Rivais têm táticas distintas para vices em SP
Os candidatos à Prefeitura de São Paulo Bruno Covas (PSDB) e Guilherme Boulos (PSOL) têm táticas distintas para seus vices
- Data: 18/11/2020 16:11
- Alterado: 18/11/2020 16:11
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Vice de Boulos
Crédito:Luis Macedo/Câmara dos Deputados/Reprodução Youtube
Enquanto o vereador Ricardo Nunes (MDB) é deixado de lado nas propagandas de TV e no material de campanha de Covas, a deputada federal Luiza Erundina (PSOL) é aparição constante nas agendas públicas de Boulos.
O PSOL pretende dar protagonismo aos candidatos a vice-prefeito no segundo turno. O partido vai intensificar o uso da imagem de Erundina, principalmente na periferia. O objetivo é usar as realizações do mandato de Erundina, entre 1989 e 1993, como os mutirões da casa própria e construção de seis hospitais para reforçar o vínculo de Boulos com essa parcela da população. A zona eleitoral em que o candidato teve mais votos foi Pinheiros, na zona oeste. Buscar apoio na periferia é visto como importante para aumentar a votação.
Em outra frente, a campanha deve explorar as suspeitas envolvendo Nunes e a influência do governador João Doria na sua escolha para atacar Covas (PSDB). A forma como isso será feito ainda não foi detalhado pelos responsáveis pela comunicação da campanha do PSOL. Já se sabe que questões pessoais não serão mencionadas. Nesta terça, 17, apoiadores de Boulos – sem ligação oficial com a campanha – já começaram a usar as suspeitas de envolvimento de Nunes em irregularidades no aluguel de creches conveniadas à Prefeitura de São Paulo.
Em 26 de outubro, o Estadão mostrou que uma empresa da família de Nunes recebeu R$ 50 mil de creches conveniadas com a Prefeitura, para prestação de serviços sem licitação no ano passado. As creches são dirigidas por aliados políticos do candidato, que é vereador desde 2012. Segundo o jornal Valor Econômico, a Promotoria de Justiça do Patrimônio Público investiga Nunes e os vereadores Rodrigo Goulart (PSD) e Senival Moura (PT) por suspeita de superfaturamento no aluguel de creches para a Prefeitura.
Nunes não tem o mesmo protagonismo de Erundina. Indicado pelo MDB, que detém o maior tempo de TV no horário eleitoral gratuito até tem aparecido nas agendas eleitorais, mas não é destaque nos comerciais de TV e rádio ou nos materiais gráficos e virtuais da campanha. “Nessa prática do ódio do PSOL eles estão explorando o nada. Estão usando um instrumento sem sentido”, disse o vereador emedebista. Sobre o destaque de Erundina na campanha de Boulos, o candidato a vice de Covas disse que a presença dela é para compensar a falta de experiência do candidato.
Durante a apuração no 1° turno, Nunes foi um dos primeiros a chegar ao diretório estadual do PSDB, mas na hora da coletiva optou por não ficar diante das câmeras ao lado do candidato e do governador João Doria (PSDB). Segundo o coordenador da campanha de Covas, Wilson Pedroso, a estratégia de usar Nunes para atacar Covas não pegou no primeiro turno.
Sempre que questionado sobre as denúncias contra o vice, Covas faz uma defesa enfática do companheiro de chapa. “Nunes já está no seu oitavo ano de mandato, não responde a nenhum processo judicial, não há nenhuma denúncia que ele responda no Judiciário durante essa nossa gestão nós economizamos R$ 7,7 mi por mês por conta da revisão de aluguéis, não há nada que descredencia o trabalho do Ricardo Nunes”, disse Covas, após o fechamento das urnas.
Russomanno apoia tucano; PT formaliza aliança com PSOL
Quarto colocado na eleição de domingo, Celso Russomanno (Republicanos) declarou ontem apoio ao prefeito Bruno Covas (PSDB) no segundo turno. Em nota que assina com a direção municipal do partido, ele diz que “entende que moderação e equilíbrio são fundamentais para que a cidade possa avançar” e que Covas “é a pessoa mais preparada para isso”. O ex-tucano Andrea Matarazzo (PSD), que terminou em oitavo, também disse que votará em Covas. Seu partido, porém, não definiu posição.
O candidato do PSOL, Guilherme Boulos, recebeu ontem o apoio formal do PT. Ele disse que os partidos e movimentos sociais de esquerda terão espaço em seu governo caso ganhe a eleição. A declaração foi dada após reunião para decidir a participação do partido de Jilmar Tatto na campanha. O PSOL espera decisões do PDT, Rede, PSB e PCdoB – Orlando Silva já declarou apoio. A cúpula do PDT também defende adesão à campanha, mas ainda espera decisão do PSB, legenda com a qual se coligou. A ideia do PSOL é dar um caráter de frente à campanha. Petistas sugeriram o nome “Movimento Agora é Boulos”.