Centenário de Ruth de Souza é celebrado no site do Itaú Cultural
Pioneira no teatro, cinema e televisão e primeira artista negra a conquistar projeção na dramaturgia brasileira, a atriz terá destacados momentos emblemáticos de sua trajetória
- Data: 10/05/2021 21:05
- Alterado: 10/05/2021 21:05
- Autor: Redação
- Fonte: Itaú Cultural
Crédito:Leo Martins / Agencia O Globo
No dia 12 de maio (quarta-feira), Ruth de Souza completaria 100 anos e o Itaú Cultural celebra subindo material especial em seu site www.itaucultural.org.br. Das memórias, traz destaques de sua história no teatro, cinema e televisão, onde foi de encontro às construções estereotipadas de personagens negros e criou gestuais e universos próprios para suas personagens. O material também revela ações que perpetuam e difundem, para novas gerações, a importância da atriz. Ainda, exibe duas cartas que marcam tempos: a primeira, entregue para ela, em 2019, pouco antes de sua morte. A segunda, escrita agora, será seguida de mais 99 que serão exibidas na próxima edição do festival.
O material abre com olhar biográfico sobre a trajetória de Ruth, destacando momentos marcantes e fundamentais da carreira da atriz, em um mergulho na sua importância e presença na cultura brasileira, que pode ser conferida no verbete sobre ela na Enciclopédia Itaú Cultural (http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa349507/ruth-de-souza).
A influência da atriz sobre outros atores e gerações das artes cênicas também tem destaque nesta homenagem. O material traz uma entrevista com os artistas e produtores Ellen de Paula e Gabriel Cândido, idealizadores de Dona Ruth: Festival de Teatro Negro de São Paulo, evento anual criado em 2019, reunindo espetáculos teatrais, leituras encenadas e dramática, performances, contação de histórias, intervenção artística, show e conversas, entre outras ações. Um ano depois, com o início da pandemia, a programação ganhou edição online com cerca de 25 atividades gratuitas. O formato da 3ª edição, ainda indefinido por conta da vacinação contra a covid-19 no país, seguirá com uma programação dedicada ao centenário junto a espetáculos, debates e atividades formativas. Mais informações sobre as ações do festival podem ser conferidas em https://www.instagram.com/donaruth.ftnsp/?hl=pt
Dessas duas pontas da história, o visitante do site do Itaú Cultural vai conhecer em primeira mão dois documentos históricos que reafirmam a importância de artistas referenciais como Ruth. O primeiro é a carta escrita por Ellen e Cândido e entregue para a atriz em 2019, contando a intenção de realização do festival Dona Ruth. O segundo é a primeira das 100 cartas que os dois reunirão para festejar os 100 anos de Ruth de Souza. A publicação desta carta marca o início da ação, que integrará o festival deste ano, previsto para acontecer no segundo semestre.
Nascida no Rio de Janeiro, Ruth de Souza se encantou pelas artes cênicas ainda criança. A vivência no teatro teve início na década de 1940, com o Teatro Experimental do Negro (TEN), do escritor e dramaturgo Abdias Nascimento (1914-2011). Sua estreia nos palcos foi aos 24 anos, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, com participação na peça O Imperador Jones. Anos mais tarde, começou sua trajetória no cinema. A carreira na televisão teve início nos anos 1950, com teleteatros, nas TVs Tupi e Record. Morou nos Estados Unidos, onde estudou e pesquisou as artes cênicas na American National Theater and Academy, na Karamu House e na Universidade de Harvard.
Pioneira no teatro, cinema e televisão, em 1969 tornou-se a primeira protagonista negra de um folhetim televisivo, A Cabana do Pai Tomás. Sua longa trajetória profissional, com repercussão nacional e internacional, foi marcada, ainda, pelo posicionamento político que a fez contrariar as construções estereotipadas de personagens negros, criando gestuais e universos próprios para suas personagens. Ruth de Souza contribuiu com a reconfiguração do imaginário cultural brasileiro em relação à população negra.