Após oito anos “adormecida”, Casa do Hip Hop renasce de olho na diversidade
Espaço que levou o nome de Diadema para além das fronteiras do país reabriu as portas neste sábado (19) após quatro meses de revitalização
- Data: 20/06/2021 14:06
- Alterado: 20/06/2021 14:06
- Autor: Redação
- Fonte: Prefeitura de Diadema
Crédito:Dino Santos
Enquanto Nelson Triunfo ensaia alguns passos de break com amigos de longa data, Rappin Hood troca ideias e tira fotos com jovens na casa dos seus 20 anos. Nas pick-ups, o rap de várias gerações se mistura com as palmas das rodas de capoeira e com o som do spray dos grafiteiros que terminam de decorar o ambiente.
O endereço é o mesmo que, em 1999, foi concebido justamente para tornar comum encontros como o da lenda do break com um dos cânones do rap nacional. Mas a vibração é nova: abandonada por praticamente oito anos, a Casa do Hip Hop acaba de renascer após uma intensa mobilização que envolveu ao menos quatro meses de trabalho.
Durante o evento de reinauguração, embora tímido em função da pandemia, ficou claro que a nova fase do local pretende fazer valer o que sempre lhe deu fama e ir além da música, da dança e do grafite. Por se tratar de um dos templos sagrados da cultura de rua do país e o primeiro espaço dedicado ao gênero na América Latina, a Casa do Hip Hop tornou-se destino obrigatório não só de nomes consagrados. Ela também serviu de abrigo para acolher e dar visibilidade a incontáveis artistas periféricos que talvez jamais conseguiriam uma oportunidade.
“Essa casa inspirou muitas outras casas no Brasil e no mundo e colocou Diadema como referência no gênero. Infelizmente passamos por tempos difíceis recentemente. Costumo dizer que depois de um tempo “rebaixado”, estamos voltando para a primeira divisão”, comemora Triunfo, lembrando o estado deplorável em que encontraram o espaço no final do ano passado.
À frente da reformulação da casa – que ganhou pintura, fiação, sistema de som, portas e janelas novos, além de total repaginação estética – está Jean, filho de Triunfo, a quem também caberá missão de tornar o lugar o principal centro sócio-cultural da periferia diademense.
“Eu fico emocionado porque desde os meus três anos eu venho aqui. Eu cresci aqui dentro. E é um orgulho imenso poder estar entre todo mundo que batalhou para reabrir este lugar e que vai continuar batalhando para recolocar a Casa do Hip Hop como referência não só para Diadema como para muitos outros lugares”, relembra.
Responsável pela construção do espaço e agora também por tirá-lo das cinzas, o prefeito José de Filippi Júnior fez questão de enfatizar o esforço com o qual a sua gestão conseguiu recuperar o espaço. De mãos dadas com Rappin Hood, o chefe do executivo declarou: “Quem não reage, rasteja. Quando viemos aqui ano passado, acharam que íamos invadir o lugar. Depois, nos deram as chaves para que pudéssemos começar a reforma antes mesmo de começar a gestão. A casa está linda, está renovada e pronta para receber o público”.
Outro nome que também se dedicou com afinco para reabrir a casa ainda no primeiro semestre foi o secretário de Cultura Deivid Couto. “Nós cumprimos tudo dentro do prazo e estamos devolvendo a casa não só para os bboys e bgirls, não só para os MCs e grafiteiros, mas para toda a comunidade. Como sempre lembra Nelson Triundo, a Casa do Hip Hop é a casa da diversidade”, concluiu.