Trump e Bolsonaro se encontram na Flórida: Venezuela e comércio na pauta
Em jantar com Bolsonaro, Trump diz que 'não faz promessas' sobre tarifas de produtos brasileiros; Viagem oficial terá assinatura de acordos bilaterais nos setores de defesa e comercial
- Data: 08/03/2020 09:03
- Alterado: 08/03/2020 09:03
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Mar a Lago - Flórida, 07/03/2020) Donald Trump recebe a visita do Senhor Presidente da República Jair Bolsonaro em visita oficial aos EUA Foto: Alan Santos/PR
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O presidente Jair Bolsonaro se reuniu, na noite deste sábado, com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no resort de Mar-a-Lago, em Miami, para um jantar.
A crise na Venezuela e os interesses econômicos dos dois países são os temas que as autoridades americanas pretendem tratar no encontro, segundo fontes do alto escalão do governo dos EUA.
Logo na chegada, Trump fez uma aparição de um minuto do lado de fora do resort para posar com Bolsonaro frente às câmeras. “Ele está fazendo um grande trabalho. O Brasil o ama, e os EUA o amam”, afirmou o presidente americano.
Em um rápido questionamento de jornalistas se poderia impor tarifas a produtos brasileiros, como ameaçou fazer em dezembro, Trump destacou a amizade e o bom relacionamento com o Brasil, mas afirmou: “Eu não faço promessas”.
O Planalto divulgou um trecho do encontro no qual Trump diz a Bolsonaro que “deu um grande presente” ao brasileiro ao não cobrar tarifas (sobre o aço). “Isso o tornou muito mais popular”, disse Trump.
Trump foi então questionado por jornalistas se poderia impor tarifas a produtos brasileiros, como o aço, como ameaçou fazer em dezembro.
“Temos uma ótima relação. Nós sempre ajudamos o Brasil. A amizade é provavelmente mais forte agora do que nunca”, disse Trump. Jornalistas insistiram: “então não haverá mais tarifas?”, e Trump respondeu: “eu não faço promessas”.
O americano então respondeu a uma pergunta sobre o avanço do coronavírus e encerrou o pronunciamento. Bolsonaro não respondeu perguntas.
O jantar aconteceu em um restaurante aberto em Mar-a-Lago, sem área reservada para os dois presidentes, e outros convidados sentados em mesas ao redor.
Na mesa, do lado brasileiro, estavam os ministros Ernesto Araujo (MRE), general Augusto Heleno (GSI); Fernando de Azevedo Silva (Defesa); o embaixador do Brasil nos EUA Nestor Forster; e o deputado Eduardo Bolsonaro.
A imprensa foi levada para fazer imagens da mesa de jantar, onde Trump novamente elogiou Bolsonaro: “ele é um homem sensacional”.
“É uma grande honra ter o presidente do Brasil conosco. Ele é um homem sensacional, está fazendo um ótimo trabalho. nossa relação nunca foi mais próxima. E é muito bom tê-lo aqui”, disse.
O presidente Jair Bolsonaro disse estar “muito feliz” de estar no encontro. “É uma honra pra mim e pro meu país. Eu tenho certeza que num futuro próximo é muito bom contar com um bom relacionamento”.
Esta é a quarta visita de Bolsonaro aos Estados Unidos em um ano e também o quarto encontro com Trump, por quem o brasileiro deixa claro que tem admiração.
Os dois já se encontraram antes na Casa Branca, em março do ano passado; em junho durante reunião do G-20 em Osaka, no Japão; e em Nova York em setembro, na ocasião da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas.
O “jantar de trabalho”, como é definido o encontro pela Casa Branca, foi acertado na última semana, quando Trump confirmou que passaria o sábado e domingo em Mar-a-Lago.
A residência no resort é um local de descanso do americano. Bolsonaro já estaria na Flórida para uma viagem na qual pretende encontrar empresários e a comunidade brasileira que vive em Miami. No segundo turno das eleições de 2018, 90% dos brasileiros em Miami votaram em Bolsonaro.
Segundo autoridades do governo americano, Trump quer tratar da situação na Venezuela durante o jantar. O governo Trump vem impondo uma série de sanções aos aliados de Nicolás Maduro, numa estratégia que o governo define como “pressão máxima”, e conta com o alinhamento com Brasil e Colômbia sobre a estratégia para tentar forçar a derrubada do regime chavista.
O governo americano deve anunciar nos próximos dias mais medidas de pressão a Maduro, segundo fontes do governo americano.
O Brasil vem tentando abrir caminho para negociar um acordo comercial abrangente com os americanos. Integrantes do governo americano afirmam que há “clara vontade política” de Trump em avançar no assunto e que temas econômicos serão discutidos, sem perspectiva de anúncios de medidas concretas.