Jorge Mautner faz shows de lançamento de novo álbum
O cantor lança seu primeiro álbum de estúdio em 13 anos
- Data: 23/05/2019 10:05
- Alterado: 23/05/2019 10:05
- Fonte: ABCdoABC
Crédito:Rodilei Morais/ABCdoABC
O cantor e compositor Jorge Mautner fez nos dias 1 e 2 de maio os shows de lançamento de seu novo álbum, “Não Há Abismo em que o Brasil Caiba”. O disco é o primeiro trabalho autoral do músico desde 2006, sucedendo “Revirão”. As apresentações aconteceram no teatro do Sesc 24 de Maio.
“Não Há Abismo em que o Brasil Caiba” remete a frase do filósofo português Agostinho da Silva que data da época da presidência de Fernando Collor. As letras tratam de questões atuais sobre educação, violência e política. A mais explícita expressão disso é a faixa “Marielle Franco”, que homenageia a vereadora carioca e seu motorista Anderson Gomes, assassinados em março do ano passado. “É preciso exterminar a doença mental, física e assassina do racismo, do anti-feminismo e do neonazismo”, canta o carioca acompanhado da voz de Ana Lomelino.
Ana integra o grupo Tono juntamente com Rafael Rocha (bateria), Bruno di Lullo (baixo) e Bem Gil (guitarra), filho do parceiro de longa data de Jorge, Gilberto Gil. Presentes também na gravação do disco, todos os membros da banda assumem o vocal em algum momento da performance.
Apesar do título pessimista do álbum, Mautner faz um show bem-humorado um show contando diversas histórias e piadas. Músicas como “Bloco da Preta Gil”, “Babá de Babá” e “Maracatu Atômico”, gravada também por Gil e grande sucesso na interpretação de Nação Zumbi, garantem o clima animado.
Jorge é um retrato da diversidade cultural e do sincretismo religioso presentes no Brasil. Filho de judeus refugiados do Holocausto, o artista foi criado no Rio de Janeiro entre o catolicismo e o candomblé. Além de músico, Jorge é escritor e tradutor. Seus primeiros trabalhos datam do final da década de 50 ao início da década de 60, como a canção “O Vampiro” e o livro “Deus da chuva e da morte”.
Durante sua longa carreira, Mautner colaborou com músicos como Nelson Jacobina e Gilberto Gil. Ainda que não tenha ganhado a mesma fama que alguns de seus contemporâneos, é considerado como um mestre pelo próprio Gil e Caetano Veloso.