Quantidade de lixo gerado em SP cobriria a Av. Paulista com montanha de 175 metros

Capital paulista recicla apenas 0,3% dos resíduos orgânicos, que representam a terceira maior fonte de emissões de gases do efeito estufa

  • Data: 13/05/2021 13:05
  • Alterado: 13/05/2021 13:05
  • Autor: Redação
  • Fonte: Campanha São Paulo Composta, Cultiva
Quantidade de lixo gerado em SP cobriria a Av. Paulista com montanha de 175 metros

Crédito:Divulgação

Você está em:

A quantidade de resíduos sólidos gerada anualmente na cidade de São Paulo seria suficiente para cobrir toda a extensão da Avenida Paulista com uma montanha de lixo de 175 metros, mais alta do que qualquer um dos edifícios da via. Apenas em 2020, a cidade produziu 5,7 bilhões de quilos de resíduos sólidos, sendo que 98% foram enviados para aterros sanitários, ou seja, não são reciclados. O despejo desses resíduos nos aterros, de acordo com a Campanha São Paulo Composta, Cultiva, liderada pelo Instituto Pólis, representa a terceira maior fonte de emissões de gases do efeito estufa na capital. O tema ganha ainda mais relevância em 17/05, data que marca o Dia Internacional da Reciclagem.

Além do impacto ambiental, o descarte da quase totalidade dos resíduos gerados na cidade também causa despesas altíssimas. Em 2020, o serviço de gestão de resíduos sólidos, que inclui limpeza, coleta, transporte e manutenção de aterros, gerou uma despesa de R$2,26 bilhões aos cofres públicos municipais, o que correspondeu a 4,4% de todos os gastos da Prefeitura. Esse montante foi, ainda, superior à soma das despesas com habitação, segurança pública, cultura e gestão ambiental.

De acordo com especialistas da Campanha São Paulo Composta, Cultiva, 74% dos resíduos urbanos poderiam ser destinados à reciclagem. A maior fração entre os potencialmente recicláveis é a orgânica compostável (resíduos orgânicos), que representa 37% de todo o resíduo gerado e 48,4% dos de origem doméstica. Desta parte orgânica, apenas 0,3% são destinados à reciclagem, que é realizada por meio da compostagem.

Para Victor Argentino, especialista em gestão de resíduos sólidos orgânicos e economia circular e articulador da Campanha, o aumento da reciclagem da fração orgânica poderia diminuir o impacto ambiental e ainda contribuir para a cadeia produtiva da agricultura no município. “A não compostagem desses resíduos é um desperdício de uma rica matéria-prima que poderia voltar para o solo, aumentar a produtividade dos agricultores do Cinturão Verde da Região Metropolitana de São Paulo e promover a economia circular e inclusiva”, enfatiza o especialista.

Exemplos de como a compostagem promove a economia circular já existem na cidade. Um deles é Central de Compostagem de São Mateus, mantida pela Amlurb (Autoridade Municipal de Limpeza Urbana), que recicla os resíduos sólidos gerados em podas e feiras livres da cidade. Através da uma parceria com a Associação dos Agricultores da Zona Lesta (AAZL) o composto gerado na central é cedido aos agricultores associados.

“Dessa maneira o composto retorna à terra, às hortas e acabam se tornando alimentos novamente. É uma solução que dá um destino mais ecológico aos resíduos orgânicos, enriquece a produção e, por os alimentos produzido pelos associados serem comercializados principalmente em territórios periféricos, ajudamos a diminuir áreas de desertos alimentares na cidade”, relata Regiane Nigro, especialista em economia solidária e voluntária da AAZL.

Programa de Metas 2021 – 2024

Com o intuito de aumentar a reciclagem dos resíduos orgânicos e diminuir o impacto ambiental na capital paulista, a Campanha São Paulo Composta, Cultiva preparou uma série de propostas para compor o Programa de Metas da Gestão 2021-2024 da Prefeitura de São Paulo.

Uma das principais metas sugeridas é a implantação de um experimento com a coleta diferenciada de resíduos orgânicos domiciliares, assim como a ampliação da reciclagem de resíduos orgânicos urbanos gerados em feiras livres, podas, mercados públicos e sacolões públicos.

No momento, São Paulo conta com 5 pátios de compostagem com capacidade de reciclar 10 toneladas por dia. Como meta, a proposta incluída prevê a instalação de unidades de compostagem de larga escala, capazes de reciclar acima de 100 toneladas dia, em aterros desativados e ativos.

De acordo com Elisabeth Grimberg, coordenadora da Campanha São Paulo Composta, Cultiva pelo Instituto Pólis, com a mesma operação proposta, São Paulo ainda poderia incluir todos os resíduos orgânicos dos domicílios, podas, mercados e sacolões e mais 300 feiras livres no programa de reciclagem. Além disso, seria possível investir na coleta diferenciada desse tipo de resíduo nos domicílios. “Mas, para isso, além de unidades de compostagem maiores, é preciso instalar novas tecnologias e métodos de reciclagem mais eficientes”, explica.

As demais metas sugeridas estão disponíveis no site da São Paulo Composta, Cultiva .

Compartilhar:
1
Crédito:Divulgação
1
Crédito:Divulgação

  • Data: 13/05/2021 01:05
  • Alterado:13/05/2021 13:05
  • Autor: Redação
  • Fonte: Campanha São Paulo Composta, Cultiva









Copyright © 2024 - Portal ABC do ABC - Todos os direitos reservados