Seminovos em alta: venda de carros usados cresce 54% em 2021
O País já representa o terceiro maior mercado de seminovos do mundo, atrás apenas de Estados Unidos e China
- Data: 06/10/2021 16:10
- Alterado: 06/10/2021 16:10
- Autor: Redação
- Fonte: IMT
Crédito:Feirão AutoShow
A produção de veículos zero-quilômetro foi drasticamente reduzida no Brasil durante a pandemia de covid-19. Ao longo dos últimos meses, a indústria automobilística brasileira sofreu com a quebra das cadeias produtivas globais, especialmente devido à escassez de chips semicondutores no mercado externo, o que incentivou a expressiva alta de 54% na venda de carros usados em 2021.
“Hoje, um dos principais componentes de automóveis zero-quilômetro é o chip semicondutor, que não está chegando ao Brasil. A situação deixa muito claro que o País é apenas um montador de veículos, nada é produzido integralmente aqui. Por consequência, em situações de falta de peças no mercado e ruptura das cadeias, a produção nacional é fortemente afetada, e ganham espaço os veículos seminovos e usados, tal como viemos presenciando”, destaca o prof. dr. Ricardo Balistiero, economista e coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT). O Brasil é um dos mercados mais atraentes do segmento, e já representa o terceiro maior comércio de seminovos do mundo, atrás apenas de Estados Unidos e China.
A alta demanda por carros usados, no entanto, têm impactado diretamente em um aspecto relevante: os preços. De acordo com um levantamento da Kelley Blue Book (KBB), os preços dos carros zero-quilômetro subiram 8,3% até julho; entre os seminovos, os aumentos chegaram a 18%; enquanto, para os usados mais antigos, houve reajustes de até 24%.
Felizmente, segundo o professor, a tendência é de que o País retome a importação dos chips e regularize a produção de carros zero nos próximos meses. “A indústria automobilística no Brasil é implacável. Na tempestade e na bonança, os preços dos carros zero-quilômetro sempre sobem. Mas o valor dos seminovos e usados tende a se estabilizar com a retomada”, aponta Balistiero.
Com relação ao futuro, o professor defende que as pautas do calendário eleitoral de 2022 serão determinantes, e uma mudança de ares políticos, a partir de 2023, fundamental. “Temos um elevado potencial de crescimento econômico, seja pela capacidade ociosa acumulada, seja pelo que ainda precisa ser construído (ou reconstruído). É possível, sim, botar o País de novo em uma rota de crescimento muito interessante, desde que os esforços estejam alinhados ao que o Brasil realmente precisa, e não a serviço de interesses de uma parcela minoritária da elite política”, conclui o economista.