FILA DA COVID: Cidades do interior de SP registram 88 mortes na fila por leito
Ribeirão Pires, Taboão da Serra e Franco da Rocha registram o maior número de mortos. A maioria é de idosos, mas também há vítimas jovens. A demanda por leitos cresce a cada dia
- Data: 17/03/2021 10:03
- Alterado: 17/03/2021 10:03
- Autor: Alex Faria
- Fonte: ABCdoABC
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Em todo o Estado de São Paulo os hospitais estão perto do limite ou não tem mais leitos para pacientes de Covid-19, tanto na rede pública ou na privada. A maioria tem taxas de ocupação de UTIs entre 91% e 100%. A taxa de lotação de UTIs no Estado é de 89,9%. A população mais jovem, que se considerava imune à doença, começa a participar dos índices de pacientes graves e engrossar a lista de óbitos. Hospitais observaram um crescimento de internações de crianças e adolescentes por Covid-19.
Por mais que a gestão João Doria (PSDB) endureça as medidas restritivas, ampliando o fechamento do comércio, vetando as aulas presenciais, cultos religiosos e partidas de futebol e abrindo mais leitos e unidades de campanha procurando evitar o colapso do sistema de saúde, as medidas não são suficientes para as pessoas que precisam de tratamento.
IRRESPONSABILIDADE, IGNORÂNCIA OU MALDADE?
Não é hora de festas, bailes, aglomerações ou de reunião familiar
Muitos adolescentes, juntamente com os jovens e até muitos adultos vêm se arriscando em aglomerações em encontros com amigos e festas clandestinas. Manter o isolamento para frear a onda de transmissão do vírus é uma das principais medidas de controle da doença enquanto a vacina não vem. O isolamento, quase uma reclusão, determinado pelo sistema de Saúde, aponta que os jovens (+de 50%) relatam alterações de humor, piora na saúde e adoção de hábitos alimentares não saudáveis de acordo com estudo coordenado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Os produtores das festas só pensam no lucro; devem ser tratados como criminosos que é o que eles são.
Somente no Rio Grande do Sul, Mais de 30 festas clandestinas são interrompidas neste fim de semana na Operação Te Cuida RS. Para o secretário de Segurança Pública e vice-governador do Rio Grande do Sul, Ranolfo Vieira Júnior, a conscientização da população é fundamental para frear o processo de crescimento da doença. “A gente vê todos os dias pessoas que negam a gravidade da doença. Nesse ponto da pandemia, todas as pessoas, praticamente, têm alguém conhecido, alguém próximo, que já foi vítima da Covid-19. Isso também deveria servir de estímulo ao seguimento dos protocolos sanitários, que não tenho dúvida são fundamentais“.
ENQUANTO ISSO …
A média móvel de internações desta semana em São Paulo (que é parcial e reúne dados de domingo a terça) é a maior já registrada na pandemia, com 2.790 novas hospitalizações por dia, enquanto a média nunca passou da barreira dos 2 mil no ano passado.
Municípios com a Saúde mais estruturada já não conseguem mais atender seus próprios munícipes e cidades menores dependem de hospitais de referência regionais para pacientes graves, cuja transferência é regulada pela Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde (Cross).
A FILA AUMENTA
O governo Estadual, responsável pela CROSS, afirma ter reforçado a estrutura, mas com o crescimento exponencial da demanda, a demora de seis, sete dias por uma vaga é a atual realidade. Cidades têm adaptado leitos clínicos para uma estrutura “semi-intensiva”, com respirador e apoio de fisioterapeuta, procurando prolongar a vida dos pacientes. Por mais que os prefeitos administrem as dificuldades, a solução está distante. Em diadema, três pacientes entre 54 e 75 anos não resistiram enquanto aguardavam vaga de enfermaria, e outros dois, de 76 e 80 anos, morreram na fila por UTI, nesta semana. Em Taboão, homens de 46 e 52 anos estão entre os 14 que morreram na fila por UTI. E os fatos se repetem pelas cidades paulistas.