Ator Luis Gustavo, o eterno Vavá, morre aos 87 anos

Cássio Gabus Mendes informou pelo Instagram a notícia: "Informo que meu querido Tatá faleceu hoje, vítima de câncer. Descanse na luz e na paz! Obrigado por tudo, meu amado tio"

  • Data: 20/09/2021 07:09
  • Alterado: 20/09/2021 07:09
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo
Ator Luis Gustavo, o eterno Vavá, morre aos 87 anos

Crédito:Divulgação

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O ator da Globo, Luis Gustavo Sánchez Blanco, morreu aos 87 anos neste domingo (19). Ele estava em Itatiba cuidando de um câncer no intestino desde 2018. Em nota, a TV Globo lamentou a morte do ator e afirmou que “Luis Gustavo Blanco merece um capítulo especial na história da televisão“. Um de seus personagens, o atrapalhado detetive Mário Fofoca, da novela “Elas por Elas”, de 1982, perpetuou seu trabalho na Rede Globo, com a continuidade do personagem no filme “As Aventuras de Mário Fofoca”, também de 1982, e no remake da novela “Ti Ti Ti”, de 2010. Sua estreia na Tela da Rede Globo aconteceu em 1976, na novela “Anjo Mau” quando interpretou o playboy Ricardo, irmão do protagonista Rodrigo, interpretado por José Wilker.

Carreira e vida

Luis Gustavo tinha como trabalhos de destaque mais recentes participações em Malhação, em 2012, e no seriado As Cariocas: A Invejosa de Ipanema, de 2010.

O ator era casado com Cris Botelho e pai de Luis Gustavo Vidal Blanco (que tinha como mãe Heloísa Vidal) e Jéssica Vignolli Blanco (fruto do casamento do ator com a atriz Desireé Vignoll).

Ele deixa também a neta Marina Hoagland Blanco Buzzone e os sobrinhos Tato Gabus Mendes e Cássio Gabus Mendes.

Luis Gustavo é de 2 de fevereiro de 1934. Ele nasceu na cidade de Gotemburgo, Suécia, e seus pais espanhóis chegaram ao Brasil quando o ator era ainda criança.

No início da carreira, ele tornou-se assistente de direção de programas como o teleteatro TV de Vanguarda. Sua primeira novela foi Se o Mar Contasse, de Ivani Ribeiro, na TV Tupi, em 1964, e logo atuaria também nas novelas O Sorriso de Helena, O Direito de Nascer, O Amor Tem Cara de Mulher, Estrelas no Chão e Beto Rockfeller.

Na TV Globo, alguns dos maiores sucessos vieram com o costureiro Ariclenes Almeida / Victor Valentin na novela Ti Ti Ti, o músico cego Léo em Te Contei? e o playboy Ricardo em Anjo Mau, todas de Cassiano Gabus Mendes.

Mas, talvez, o sucesso mais recente, e o que o tornará lembrado por muitas pessoas, é o personagem Vanderlei Mathias, o Vavá, do extinto programa humorístico Sai de Baixo.

Na TV Globo, Luis Gustavo tinha como trabalhos de destaque mais recentes participações em Malhação, em 2012, e no seriado As Cariocas: A Invejosa de Ipanema, de 2010.

REPERCUSSÃO

O ator Miguel Falabella, com quem contracenou durante anos em Sai de Baixo, publicou um texto emocionado: “Meu amado Tatá, eu confesso que não estava preparado para me despedir de você. Sequer sonhava com esse momento, pois além de meu ídolo, você foi uma das melhores pessoas com quem tive a oportunidade de cruzar neste plano. Que linda existência! Que vida animada!”. “Que bom saber que estaremos sempre juntos em alguma reprise no fim de noite! Muito obrigado pela amizade e pelas bolas certeiras que você deixava na cara do gol para que marcássemos o tento. Te amo para sempre!“, continuou Falabella.

O ator Cassio Gabus Mendes, que era sobrinho de Luis Gustavo, foi um dos primeiros a dar a notícia em seu Instagram: “Informo que meu querido Tatá faleceu hoje, vítima de câncer! Descanse na luz e na paz! Obrigado por tudo, meu amado tio.”

Diversos outros artistas também lamentaram a morte do ator, relembrando com carinho alguns de seus principais personagens que marcaram na TV brasileira.

“Abram-se as cortinas da eternidade para o mestre Luis Gustavo, uma paixão brasileira, uma das grandes referências para qualquer ator deste país! Foram tantos personagens icônicos, Beto Rockfeller, Mário Fofoca, Juca Pirama, Victor Valentim, Tio Vavá todos popularíssimos!”, homenageou o ator Lucio Mauro Filho.

Luis Gustavo também foi lembrado no mundo do futebol por conta de seu papel no filme O Casamento de Romeu e Julieta (2005), vivendo Alfredo Baragatti, um fanático torcedor do Palmeiras que descobria que seu genro torcia para a equipe alvinegra.

O perfil oficial do Corinthians pediu “um último aplauso da torcida corinthiana”, enquanto o do Palmeiras escreveu uma nota de pesar citando a produção e prestando condolências.

Já o São Paulo destacou que Luis Gustavo era um notório torcedor: “sentimentos à família, aos amigos e aos fãs deste eterno são paulino”.

Luis Gustavo imprimia credibilidade a seus personagens

Luis Gustavo não figurava no rol dos atores ecléticos, aqueles que desempenham com desenvoltura papéis completamente distintos – sua entonação era praticamente a mesma para diferentes personagens, assim como seu gestual corporal. Mas o que distinguia Luis Gustavo era a verdade que imprimia em cada figura que representava, algo tão especial que imediatamente cativava o espectador e garantia o sucesso de seu personagem.

Parece fácil, mas não é. Basta lembrar de Mário Fofoca, o desastrado detetive da novela Elas por Elas (1982), que solucionava os casos muitas vezes na base da sorte.

Criado para ser um personagem secundário, Mário Fofoca logo foi adotado pelos fãs, a ponto de, no auge de sua popularidade, o autor da novela, Cassiano Gabus Mendes, ter a ousadia de dedicar um capítulo inteiro da novela à sua rotina – os demais personagens se tornaram coadjuvantes. O sucesso foi tamanho que inspirou ainda uma série na TV e um filme.

Como Mário Fofoca, Luis Gustavo exibia uma rara e convincente ingenuidade, que o impedia de perceber os erros que cometia e, por isso mesmo, o tornava tão especial.

Estabelecer uma cumplicidade com o espectador é um trabalho de anos, de somatório de trabalhos, até chegar no momento em que o ator tem no público seu aliado fiel.

No cinema, foram raras as figuras que ostentavam naturalmente sua credibilidade. James Stewart e Henry Fonda são dois exemplos: a dor que seus personagens sentiam era crível e compartilhada pelas pessoas.

Como Vanderlei Mathias, o Vavá, no seriado humorístico Sai de Baixo, Luis Gustavo apresentava o personagem que, em meio a trambiqueiros e ingênuos, resistia e ainda lutava por uma situação ordeira, dentro da lei, mesmo que isso impedisse alguma vantagem.

E o uso de suspensórios só reforçava a imagem de um homem equilibrado. Era preciso um ator como ele, que fosse ao mesmo tempo engraçado e justo.

Mesmo quando representava um malandro, como Beto Rockfeller, na novela do mesmo nome, de 1968, que revolucionou a teledramaturgia brasileira, Luis Gustavo criava a empatia com sua comicidade, um tom coloquial que foi decisivo para estipular novos rumos da novela no País.

Com seu estilo de uma pessoa em que todos podem confiar, Luis Gustavo deu credibilidade, na arte, aos personagens de que todos gostam de amar.

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  • Data: 20/09/2021 07:09
  • Alterado:20/09/2021 07:09
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