ACNUR e Aldeias Infantis SOS ampliam parceria para acolher famílias afegãs
Centro de Acolhida e Integração em Poá, na Grande SP, foi adaptado e reaberto para receber famílias provenientes do Afeganistão com amplo apoio de serviços e atendimentos específicos
- Data: 04/10/2022 13:10
- Alterado: 04/10/2022 13:10
- Autor: Redação
- Fonte: Aldeias Infantis SOS
Crédito:Divulgação
A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e a organização parceira Aldeias Infantis SOS iniciaram o acolhimento no último dia 23 de setembro de famílias afegãs recém-chegadas ao Brasil. A primeira é composta por mãe, pai e três filhos que chegaram ao País com o visto humanitário. De acordo com dados compilados pelo ACNUR, já há mais de 2 mil afegãos no Brasil com este visto.
Com capacidade para acolher até 40 pessoas com perfil de acolhimento de famílias, o equipamento gerido por Aldeias Infantis SOS está localizado em Poá, na Grande São Paulo. Além da estrutura de moradia digna (com serviços essenciais como água, eletricidade e saneamento básico), o espaço disponibiliza acesso à internet, alimentação e outros serviços complementares, que são fundamentais ao processo de integração local.
Outro importante elemento que integra a prestação de serviços é a mediação cultural, propiciada por meio da contratação de um profissional afegão que também chegou recentemente ao Brasil, facilitando assim o trâmite das informações e o diálogo para a melhor acolhida.
“Sou formado em Direito e Ciências Políticas, tendo já atuado em meu país na prestação de ajuda humanitária às pessoas que foram forçadas a se deslocar. Aqui no Brasil, sinto-me responsável em assumir essa tarefa de facilitar o difícil processo de chegada de meus conterrâneos em busca de oportunidades para recomeçar suas vidas”, disse Ajmal Oria, de 28 anos.
A ação de acolhimento das famílias afegãs tem os mesmos moldes do trabalho desenvolvido pela parceria entre ACNUR e Aldeias Infantis SOS, referente ao programa Brasil Sem Fronteiras, que já acolheu mais de 4 mil pessoas venezuelanas, que chegaram ao país nos últimos quatro anos e foram interiorizadas para diferentes cidades e estados brasileiros.
“A ampliação desta parceria, agora com a chegada dos afegãos, é o reconhecimento do sucesso do trabalho que a Aldeias Infantis SOS está realizando ao longo dos últimos quatro anos, com o acolhimento de venezuelanos. Agora, a cultura e a origem das pessoas são diferentes, mas o acolhimento e o carinho com todos serão os mesmos”, destaca Sérgio Marques, sub-gestor nacional, responsável pelo Advocacy da Aldeias Infantis SOS.
Especificamente no caso das pessoas afegãs, o processo de referência aos diferentes abrigos existentes condiz com o perfil da população recém-chegada e está alinhada com os serviços públicos facilitados pela prefeitura de Guarulhos – por meio do Posto Avançado de Atendimento Humanizado ao Migrante (PAAHM), equipamento de referência localizado no aeroporto de Guarulhos, que também conta com a atuação de uma mediadora afegã e com o apoio do ACNUR.
“O ACNUR, nossas organizações parceiras – Aldeias Infantis SOS e Caritas São Paulo – e os poderes públicos municipais – Guarulhos e São Paulo – e estadual estão alinhados para propiciar acolhimento emergencial e meios de integração local para a população afegã que busca proteção internacional no país. Já realizamos o encaminhamento das famílias que estavam vivendo há dias no aeroporto, estamos prestando os devidos serviços de acompanhamento e seguiremos atuando de forma coordenada para melhor atender a quem foi forçado a deixar seu país”, afirma Oscar Pineiro, Representante Interino do ACNUR no Brasil.
A existência de três centro de acolhimento para a população afegã é reflexo da chegada destas pessoas que receberam o visto humanitário por parte do governo brasileiro. Em 3 de setembro, completou-se um ano da publicação da Portaria Interministerial n. 24/2021, que dispõe sobre o visto temporário e a autorização de residência por razões humanitárias para nacionais afegãos, apátridas e pessoas afetadas pela situação no Afeganistão.
Cerca de 6 mil vistos humanitários já foram concedidos pelos países vizinhos do Afeganistão e a tendência é de que haja mais chegada de famílias afegãs em busca de proteção e de oportunidades de recomeço de suas vidas.