Índia frustra planos, Bolsonaro admite atraso e governo pede entrega imediata da Coronavac

Índia informou que não pretende atender agora ao pedido para a liberação das 2 milhões de doses de vacinas da AstraZeneca/Oxford

  • Data: 15/01/2021 20:01
  • Alterado: 15/01/2021 20:01
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo
Índia frustra planos, Bolsonaro admite atraso e governo pede entrega imediata da Coronavac

Índia informou que não pretende atender agora ao pedido para a liberação das 2 milhões de doses de vacinas da AstraZeneca/Oxford

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A Índia informou ao Brasil que não pretende atender agora ao pedido para a liberação das 2 milhões de doses de vacinas da AstraZeneca/Oxford. A negativa frustrou os planos do governo federal, que já havia preparado um plano para que o imunizante chegasse ao País até domingo, 17, para ser usado no início da vacinação em todo o País. Após a resposta dos indianos, o Ministério da Saúde requisitou nesta sexta-feira, 15, a entrega “imediata” de 6 milhões de doses da Coronavac, produzidas pelo Instituto Butantan, em parceria com a chinesa Sinovac.

“Resolveu-se, não foi decisão nossa, atrasar em um ou dois dias até que o povo comece a ser vacinado lá (na Índia), porque lá também tem as pressões políticas de um lado ou de outro”, afirmou o presidente Jair Bolsonaro em entrevista à TV Band. O país asiático alegou “problemas logísticos” para liberar as doses ao Brasil, pois a vacinação na Índia está prevista para começar neste sábado, 16. “Daqui a dois, três dias no máximo o nosso avião vai partir e vai trazer essas 2 milhões de doses”, disse Bolsonaro. Um avião fretado está em Recife, em Pernambuco, pronto para buscar os imunizantes.

O Ministério da Saúde planeja iniciar a campanha de imunização no País na quarta-feira, 20. Caso a vacina da Índia não chegue a tempo, não está descartada a possibilidade de a vacinação ser iniciada apenas com a Coronavac, o que representaria um revés político a Bolsonaro. O presidente já chegou a declarar que não compraria o imunizante chinês – que acabou comprando -, a aposta do governador de São Paulo, João Doria, seu adversário político. Na semana passada, o presidente chegou a ironizar a eficácia de 50,4% da vacina, próximo do patamar mínimo exigido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

“Ressaltamos a urgência na imediata entrega do quantitativo contratado e acima mencionado, tendo em vista que este Ministério precisa fazer o devido loteamento para iniciar a logística de distribuição para todos os estados da federação de maneira simultânea e equitativa, conforme cronograma previsto no Plano Nacional de Operacionalização da vacinação contra a COVID-19, tão logo seja concedido a autorização pela agência reguladora, cuja decisão está prevista para domingo, dia 17 de janeiro de 2021”, afirma ofício enviado pelo ministério ao diretor do Butantã, Dimas Covas.

O ministério comprou 46 milhões de doses da Coronavac neste mês. Há ainda a opção de adquirir mais 54 milhões de unidades. A negociação pela vacina gerou crise entre os governos federal de São Paulo. Bolsonaro chegou a forçar o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, a recuar da promessa de compra, em outubro. Bolsonaro disse também que não compraria a vacina “pela sua origem”.

A Anvisa deve decidir no domingo se libera o uso emergencial da Coronavac e da vacina de Oxford. Antes deste aval, segundo fonte da agência, estes imunizantes deveriam ficar sob guarda do Butantã e da Fiocruz.

Índia

Segundo o Itamaraty, o governo indiano mostrou “boa vontade” em liberar a carga, mas apontou “dificuldades logísticas”, pois o pedido brasileiro ocorre no momento em que o país começa a sua campanha de vacinação contra a covid-19 e, portanto, há um sensibilidade política interna para, ao mesmo tempo, liberar 2 milhões de doses ao Brasil. 

“Foi tudo acertado para disponibilizar 2 milhões de doses, só que hoje, nesse exato momento está começando a vacinação na Índia, País com um bilhão e trezentos milhões de habitantes”, afirmou Bolsonaro em entrevista ao apresentador José Luiz Datena, da TV Band. Segundo ele, a decisão de atrasar a entregas do imunizantes ao Brasil, antes prevista para domingo, não foi do governo brasileiro.

O avião da Azul que deveria buscar as doses produzidas pelo laboratório indiano Serum deveria decolar de Recife ontem, 14, mas o voo foi adiado por “problemas logísticos internacionais”. Mais cedo, o Ministério das Relações Exteriores já admitia a possibilidade de atraso no cronograma de busca dos imunizantes.

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, telefonou na noite de quinta-feira, 14, ao chanceler da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, e reiterou o pedido para importação de 2 milhões de doses prontas da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca.

 Na semana passada, o próprio Bolsonaro enviou uma carta ao primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, pedindo a antecipação “com urgência” do fornecimento. Na correspondência, enviada na sexta-feira, 8, o presidente ressalta que, para “possibilitar a imediata implementação do nosso Programa Nacional de Imunização, muito apreciaria poder contar com os bons ofícios de Vossa Excelência para antecipar o fornecimento ao Brasil, com a possível urgência e sem prejudicar o programa indiano de vacinação, de 2 milhões de doses do imunizante produzido pelo Serum Institute of India”.

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