Espetáculo de dança alemão no Sesc Belenzinho
Espetáculo de dança alemão solo, investiga o sentimento da raiva
- Data: 08/12/2022 08:12
- Alterado: 15/08/2023 14:08
- Autor: Redação
- Fonte: SESC
ESPETÁCULO ÜBER DIE WUT (SOBRE A RAIVA)
Crédito:Divulgação
Lê-se WUT (“RAIVA”) em letras de LED no alto do palco em que a dançarina Sahra Huby se faz de importante, contraindo os músculos, abrindo bem a boca, franzindo a testa, mostrando os dentes. A raiva toma o corpo e o expande; nós cuspimos sangue, espumamos pela boca, a raiva nos tira o ar e toma posse dos nossos músculos, dos nossos olhos e da nossa voz, mudando-os e distorcendo-os, transformando nosso corpo em algo grotesco, ameaçador, agressivo, mas também hilariante e cômico – então, na parede atrás de Sahra Huby, celebridades e políticos, assim como desenhos, piscam e tremulam. Em sua nova obra solo “Über die Wut” (Sobre a Raiva), Anna Konjetzky investiga essa emoção tanto enquanto experiência individual quanto como condição produzida pelas estruturas sociais.
Todo um arsenal de gestos pessoais, políticos e da cultura pop relacionados à raiva são dissecados examinados minuciosamente. Huby desacelera, fragmenta, ritma e distende os movimentos, conferindo-lhes assim beleza e elegância inesperadas, apenas para enraivecer e explodir outra vez no instante seguinte. Imagens de revoltas, protestos e atos são exibidas, e a dançarina adota-os, tomando-os para si. A raiva também é uma energia construtiva, servindo de motor e impulso para mudanças sociais. Gestos icônicos – o punho em riste do Movimento Negro, os pulsos cruzados um sobre o outro, o dedo do meio – proclamam a investida contra situações de injustiça, um ataque aos poderes, hierarquias e estruturas.
Über die Wut analisas o potencial da raiva, sobretudo a raiva das mulheres, com movimentos, imagens, músicas e textos. Nesse ponto, Sahra Huby é uma mulher com raiva e também leva ao seu lado para o palco todas aquelas mulheres raivosas testemunhas do presente e do passado: de Clitemnestra a Joana D’Arc, até chegar em Rosa Parks e Audre Lorde. Com elas, o trabalho propõe a questão de uma transformação fundamental e radical.
SOBRE ANNA KONJETZKY
Desde 2005 Anna Konjetzky cria obras e instalações de dança que sempre abordam o reflexo físico de questões sociopolíticas e o questionamento e a criação de comunidades e espaços. Seu trabalho foi exibido em festivais como Spielart, Dance, Tanzwerkstatt Munich, Cofestival Ljubljana, Unidram Potsdam, Festival Danse Balsa Marni Bruxelles. Em Cracóvia, Varsóvia, Luxemburgo, Campala, Nairóbi, Hanói, Istambul, Gante, Xangai, Salzburgo, Brasil.
Anna também cria para companhias de danças aclamadas, como Staatsheater Saarbrücken e a Staatsheater Braunschweig.
Leciona com frequência em várias universidades, onde cria obras com os alunos, como, por exemplo, na MDT dance university Amsterdam, ZZT cologne, Sead Salzburg, Beaux-arts Bruxelles.
Foi comtemplada com vários prêmios e bolsas, incluindo seu trabalho infanto-juvenil ‘running’, dos três finalistas do Prêmio Alemão de Teatro FAUST 2018 e a bolsa de dança da cidade de Munique em 2011.
Em 2009, venceu a competição “operare” da Ópera Contemporânea de Berlim durante o festival euro-scene Leipzig 2009. Em 2014, recebeu o “Förderpreis Tanz” (Prêmio de Fomento à Dança) da cidade de Munique.
Recebeu pela terceira vez o fomento de três anos da cidade de Munique, produzindo novos trabalhos com regularidade, pesquisando com a companhia Anna Konjetzky & Co e realizando um projeto de pesquisa de três anos na Nomadic Academy (https://nomadic-academy-ak.com/) com o suporte do TANZPAKT Stadt-Land-Bund.