Djonga fala sobre família, racismo e sua trajetória em apresentações esgotadas
Rapper mineiro retornou a São Paulo com dois shows de sua nova turnê
- Data: 26/06/2019 15:06
- Alterado: 26/06/2019 15:06
- Autor: Rodilei Morais
- Fonte: Agência ISO/ABCdoABC
Djonga fala sobre família
Crédito:Rodilei Morais/ABCdoABC
Um mês após sua última passagem pela capital paulista durante a Virada Cultural, o rapper Djonga fez dois shows no Sesc Pompeia durante o feriado de Corpus Christi (dias 20 e 21). Os fãs esgotaram em minutos os ingressos das duas apresentações, ambas parte da turnê do álbum “Ladrão”, lançamento mais recente do artista mineiro.
Gustavo Pereira, mais conhecido como Djonga, vem se firmando cada vez mais como um dos principais, se não o principal, nomes dessa geração do rap brasileiro. O mineiro é fruto da efervescente cena de Belo Horizonte, que conta ainda com nomes como Fabrício FBC, Clara Lima, Sidoka e Brisa Flow.
Seu estilo gritado de cantar e sua energia no palco contagiam todos os presentes e é impossível ficar alheio ao som e ao que se é cantado. As batidas comandadas pelo DJ Coyote Beats e temperadas ora por uma guitarra, como em “Leal”, ora por um contrabaixo, em “Falcão”, são pano de fundo para afiadas rimas, tratando de questões pessoais e políticas, familiares e raciais.
O cerne do show é o repertório de “Ladrão”, lançado em março deste ano. O terceiro álbum de Gustavo coroa um ciclo de três anos de lançamentos de sucesso, após “Heresia” em 2017 e “O Menino que Queria Ser Deus” em 2018. O músico comenta a escolha do nome do álbum e sua repercussão: “Apareceu no G1 um preto, a palavra ladrão, e não é o que as pessoas pensam”. O termo é ressignificado para representar o resgate do protagonismo do negro em sua própria história, “peguemos de volta o que nos foi tirado”, como o próprio canta.
Outro resgate feito por Djonga é o de suas raízes familiares. Se sua mãe já havia sido lembrada no single “A Música da Mãe”, o pai e a avó são homenageados em “Bença”, um dos momentos mais emocionantes do show. Desta vez, a família do músico estava presente no local, inclusive seu filho Jorge, de apenas dois anos. Vendo o público cantando todas as músicas, Djonga elogiou os fãs por não fazerem feio na presença de seus parentes.
Entre homenagens e love songs, como “Tipo” e “Solto”, não podia faltar o peso de “Junho de 94” e “Olho de Tigre”. Nesta última, o próprio cantor desceu do palco e se juntou aos fãs, em uma roda de bate-cabeça que ocupou praticamente toda a pista, para gritar seu famoso refrão: fogo nos racistas.
Sem se esquecer de onde vem, lutando por suas causas e representando Minas Gerais no rap nacional, Djonga vem álbum após álbum, participação após participação e show após show, provando que há bons motivos para ter se tornado esta “sensação sensacional”.