Em um ano, queixas sobre buracos crescem 32% na cidade de São Paulo

Embora tenha sido eleita uma das prioridades da Prefeitura na zeladoria urbana, com o programa Asfalto Novo, as reclamações sobre pavimentação e asfalto cresceram cidade de São Paulo

  • Data: 15/02/2019 11:02
  • Alterado: 15/02/2019 11:02
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo
Em um ano, queixas sobre buracos crescem 32% na cidade de São Paulo

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As queixas cresceram 32% em 2018, em relação ao ano anterior.

Nos serviços de atendimento ao cidadão da capital paulista, esses tipos de queixa lideram. Foram 198,7 mil reclamações ao longo do ano, ou mais de 22 a cada hora no ano passado. Em 2017, haviam sido 147 6 mil.

São relatos como o do funcionário público Aparecido Firmino da Silva, de 55 anos. Por duas semanas, ele esperou que agentes da Prefeitura fossem tapar um buraco na frente da sua casa, na Lapa zona oeste paulistana. Até que eles vieram. “Foi no dia de uma tempestade”, lembra ele. “(Os agentes) tiraram a água de dentro do buraco com um rodo e ficaram trabalhando”, afirmou. “Eu não sou engenheiro, mas imagino que isso não vai durar nada.”

Outros aguardam muito mais. “Faz mais de dois meses que estou esperando. Tenho reclamação, número de protocolo, e nada. O buraco só aumenta”, diz a aposentada Sueli Florindo Zanini, de 64 anos, que tem uma cratera na frente de seu condomínio, no Brás, zona leste, que foi aberta no ano passado e até agora atrapalha o trânsito.

Na Rua Cerro Corá, no Alto de Pinheiros, zona oeste, a aposentada Neusa Guerreiro de Carvalho, de 88 anos, passou a cobrar o conserto no asfalto na frente do seu prédio pelas redes sociais. “Coloquei no Facebook”, conta a moradora.

Recapeamento
As queixas são espalhadas por toda a capital. A Mooca, também na zona leste, bairro que mais teve reclamações, concentra 14,9 mil pedidos, ou 7,5% do total – a média é de 11 mil por subprefeitura.

Quem transita pelo tradicional reduto italiano da zona leste tem uma opinião sobre o motivo da liderança. Enquanto os corredores principais do bairro, como a Rua da Mooca e a Avenida Pais de Barros estão um “tapete”, fruto do programa de recapeamento da Prefeitura, o Asfalto Novo, as demais vias, com casas operárias, são marcadas pelos buracos ou pelas ondulações decorrentes de serviços mal executados.

“Recapearam as avenidas, mas as ruas, não. Tem dois buracos aqui mas não sei se já reclamaram. O pessoal se queixa, corta pneu e tudo”, afirma o borracheiro João Gomes, de 61 anos.

Ao se analisar as contas do Município, é possível ver que os gastos do orçamento com asfalto aumentaram em 2018. Dados da Secretaria Municipal da Fazenda mostram que a pavimentação e o recapeamento das vias cresceram mais de quatro vezes em relação a 2017, de R$ 75 milhões para R$ 321 milhões.

O responsável pelo aumento, no entanto, foi o programa Asfalto Novo. Sem ele, os recursos teriam sido de R$ 59 milhões – ou seja, diminuição de gastos. Lançado pelo ex-prefeito João Doria (PSDB) em 2017, o Asfalto Novo tem a meta de recapear mais de 400 quilômetros de ruas e avenidas da cidade.

Em nota, a Prefeitura informou que passou a usar outra fonte de recursos para o serviço: a verba arrecadada com multas de trânsito. Assim, o total de gastos em 2018 foi de quase R$ 550 milhões, segundo nota da gestão Bruno Covas (PSDB). O texto diz que foram recapeados 265,8 quilômetros de vias. Mas a administração não deu explicações para as queixas de paulistanos terem crescido mesmo com mais verba para reparos.

Escolhas
Nesta quinta-feira, 14, em entrevista à Rádio Eldorado, Covas disse que o recapeamento “tem um gasto relativamente alto”, uma vez que inclui reconstrução de guias e sarjetas, e está sendo feito “nas ruas mais movimentadas, nas ruas mais desgastadas”. Já o programa Tapa-Buraco “é um programa paliativo”. “O que resolve mesmo é o Recap (Asfalto Novo). Só que não adianta você achar que vai recapear 17 mil quilômetros de vias em quatro anos. É (serviço de) 10, 15 anos”, afirmou.

Desde os anos 1950, a Prefeitura tinha uma usina de asfalto na Barra Funda, zona oeste. Ela foi desativada este ano, após negociações relacionadas a problemas ambientais que resultaram em Termo de Ajustamento de Conduta com o Ministério Público Estadual.

O material para as vias passou a ser fornecido por uma empresa terceirizada. Covas afirmou que nova licitação, para contratar mais um fornecedor, está em andamento.

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  • Data: 15/02/2019 11:02
  • Alterado:15/02/2019 11:02
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo









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