram os apelos e saíram do isolamento. O resultado? Na Lombardia, região da Itália em que fica Milão, em 27 de fevereiro, na época da campanha, eram 250 os contaminados. Nesta sexta-feira, 27, são 34.889 casos confirmados, com 4.861 mortes”, diz.
O vereador ressalta que a ‘Itália se tornou o país com mais casos de mortes, e em nenhum outro lugar do país morreu tanta gente como na Lombardia’. “É justamente esse erro que esta ação pretende evitar”.
O prefeito de Milão, Giuseppe Sala, admitiu ter errado ao apoiar a campanha “Milão não para”, que pedia que a cidade não paralisasse suas atividades no início da pandemia de coronavírus na Itália.
Em 27 de fevereiro, a Itália havia registrado 14 mortes por Covid-19 e 528 casos confirmados de pessoas infectadas pelo novo coronavírus, quando o prefeito compartilhou o vídeo que dizia que Milão não devia parar.
Um mês depois, nesta sexta (27), o país registrou um recorde diário de mortes pela doença: foram 919 em 24 horas, segundo a agência de proteção civil. O país soma 9.134 mortes e, destas, 5.402 (59%) foram na Lombardia.