Ex-presidente da República, Marco Maciel, morre aos 80 anos por complicações pós-Covid-19

Natural de Recife (PE), Maciel foi deputado, governador, senador, ministro-chefe da Presidência da República e vice-presidente da República na era FHC. E também escritor!

  • Data: 12/06/2021 11:06
  • Alterado: 12/06/2021 11:06
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo/CNN Brasil
Ex-presidente da República, Marco Maciel, morre aos 80 anos por complicações pós-Covid-19

Marco Maciel

Crédito:Reprodução

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O ex-vice-presidente da República, Marco Maciel, faleceu nesta madrugada, 12, aos 80 anos, em Brasília, de acordo com nota divulgada pelo presidente do Democratas, Antonio Carlos Magalhães Neto. Segundo o genro do político, Joel Braga, Maciel morreu por complicações pós-Covid-19. A CNN Brasil informou que “Maciel teve a doença em março, chegou a ter alta, mas voltou a ser hospitalizado e teve infecção generalizada. Ele também sofria de Alzheimer desde 2014”. “O velório do ex-vice-presidente será no Salão Negro do Senado Federal, das 14h30 às 16h30 deste sábado, e o enterro, às 17h, no cemitério Campo da Esperança, em Brasília, de acordo com o familiar do político. As cerimônias serão restritas a familiares. Ele deixa mulher e três filhos”, informa a publicação

ACM Neto e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, que são do mesmo partido, enfatizaram nesta manhã a postura íntegra de Maciel durante sua vida política.

ACM lamentou a morte do ex-vice-presidente, um dos fundadores do Democratas. “Marco Maciel foi um dos mais importantes quadros do nosso partido. Com sua exemplar atuação na vida pública, escreveu uma história irretocável de dedicação ao nosso país“, escreveu. “Foi uma liderança capaz de motivar políticos de todas as idades.”

Caiado também enfatizou o perfil conciliador do ex-vice-presidente. Natural de Recife (PE), o advogado e professor foi deputado, governador de Pernambuco, senador, ministro-chefe do Gabinete Civil da Presidência da República e vice-presidente da República de 1995 a 2003.

Pelas contas do governador, Maciel assumiu a presidência da República 87 vezes nos oito anos em que foi vice de Fernando Henrique Cardoso. “Considerado um artífice do entendimento, construiu sua trajetória como o homem da conciliação, com contribuições decisivas para o processo histórico brasileiro, ao atuar na linha de frente que resultou no fortalecimento da democracia”, enfatizou em nota enviada à imprensa. “Pai de família e líder de princípios sólidos, fez da política a arte da construção ao abrir infinitas portas para o diálogo e o ordenamento institucional.”

Para Caiado, Maciel era uma unanimidade política. “Era um verdadeiro estadista, cuja biografia deve servir como exemplo para o Brasil, especialmente neste momento tão tristemente marcado pelo acirramento ideológico e pela cega confrontação”, salientou. O Democratas, continuou o governador, perde um ícone. “Seu legado para os mais jovens, para a sociedade e para o Brasil é imensurável. E eu tive a honra de ser seu amigo, de tê-lo como um grande líder, professor e conselheiro.”

BIOGRAFIA

Marco Antônio De Oliveira Maciel nasceu em 21 de julho de 1940, em Recife, Pernambuco. Seguindo o exemplo do pai, José do Rego Maciel, o advogado pernambucano enveredou no mundo político, sempre próximo do poder. 

Egresso da Universidade Federal de Pernambuco, Marco Maciel formou-se em direito e chegou a advogar pouco antes de se filiar ao partido ARENA. Ao longo de sua carreira, foi deputado estadual, federal, senador e governador do Estado de Pernambuco, além do posto de vice-presidente do Brasil.

Em 1967, na Câmara Estadual de Pernambuco, Maciel foi eleito pelo partido ARENA ao seu primeiro mandato como parlamentar. Quatro anos depois, em 1971, o advogado chegou à Câmara Federal, onde atuou por dois mandatos, até 1979. Na casa legislativa, após sua reeleição, o deputado se tornou presidente.

À frente da chefia do Poder Legislativo, participou de momentos políticos e históricos delicados para o País, como no episódio do fechamento do Congresso pelo então presidente Ernesto Geisel, em 1977, caso que ficou conhecido como o Pacote de Abril. À época, Maciel presidia a Câmara dos Deputados.

No fim do segundo período como congressista, Maciel retornou à política de seu Estado natal, concorrendo e sendo eleito governador. Em 1979 ele assumiu a chefia do Poder Executivo pernambucano. De volta ao cenário nacional, durante o governo do presidente José Sarney, o advogado chefiou os ministérios da Educação e a Casa Civil. No Senado, sua primeira passagem se deu entre os anos de 1983 a 1995, momento em que foi líder do governo do presidente Fernando Collor.

No período de maior destaque da sua carreira política, Maciel foi eleito vice-presidente pelo PFL -hoje atual Democratas- por dois mandatos ao lado do presidente Fernando Henrique Cardoso, de 1995 a 2003.  Em 2017, o político teve sua história registrada em livro, com a biografia Marco Maciel: um artífice do entendimento (Editora Cepe), escrita pelo jornalista Angelo Castelo Branco. Marco Maciel teve sua carreira marcada pela descrição e pela habilidade como articulador político. Por conta do seu perfil, o presidente Fernando Henrique o classificava como o “vice dos sonhos”.

Ao fim de sua passagem pela presidência, em 2002, Maciel concorreu novamente ao Senado, se elegendo como senador pelo Estado de Pernambuco, onde permaneceu até 2011, seu último cargo eletivo.

LITERATURA

Fora do cenário político, o vice-presidente também atuava na literatura. Em 18 de dezembro de 2003, Marco Maciel foi eleito o oitavo ocupante da Cadeira nº 39 da Academia Brasileira de Letras (ABL), como sucessor de Roberto Marinho. O integrante foi empossado em 3 de maio de 2004.

Em seu discurso de posse, o advogado destacou o que chamou de “ufanismo pernambucano” e agradeceu a oportunidade de se sentar ao lado de outros imortais. “Ao cumprir o rito de entrada, passo a desfrutar da honra de sentar-me entre vós. Esta Casa desde seu nascimento mantém-se fiel aos elevados propósitos de guardar “a cultura da língua e da literatura nacional”, conservar a tradição sem abandonar-se à rotina, viver imersa na história das transformações que se operam no Brasil e no mundo“, discursou o político e escritor autor de oito livros publicados.

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  • Data: 12/06/2021 11:06
  • Alterado:12/06/2021 11:06
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo/CNN Brasil









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