Campus Sorocaba da UFSCar produz álcool em gel e glicerinado para doação
Objetivo é auxiliar profissionais da Saúde envolvidos no combate à pandemia de Covid-19
- Data: 17/04/2020 09:04
- Alterado: 17/04/2020 09:04
- Autor: Redação
- Fonte: UFSCar
Prof. Fábio e aluna Cintia Requião de Lima durante produção de álcool na UFSCar
Crédito:Divulgação
Um equipe conduzida por docentes do Departamento de Biologia (DBio-So) do Campus Sorocaba da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) está produzindo álcool em gel e álcool glicerinado, para doação a profissionais da Saúde envolvidos no combate à pandemia do Coronavírus. O trabalho conta com doações de insumos e frascos bem como com a ajuda de estudantes voluntários.
A iniciativa é do Laboratório de Fisiologia da Conservação (LaFisC), coordenado por Monica Jones Costa, e do Laboratório de Biologia Estrutural e Funcional (LABEF), coordenado por Fábio Camargo Abdalla, ambos docentes do DBio-So, e tem ampla colaboração de estudantes, por meio de articulação do Diretório Central dos Estudantes (DCE). Ao todo, 13 pessoas integram diretamente a equipe que atua em laboratório e no apoio logístico. O trabalho é realizado nas instalações dos laboratórios envolvidos na ação, além do Laboratório Didático de Fisiologia do DBio-So.
Os professores Fábio Abdalla e Monica Jones contam que a ideia surgiu quando pensavam em formas de ajudar no combate à pandemia de Coronavírus. “Pensamos que tínhamos laboratórios e conhecimento para produzir álcool em gel e álcool glicerinado. Além disso, muitos laboratórios científicos da UFSCar poderiam possuir insumos, como luvas, máscaras etc. Então elaboramos uma página no Facebook para captação de possíveis EPIs [equipamentos de proteção individual]”, diz Abdalla. A ação ganhou o nome de Coalizão de Laboratórios para Doações de EPI (https://bit.ly/2RFVOHh).
Segundo o professor, o álcool em gel mata o vírus, porém, precisa estar com concentração entre 65% e 70%. “Concentrações abaixo ou acima dessas não têm efetividade. É errado pensar que quanto mais ‘forte’ o álcool, melhor. O álcool 96% e o abaixo de 65%, por exemplo, não matam o vírus. Já na concentração correta [70%], o álcool destrói o ‘invólucro’ do vírus e seu material genético – RNA – é degrado instantaneamente”, explica o docente, lembrando que lavar as mãos com sabão, sabonete ou detergente, da maneira correta, por 20 segundos, produz o mesmo efeito.
Para a realização do trabalho, um dos cuidados é manter o isolamento e a segurança dos envolvidos. Para isso, o aluno do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, Raul Wallace Amorim Carvalho, integrante do DCE, é responsável por escalar estudantes voluntários, que estão isolados dos seus familiares e alojados na vila universitária, próxima ao Campus Sorocaba, o que dispensa o deslocamento por transporte público. A equipe também conta com a colaboração de um mestrando do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia e Monitoramento Ambiental (PPGBMA-So) da UFSCar e um egresso do mesmo Programa, graduado em Farmácia, que orienta os procedimentos para que sejam seguidos à risca os protocolos da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Produção de álcool
A ação no Campus Sorocaba da UFSCar visa à produção de dois tipos de álcool: em gel e glicerinado. “O álcool glicerinado, além de matar o vírus, também é um bactericida. Basicamente as etapas de produção incluem a realização da mistura de álcool 70%, com adição de peróxido de hidrogênio – bactericida que elimina até os esporos de bactérias – e glicerol ou glicerina [umectante], muito utilizado por profissionais da Saúde para desinfecção das mãos e equipamentos”, detalha Abdalla.
O álcool em gel, por sua vez, também é preparado à base de etanol 70% e glicerol, mas com a adição do agente polimerizante carbopol, que faz a transformação do álcool líquido em gel, explica Jones. Segundo ela, o carbopol está em falta no mercado mas o grupo conseguiu uma doação suficiente para o preparo de 51 litros de álcool em gel. “O álcool restante será destinado à produção do álcool glicerinado, que não requer este componente”, afirma.
Os pesquisadores estão seguindo o protocolo da OMS, com controle de qualidade inicial e final. Entre essas recomendações, o álcool glicerinado é estocado em recipientes usados, desinfetados com detergente e hipoclorito de sódio a 1%. “O álcool glicerinado é amplamente utilizado em situações de epidemia nas quais os recursos são escassos e é um bactericida. Porém temos que esperar 72 horas para poder distribui-lo, tempo recomendado pela OMS para eliminar qualquer esporo de bactéria dentro do recipiente”, esclarece Abdalla.
“Já o álcool em gel é extremamente eficiente para a higienização pessoal e desinfecção de fômites como EPIs ou quaisquer superfícies passíveis de contaminação pelo Coronavírus. Tendo em vista a necessidade dos serviços de Saúde deste item imprescindível à proteção dos profissionais da área, o álcool em gel produzido será fracionado em recipientes de 100 ml para sua distribuição”, diz Jones.
Arrecadação de frascos e insumos
A iniciativa da Universidade não conta com financiamento e, portanto, depende de doações. O álcool 70% será doado pela Usina J. Pilon Açúcar e Álcool, do município de Cerquilho (SP), e o glicerol pela NCH Brasil de Sorocaba, empresa de produtos e serviços de manutenção industrial e comercial. Parte dos recipientes necessários foi doada pela empresa Henri Plast.
A produção já foi iniciada em pequena escala. Porém, a equipe aguarda o recebimento dos insumos para aumentar a produtividade e realizar as entregas as profissionais da Saúde. No momento, são solicitadas doações de peróxido de hidrogênio PA (35%) e carbopol, além de frascos de plástico ou vidro, de preferência novos, de 100 ml e 500 ml.
Os interessados em contribuir podem entrar em contato com Fabio Abdalla, pelo e-mail [email protected], ou com Monica Jones, pelo e-mail [email protected], e também pela página do Facebook Coalizão de Laboratórios para Doações de EPI (https://bit.ly/2RFVOHh).