Autismo severo é desafio para famílias

Lidar com pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) em grau avançado requer suporte profissional para melhor qualidade de vida dos autistas e suas famílias

  • Data: 04/11/2021 11:11
  • Alterado: 04/11/2021 11:11
  • Autor: Redação
  • Fonte: CENSA Betim
Autismo severo é desafio para famílias

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Crédito:Pixabay

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Desafios com habilidades sociais, comportamentos repetitivos e comunicação por vezes não verbal. Esses são alguns dos pontos que caracterizam o Transtorno do Espectro Autista (TEA), que, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), afeta uma em cada 160 crianças no mundo, trazendo desafios para as famílias que, em muitos casos, precisam do apoio profissional. Em Betim, cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte, existe uma instituição que é referência nos cuidados a indivíduos adultos com a condição, o Centro Especializado Nossa Senhora D’ Assumpção, conhecido popularmente como CENSA Betim, que atua há 57 anos recebe pessoas de todo o país.

De acordo com a psicóloga e diretora da instituição, Natália Costa, o primeiro passo para que as famílias possam lidar com o indivíduo com TEA é entender as suas especificidades. “Muitas pessoas não sabem, mas o autismo é uma condição do neurodesenvolvimento que pode ser identificado na infância para iniciar a estimulação precoce para ajudar o desenvolvimento do individuo. A situação afeta a comunicação e pode comprometer até mesmo a capacidade da criança de aprendizado, além da sua adaptação a ambientes e situações diferentes daquelas que está habituada”, explica.

Segundo Natália Costa, as causas são multifatoriais, sendo mais importante o diagnóstico funcional do que o etiológico. “Alguns estudos consideravam o transtorno como resultado de dinâmica familiar problemática e de condições de ordem psicológica alteradas, mas isso foi uma hipótese que se mostrou totalmente errônea. A tendência atual é admitir que existem múltiplas causas para o autismo, entre eles eu cito os fatores genéticos, biológicos e os ambientais. O diagnóstico pode trazer sofrimento para a família, principalmente se ele não vier acompanhado de um apoio, informações e orientações acerca do que é o TEA e quais características a criança apresenta em maior ou menor grau. Lembro ainda, que é necessário verificar se há prejuízo ou não para as características apresentadas e por fim, estabelecer as linhas de intervenção, bem como a composição da equipe multiprofissional que vai atuar no caso”, completa.

Para que seja determinado o grau de TEA, algumas características são observadas. Pessoas com autismo leve (grau 1), se mostram mais autônomas nos diversos contextos do dia a dia, alcançando independência. Geralmente compreendem e cumprem regras e rotinas de casa com autonomia, vão driblando as dificuldades, estudam, trabalham e podem constituir família. Já os indivíduos com autismo moderado (grau 2), demandam mais apoio para se socializar, pois tendem a apresentar pouca iniciativa para interagir. Já no autismo severo (grau 3), os indivíduos apresentam dificuldades mais acentuadas e maiores comprometimentos, tendo iniciativa muito limitada e grande dificuldade para conversar e expressar o que desejam. Nesses casos a comunicação é mínima e pode haver comprometimento da fala e para expressar, precisando da ajuda de um mediador. È comum que o autismo venha acompanhado de deficiência intelectual e epilepsia. Nessas situações, o quadro clínico é mais desafiador.

Mesmo assim, Natália Costa salienta que o autismo não é uma condição inalterável, sendo totalmente possível que uma pessoa avance em relação ao estágio inicial. Assim, elas podem sair do grau grave para o moderado ou até passar a apresentar traços levíssimos, que é chamado de ‘caminhar no espectro’. “O avanço vai depender da intervenção e dos estímulos que a pessoa receber. O avanço só se dará se a frequência, a intensidade e qualidade desses estímulos forem adequadas, além da faixa etária em que começarem a ser introduzidos e da articulação entre os contextos. Ou seja, quanto mais cedo a estimulação precoce, principalmente nos primeiros anos da infância, quando o cérebro está aberto a mudanças, mais possibilidades a pessoa tem de se desenvolver”, completa a psicóloga.

Independente do grau de autismo da pessoa, a intervenção para a busca de melhores resultados se torna indispensável, mas, Natália Costa lembra que as pessoas que estão no grau 3, associado a deficiência mental e intelectual, precisam ainda mais. “Estes indivíduos precisam de suporte profissional, porque geralmente são dependentes, principalmente para realizar as atividades da vida diária, como ir sozinho ao banheiro, alimentar-se e higienizar-se. Elas precisam de apoio para a maior parte das tarefas, até porque, costumam se isolar”, salienta.

Para a diretora do CENSA Betim, o suporte se estende, também, para as famílias, que muitas vezes têm dúvidas de como lidar. “Além do acompanhamento profissional, como o que fazemos, é importante a participação dos pais nos cuidados e na interação cotidiana com esses indivíduos, de maneira que promovam habilidades de relação social, administrem problemas de comportamento e ensinem atividades de vida diária e comunicação. No caso da comunicação, o fonoaudiólogo é indicado para melhorar as habilidades de fala, a terapia ocupacional e a pedagogia para promover melhores práticas de ensino-aprendizagem, a psicologia para aumentar o repertório de comportamentos socialmente habilidosos e a fisioterapia para melhorar as questões motoras e de equilíbrio. Um exemplo é o nosso trabalho aqui no CENSA, que é desenvolvido por uma equipe transdisciplinar, que visa atuar em todos os aspectos necessários para o acompanhamento e desenvolvimento do educando, o que, consequentemente, reverbera em melhora da qualidade de vida para ele e sua família”, conclui Natália Costa.

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