Por medida de segurança Doria se muda para o Palácio dos Bandeirantes
O governador de São Paulo, por questões de segurança, após ameaças e constantes protestos em frente à sua casa, passará a morar no edifício-sede do Governo paulista
- Data: 30/03/2021 08:03
- Alterado: 30/03/2021 08:03
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
João Doria (PSDB)
Crédito:Governo do Estado de São Paulo
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), passará a morar, ao menos temporariamente, no Palácio dos Bandeirantes por causa dos constantes protestos em frente da casa dele, no Jardim Europa (zona oeste da capital), e das ameaças que vem recebendo.
A situação se agravou após o endurecimento das regras de restrição à circulação de pessoas no Estado, que enfrenta o pior momento da pandemia da covid-19. Doria, hoje um dos principais adversários de Jair Bolsonaro, tem acionado a polícia por causa das ameaças e inquéritos já foram instaurados.
“Meu desprezo por estes extremistas que ameaçam a mim, a minha família e ameaçam pessoas que defendem a vida. É uma decisão difícil, mas necessária nesse momento de muita intolerância ao pensamento contraditório, de belicismo verborrágico e de cegueira ideológica”, diz comunicado assinado por João Doria e divulgado nesta segunda-feira, 29.
Doria informa que tem enfrentado os seguidores classificados por ele como “seita” com “inquéritos policiais e ações judiciais” e “medidas sanitárias e vacinas, instrumentos da lei e da razão“. “O fanatismo ideológico, porém, ignora a racionalidade e a legalidade. Ele tem ultrapassado os limites do embate político e do questionamento técnico com ameaças à segurança da minha família e agressivas manifestações na porta da minha residência, perturbando o bairro e vizinhos“, justifica.
Grupos ligados ao presidente Jair Bolsonaro vêm pedindo a saída do governador diante das medidas tomadas pelo governador em ações pontuais para reduzir a propagação do coronavírus, que deixou os sistemas de saúde públicos e privados do Estado à beira do colapso. O presidente brasileiro é contra o fechamento do comércio. A inteligência da polícia paulista identificou, entre manifestantes contrários ao governador, ameaças de morte contra Doria, daí o emprego das equipes para a proteção de Doria. No protesto, um dos manifestantes chegou a gritar “tem que morrer” quando outros dos participantes do ato gritaram “fora, Doria“.
Desde sua posse, em janeiro de 2019, Doria vinha utilizando a ala residencial do Bandeirantes apenas para despachos e reuniões de trabalho. Mas, segundo apurou o blog da Coluna, os manifestantes, que se revezam em turnos, tiraram o sossego do governador e, principalmente, de seus familiares, limitando visitas inclusive nos finais de semana.
LEIA TRECHO DO COMUNICADO ABAIXO:
“O negacionismo na pandemia deixou de ser um delírio das redes sociais, provocado pela paixão política, e está se tornando algo muito mais perigoso para a vida, a ciência e a democracia: uma seita intolerante e autoritária. Tenho enfrentado os seguidores dessa seita com inquéritos policiais e ações judiciais, com medidas sanitárias e vacinas, instrumentos da lei e da razão. O fanatismo ideológico, porém, ignora a racionalidade e a legalidade. Ele tem ultrapassado os limites do embate político e do questionamento técnico com ameaças à segurança da minha família e agressivas manifestações na porta da minha residência, perturbando o bairro e vizinhos. Diante do radicalismo, decidi me mudar para o Palácio dos Bandeirantes. Ao menos, temporariamente. Regredimos a tempos obscuros em que a integridade física daqueles que defendem a vida e a democracia está sob ameaça. Vivi esse mesmo sentimento quando acompanhei meu pai no exílio, um democrata cassado pela ditadura. Dessa vez, no entanto, não haverá exílio, nem ditadura. Haverá ciência, vacinas, vidas salvas e democracia”.