Transferência da Secretaria de Cultura gera críticas ao governo federal

Jair Bolsonaro passou o órgão para a batuta do Ministério do Turismo; políticos e artistas criticaram a decisão por considerar que o governo quer aparelhar o setor

  • Data: 07/11/2019 16:11
  • Alterado: 07/11/2019 16:11
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo
Transferência da Secretaria de Cultura gera críticas ao governo federal

Crédito:Reprodução

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A transferência da Secretaria Especial de Cultura para o Ministério do Turismo, promovida nesta quinta-feira, 7, pelo governo federal, gerou críticas da classe artística e de políticos de diversos partidos.

“Que absurdo a cultura do nosso país sendo tratada dessa forma”, escreveu nas redes sociais o secretário municipal de Cultura de São Paulo, Alê Youssef. “Atacada, sucateada, censurada. E agora, jogada como uma subpasta de um ministério para outro. Alvo da sanha de grupos obscurantistas raivosos.”

O deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP) fez um post ironizando o presidente Jair Bolsonaro. “Com a ideia de Bolsonaro transferir a Secretaria de Cultura que estava na Cidadania para o Ministério do Turismo acho que o primeiro filme a ser realizado poderia ser o Meu Pé de “LARANJA” lima”, escreveu o deputado, referindo-se ao ministro Álvaro Antônio, alvo de desgaste por suspeitas relacionadas a desvio de recursos públicos por meio de candidaturas laranja nas eleições de 2018.

A deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) classificou a transferência e a possível nomeação do ex-deputado Marcos Soares (filho de R. R. Soares) como um “projeto teocrático”.

Dois ex-ministros da Cultura também se manifestaram. Marcelo Calero chamou a decisão de “mesquinha”. “Colocar órgãos como a Casa de Rui Barbosa, a Biblioteca Nacional, o IPHAN, a Fundação Palmares, o IBRAM e a Funarte sob a batuta do Ministério do Turismo, é de uma visão tão pequena, tão mesquinha. Fala-se muito q somos “Um país sem memória”. Assim seguiremos. Cada vez com menos”, escreveu no Twitter.

Roberto Freire disse, também nas redes sociais, que “realmente a Cultura para o governo Bolsonaro é um estorvo”.

A atriz Patrícia Pillar também comentou a transferência. “Um país que não valoriza sua Cultura é um país sem rosto. Assim, o Brasil vira às costas ao que o povo brasileiro tem de mais original, sua personalidade e sua história. Triste Brasil…”

O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, soltou uma nota dizendo que recebe a nova pasta com “responsabilidade e compromisso”. “Nosso trabalho tem resultado no fortalecimento da economia nacional, sobretudo com a geração de emprego e renda para os brasileiros. E é com esse mesmo sentimento que iremos administrar o segmento da cultura”, disse, em comunicado, transcrito abaixo:

NOTA OFICIAL SOBRE A INCORPORAÇÃO DA SECRETARIA ESPECIAL DA CULTURA AO MINISTÉRIO DO TURISMO
Turismo e Cultura possuem pautas sinérgicas e atividades naturalmente integradas. A cultura é um dos principais atrativos turísticos do país e é responsável por grande parte da movimentação de visitantes nacionais e internacionais. O Brasil representa o 9º país em atrativos culturais do mundo, segundo Índice de Competitividade Global do Fórum Econômico Mundial.

O Ministério do Turismo já possui projetos conjuntos com o Ministério da Cidadania, por meio da Secretaria Especial da Cultura e órgãos ligados à pasta, como o acordo de cooperação para a criação da Rede Brasileira de Cidades Criativas, o programa Revive e a gestão compartilhada de patrimônios culturais e naturais.

A união de esforços resultou ainda nos títulos recentemente conquistados pelo Brasil na Rede Mundial de Cidades Criativas da UNESCO, com a escolha de Belo Horizonte, na Gastronomia, e Fortaleza, no Design. O Turismo e a Cultura também trabalharam juntos nas candidaturas de cidades brasileiras para títulos de patrimônios da UNESCO, como foi o caso de Ilha Grande e Paraty, no Rio de Janeiro; o Bumba Meu Boi, no Maranhão; e os parques Cânions do Sul, entre Rio Grande do Sul e Santa Catarina, e o de Seridó, no Rio Grande do Norte.

O trabalho do Ministério do Turismo vem alcançando importantes resultados no fortalecimento da economia nacional, sobretudo com a geração de emprego e renda para os brasileiros. Alguns exemplos:

A alta na geração de emprego e renda alcançada mês a mês pelo setor ao país. Mais de 25 mil novos postos de trabalhos gerados pelo turismo no mês de julho, segundo dados da CNC. O crescimento de 3,2% das atividades turísticas no Brasil de janeiro a julho deste ano — índice maior que a média alcançada por outros setores da economia. O aumento de 43,4% nos gastos de turistas no país, após a isenção de vistos para países estratégicos, o melhor resultado dos últimos 16 anos, com exceção do período da Copa do Mundo 2014. Mais empresas aéreas de baixo custo operando voos para o país. Mais destinos regionais atendidos.

O segmento da cultura envolve ao menos 68 setores da economia, e é transversal como o do Turismo, que impacta em 53 setores. A fusão, portanto, fortalece as ações de cada área, com maior integração e ganho de eficiência – como preconiza o governo do presidente Jair Bolsonaro – impulsionando o desenvolvimento econômico e social, ampliando o acesso à cultura e ao turismo, beneficiando a população brasileira.

SEM TITULAR

A Secretaria Especial de Cultura está sem titular desde quarta-feira, 6, quando o economista Ricardo Braga, que estava há dois meses na função, foi exonerado do cargo para assumir a Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior do Ministério da Educação.

O porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, confirmou nessa quarta-feira que um dos nomes que são avaliados pelo presidente Jair Bolsonaro para ocupar o cargo é o do ex-deputado federal Marcos Soares (DEM-RJ), filho do pastor R. R. Soares, da Igreja Internacional da Graça de Deus. Além de Marcos, o atual diretor do Centro de Artes Cênicas (Ceacen) da Funarte, Roberto Alvim, é cotado ao cargo.

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  • Data: 07/11/2019 04:11
  • Alterado:07/11/2019 16:11
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo









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