Alunos regrediram no ensino remoto, aponta pesquisa

Com a pandemia, especialistas em educação vêm apontando que os estudantes perderam praticamente dois anos letivos e milhões de alunos foram prejudicados no processo de aprendizagem

  • Data: 04/09/2021 05:09
  • Alterado: 04/09/2021 05:09
  • Autor: Redação
  • Fonte: Spolidorio Neuroeducação
Alunos regrediram no ensino remoto, aponta pesquisa

Ensino Remoto

Crédito:Reprodução/Abrafi

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Uma pesquisa divulgada em julho deste ano pelo Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo (Apeoesp) mostrou que 84% dos alunos do ensino médio estudam mais na escola do que no sistema remoto. Com o advento da pandemia, especialistas em educação vêm apontando que os estudantes perderam praticamente dois anos letivos e milhões de alunos foram prejudicados no processo de aprendizagem. Diante da notória regressão de grande parte de estudantes, a neuropedagoga Janaina Spolidorio defende soluções estratégicas pela via da neurociência.

Com a gravidade da situação sanitária no País, professores, estudantes e escolas enfrentaram um verdadeiro colapso na educação. A dificuldade de adaptação ao ensino remoto por todos estes entes levou muitas famílias a retirarem seus filhos da escola, por conta da dificuldade de todos se adaptarem a este momento desafiador. “Grande parte dos alunos regrediram em aprendizagem, em conhecimento e até mesmo no modo de estudar”, explica Janaína que, com mais de 25 anos de carreira, decidiu auxiliar os profissionais da educação e escolas a superarem as suas dificuldades.

Crianças que foram retiradas das escolas pelos pais do ensino infantil, no ano passado, por exemplo, poderão enfrentar dificuldades no futuro. “Faltou orientação e divulgação aos pais do quão importante teria sido o contato com o estímulo. Houve também falta de preparo das escolas em dar conta das necessidades de maior vínculo com a família e orientação adequada para o acompanhamento remoto”.

A partir de agora, a missão da educação deverá ser prezar pelo estratégico, porque sem ele não será nem possível enxergar um futuro, alerta a especialista. “Não temos documentos regulamentadores próprios para essas crateras, eles consideram o ano letivo. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), por exemplo, que orienta sobre habilidades para determinado ano escolar, muitas vezes não dá conta dessa nova realidade. O documento pode nos confinar, assim como as soluções mágicas que muitos têm oferecido”.

Uma criança que não recebeu estímulo na idade correta não terá maturidade cerebral para a próxima fase e este fato irá retardar a aprendizagem. Por consequência, ela pode até mesmo perder o que chamamos de “janela de oportunidade” em neurociência, explica a especialista. “A janela é o período da vida da criança em que seria mais fácil e menos ‘doloroso’ aprender. Depois que a janela passa, a criança aprende, mas o esforço é imensamente maior”.

Segundo a especialista, “é necessário criar uma estratégia para evitar danos para as próximas décadas, já que os efeitos na educação são a longo prazo”, explica. A solução pode estar na neurociência, mas com profissionais que sejam realmente formados para entender o processo e o que fazer com o que faltou naquele determinado ponto, defende. 

Segundo ela, para entender a regressão que já está sendo sentida tanto pelas famílias quanto pelas escolas, é preciso considerar três itens: fase de desenvolvimento, aprendizagens invisíveis e o equilíbrio estímulo/maturidade. “Cada criança está em uma fase de desenvolvimento e essas fases são essenciais para determinar o que elas aprendem em determinado ano escolar. A partir dessas fases, profissionais da educação fazem um planejamento”.

Educação não é magia, é processo, lembra. “Nada é rápido nela, nem a aprendizagem da criança, que requer maturidade, desenvolvimento; e nem mesmo a solução, que precisa dar ao cérebro a estrutura necessária para poder florescer em aprendizagens saudáveis e mais estáveis”.

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