Butantã inicia produção da Coronavac; 11 Estados firmaram contrato para comprar a vacina
Produção do imunizante contra covid-19 será feita '24 horas por dia e sete dias por semana'; resultados de eficácia ainda não foram apresentados pelo Instituto
- Data: 10/12/2020 13:12
- Alterado: 22/08/2023 22:08
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Butantã inicia produção da vacina contra covid-19
Crédito:Reprodução
O governador João Doria (PSDB) anunciou nesta quinta-feira, 10, o início da produção nacional da vacina Coronavac, desenvolvida em parceria entre o Instituto Butantã e a farmacêutica chinesa Sinovac. De acordo com ele, 11 Estados já firmaram a compra do imunizante e o instituto começou a produzí-lo na noite dessa quarta-feira, 9. Os resultados de eficácia ainda não foram apresentados à Anvisa, e o governo manteve a previsão de que eles sejam concluídos até o próximo dia 15. Foram contratados 120 técnicos para auxiliar na produção da vacina, que será feita “24 horas por dia e 7 dias por semana”, aumentando sua capacidade de produção para 1 milhão de doses por dia.
Os Estados que firmaram compra da Coronavac são Acre, Pará, Maranhão, Roraima, Piauí, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Rio Grande do Norte, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Sul. Ao todo, 276 municípios já formalizaram o interesse na compra do imunizante e, de acordo com Dimas Covas, presidente do Instituto Butantã, outros 912 também já manifestaram intenção de aquisição, que “deve ser formalizada nos próximos dias”.
“Não tem sentido qualquer outra alternativa”, afirmou Dimas. “Basta me ligar e eu prontamente colocarei as vacinas à disposição do Ministério da Saúde“. “Por que iniciar a vacinação em março, como foi anunciado pelo Ministério da Saúde, se podemos iniciar em janeiro, de forma segura e eficiente?”, complementou Doria, fazendo referência ao calendário de imunização apresentado pelo Ministério da Saúde na semana anterior. Doria afirmou que ainda não recebeu nenhuma comunicação formal do Ministério da Saúde sobre um eventual interesse do governo federal em comprar doses da vacina do Butantã, embora o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, tenha dito que ela pode ser incorporada se tiver o registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Desejamos uma manifestação clara, escrita, que a vacina Coronavac fará parte do Programa Nacional de Imunização”, afirmou o governador.
Dimas disse que o Butantã tentará, junto à Anvisa, os dois caminhos possíveis para registro da Coronavac. “Brevemente teremos os resultados da fase 3 (eficácia). Submeteremos tanto pelo rito normal quanto pelo uso emergencial.” Ele não descartou a possibilidade de pedir liberação excepcional a partir da aprovação do imunizante em outras agências regulatórias com base na lei federal 13.979, que autoriza a importação de produtos e insumos sem registro no País, contanto que eles tenham licença nos Estados Unidos, Europa, Japão ou China.
“Paralelamente (à submissão na Anvisa), os resultados serão submetidos à agência chinesa. É possivel que lá saia muito rapidamente, ainda neste ano. Isso nos remete a outra lei. Isso acontecendo, a Anvisa tem que se manifestar em 72 horas. Esse é o caminho alternativo. O ideal seria pelo rito normal ou uso emergencial”, explicou. Dimas também disse ter oferecido 100 milhões de doses da Coronavac ao Ministério da Saúde para serem entregues até maio, além de 40 milhões a outros países. Ele afirmou ter já recebido manifestações de interesse de vários países da América Latina, como Argentina, Peru e Uruguai.
Na segunda, Doria já havia afirmado que o Estado pretende começar o plano de imunização em 25 de janeiro. Horas após o anúncio de Doria na última segunda, a Anvisa afirmou, em nota, que só libera o uso da vacina após a análise de documentos, como os de dados de “fase 3” da pesquisa. “Nenhuma das quatro vacinas em desenvolvimento no Brasil apresentou protocolo de registro. Portanto nenhuma das quatro tem aval para uso amplo neste momento”, disse o presidente Antônio Barra Torres, em entrevista à Jovem Pan.
Após passar pela Anvisa, a vacina ainda precisa receber um preço, o que é definido pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED). A análise desse órgão leva até 90 dias, em casos normais, mas a expectativa é de encurtar a análise para as vacinas contra a covid-19.
Na terça, João Doria e o ministro da Saúde se desentenderam durante uma reunião, após o governador cobrar uma posição da pasta em relação à compra da Coronavac. Em paralelo, especialistas ouvidos pelo Estadão afirmam que é possível distribuir a vacina, desde que ela seja aprovada por pelo menos uma de quatro agências reguladoras internacionais, graças a uma lei federal aprovada no início da pandemia.
Em novembro, um estudo divulgado na revista Lancet Infectious Diseases já havia atestado que a Coronavac produziu anticorpos em 97% dos voluntários, 28 dias após a sua aplicação. No Brasil, a vacina é testada em 13 mil voluntários espalhados por 16 centros de pesquisa de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal.