Não encontrar alguém pode ser culpa sua

A maioria das mulheres que não tem alguém costuma colocar a culpa disso naqueles que se aproximam dela, mas nunca param para pensar que ele pode não estar querendo ficar com ninguém.

  • Data: 13/06/2016 15:06
  • Alterado: 13/06/2016 15:06
  • Autor: Roberto Paes
  • Fonte: Artigo de Roberto Paes, jornalista, psicanalista clínico e professor de teoria freudiana e lacaniana do Espaço Caminho do Meio em Santo André
Não encontrar alguém pode ser culpa sua

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Há pessoas que passam a vida dizendo que buscaram seu “príncipe encantado”, mas a única coisa que surgiu em suas vidas foram “vilões disfarçados”. Algumas mulheres dizem que isso é falta de sorte, outras dizem que “tem um dedo podre” quando o assunto é encontrar um parceiro e outras, já quase conformadas com a solidão, afirmam que não foram mesmo “feitas para conhecer a felicidade”.

Se pensarmos um pouco sobre cada uma destas frases, elas cabem como uma sentença que decretamos para nós mesmos e que, inconscientemente, fazemos com que aconteçam. Alguém que vive, por exemplo, em busca de um “príncipe encantado” é uma mulher sonhadora, que estabeleceu para si mesma um padrão de companheiro ideal e todos nós sabemos que isso praticamente é impossível de encontrar. Ou seja, esta pessoa está procurando alguém que não existe e certamente jamais o encontrará e acabará cumprindo sua grande meta que é a de permanecer só.

Já aquelas que colocam a culpa de sua solidão na sorte, ou melhor, na falta dela, acreditam que não está em suas mãos decidir sobre seu destino. Elas esperam que “uma força maior”, algo que apenas quem acredita em coelho da Páscoa e Papai Noel, é o responsável por sua infelicidade. Toda vez que atribuímos a alguém ou a alguma coisa nosso destino o que estamos fazendo é retirar de nós mesmos a possibilidade da auto realização. O que eu quero dizer é: se não acreditarmos em sorte ou qualquer outro fator alheio a nossa vontade, os únicos responsáveis pelo nosso destino somos nós mesmos. E aí voltamos à questão principal do estar só porque queremos estar sozinhos.

Há um terceiro tipo de mulher, aquela que atribui a si mesmo seus fracassos na tarefa de encontrar o amor. Ela tenta encontrar alguém, mas sempre acaba encontrando a pessoa errada e se convence de que não tem capacidade para atrair a pessoa certa. Esta mulher sofre mais do que as que comentei anteriormente pois ela tem a certeza de que é a responsável por seu sofrimento amoroso. O que ela não imagina é qual a original de seu “dedo podre”, mas, assim como as outras, o que a faz escolher as pessoas erradas é o seu desejo inconsciente de não estar ao lado de ninguém.

E, finalmente, talvez depois de ter passado por todas as fases mostradas aqui, existe aquela mulher que se conforma com o que ela mesma chama de “sua sina” e passa a conviver com o fato de que jamais encontrará alguém. São aquelas que dizem para si mesmas e para o mundo que vão “ficar para tia”. Elas se tornam pessoas amargas, depressivas e mesmo se mostrando conformadas, demonstram sua raiva contida na forma de comportamentos neuróticos e opiniões contundentes sobre tudo e todos. Elas também não sabem que decretaram para si mesmas a solidão.

Se pensarmos um pouco sobre qualquer ser humano, concluiremos que todos, sem exceção, desejam amar e, principalmente, ser amados por alguém. Queremos coisas simples como aquelas mostradas pelos filmes românticos e pelas novelas da TV. As mulheres desejam, mesmo que secretamente, por alguém que as respeite, as ampare, lhes permita ter uma família e a realização que tudo isso para trazer na bagagem. Então, se continuarmos pensando um pouco a respeito, o que faz alguém, inconsciente, desejar não alcançar isso? A explicação que encontraremos é a de que algumas pessoas não se acham merecedoras disso.

Pessoas que se privam de algo, inconscientemente, faço questão de frisar, estão se punindo por algo, por algum tipo de culpa que carregam e que está esquecido na memória. Esquecido o suficiente apenas para não ser lembrado, mas presente o suficiente para condicionar um comportamento e uma atitude neurótica. A culpa não é uma regalia dada apenas a algumas pessoas. Todos nós temos algo, um fato do passado, onde fizemos algo que achamos condenável e, dependendo do grau de condenação que damos a nós mesmos, nos sentimos impulsionados a nos punir, a nos fazermos pagar pelo que não deveria ter sido dito ou feito.

A questão, então, torna-se a descobrir pelo que estamos nos condenando a não merecer a felicidade. Neste sentido, a Psicanálise é uma ferramenta bastante eficaz para a descoberta daquilo que está em nosso inconsciente e insiste em não se mostrar. Um psicanalista, ao mostrar ao analisando o que há de desconexo nas palavras e atos que seu paciente pratica, permite ao analisando entrar em contato com suas contradições e, então, relembrar fatos que foram marcantes e até mesmo traumáticos, conseguindo assim a dissolução destes traumas.

E então, como que num passe de mágica, quem procurava um príncipe encantado finalmente o encontra quem não tem sorte passa a tê-la e os dedos podres desaparecem. Uma vez que a pessoa consegue se livrar da culpa e da necessidade de autopunição, novos horizontes se abrem e a busca por aquilo que parecia inatingível torna-se capaz.

Roberto Paes é Psicanalista Clínico, professor de Teoria Freudiana e Lacaniana e atende em seu consultório no bairro Jardim, Rua das paineiras, 685, em Santo André. Para conhecer seu trabalho visite o site: www.robertopaes.com.br. Para marcar uma consulta gratuita utilize os telefones (11) 2379-9766 ou (11) 2379-4634 ou através do celular (11) 9 8910-7569.

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  • Data: 13/06/2016 03:06
  • Alterado:13/06/2016 15:06
  • Autor: Roberto Paes
  • Fonte: Artigo de Roberto Paes, jornalista, psicanalista clínico e professor de teoria freudiana e lacaniana do Espaço Caminho do Meio em Santo André









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