Educação e Trabalho articulados promovem Desenvolvimento

O Grande ABC deu início nesta quarta-feira (02) a série de discussões sobre os caminhos para promover o desenvolvimento econômico e social a partir de seu capital humano. As iniciativas já existentes na área de qualificação de mão de obra – em níveis municipal, estadual e federal – bem como desafios e possibilidades, foram apresentadas e avaliadas sob diferentes aspectos, pontos de vista e por profissionais ligados ao setor em todo o país, durante o primeiro dia de atividades do seminário regional “Educação e Trabalho: uma articulação possível”.

Uma das questões apontadas como prioritária foi a preocupação com o futuro dos jovens que estão se preparando para ingressar no mercado de trabalho. De acordo com dados apresentados, em todo o país, há 7 milhões de pessoas entre 18 e 24 anos matriculadas em cursos de ensino superior. Outros 1,5 milhão de jovens na faixa etária estão em cursos de educação profissional.

Na avaliação do Secretário Especial do Trabalho do Ministério do Trabalho e da Previdência Social, José Lopez Feijóo, que participou da solenidade de abertura do seminário, a busca por equilíbrio entre os diferentes tipos de educação é um dos pontos a ser pensado. “Uma boa profissão garante que a pessoa ganhe bem a vida”, afirmou ao indicar a necessidade de ampliar o número de jovens em cursos de educação profissional que atendam a demanda do mercado. “É preciso agregar isso à verdadeira demanda das empresas por qualificação e pensar também como elevar o saber dos seres humanos. Ao fazer esse debate, o Grande ABC contribui para que possamos repensar os sistemas do ponto de vista de que eles estejam integrados”.

Representando o Ministério da Educação no evento, o diretor de Desenvolvimento da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica, Luciano de Oliveira Toledo, reforçou a necessidade de aproximar setores produtivo e instituições de ensino neste debate. “Com isso as instituições podem melhorar seus currículos e a qualidade de entrega de seus cursos. Essa é a agenda que o MEC quer investir e intensificar daqui por diante”, disse.

O vice-presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, Joaquim Celso Freire Silva, considerou que, a partir de ponderações como estas, feitas no seminário, poderão ser extraídos elementos para a construção conjunta do Plano Regional de Qualificação Profissional. “Se olharmos para o mundo como um todo, não conseguimos enxergar um país em que o conhecimento, que passa pela educação e pelo trabalho, não sejam sua sustentação”, ressaltou Freire sobre a importância dos temas em discussão.

Após a solenidade de abertura do evento, os participantes – gestores públicos, trabalhadores, especialistas, estudiosos do assunto e profissionais da área – acompanharam a apresentação da experiência da educação profissional na região italiana de Emília Romana, feita pelo secretário de coordenação de Políticas Europeias de Desenvolvimento, Escola, Formação Profissional, Universidade, Pesquisa e Trabalho do governo local, Patrízio Bianchi.

O palestrante comentou cases bem-sucedidos na região italiana promovidos pela reestruturação de políticas de educação profissional, que, entre outros aspectos, garantiu a atração de novos negócios de alto valor agregado para cidades de Emília Romana. Esse processo de mudança da relação entre profissionais e instituições de ensino aconteceu durante momento de crise econômica na Europa, também explicada por Bianchi, que falou sobre a concorrência global e o pensamento contemporâneo sobre a temática. “Acredito na conexão entre educação e trabalho. Não pensem que a globalização é fácil e que tudo é fornecido pelo mercado. O mercado é uma construção social. Precisamos trabalhar em comunidade, o que é um sonho, mas também precisamos ter bons sonhos”, finalizou.

No período da tarde, o seminário sediou sua primeira rodada de debates, sobre “Políticas Públicas da Educação Profissional”. A mesa temática, moderada pelo secretário executivo do Consórcio Intermunicipal Grande ABC, Luis Paulo Bresciani, contou com a participação do economista Fausto Augusto Júnior, do Dieese, de Naira Lisboa Franzoi, pesquisadora de Educação Profissional da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, do secretário de Educação de São Bernardo do Campo, Paulo Dias, e do diretor do CIESP Diadema, Donizete Duarte da Silva.

Para Bresciani, é importante que a educação profissional esteja permanentemente pautada na região e em todo o país. “Podemos sempre melhorar a integração entre o ensino e o mundo do trabalho, inovando, atualizando a grade de cursos, atendendo a diversificação econômica e otimizando o uso dos recursos destinados para o setor”, opinou.

AGÊNCIA GABC E CONSÓRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC LANÇAM GUIA DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
Trabalhadores, empresas e estudantes da região do Grande ABC contam com mais de mil cursos em três diferentes níveis de educação profissional, ofertados pelo Poder Público e por instituições privadas. É o que aponta levantamento realizado no segundo semestre de 2015 pela Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC. Os dados detalhados sobre os cursos, distribuídos por municípios, constam no Guia da Educação Profissional e Tecnológica do Grande ABC, lançado nesta quarta-feira, dia 02, pela entidade, em parceria com o Consórcio Intermunicipal Grande ABC, durante a abertura do seminário regional “Educação e Trabalho: uma articulação possível”.

A partir do Guia, a Agência GABC traçou panorama de cursos disponíveis, incluindo informações sobre as instituições ofertantes. Os dados serão apresentados e analisados durante o segundo dia de debates do seminário pelo coordenador do departamento de Qualificação Profissional da Agência GABC, Jerônimo de Almeida Neto, que participará da mesa temática “Contextos: demandas e desafios da Educação Profissional”.

O lançamento do Guia da Educação Profissional e Tecnológica do Grande ABC, bem como a realização do seminário regional, faz parte da construção colaborativa de diagnóstico sobre o assunto, que irá compor, futuramente, o Plano Regional de Qualificação Profissional. O documento reunirá informações sobre o que existe atualmente na região e traçará diretrizes da Educação Profissional para as sete cidades nos próximos anos.

No segundo dia, também serão debatidos “Contextos: demandas e desafios da educação profissional”, em mesa temática moderada pelo secretário executivo da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, Giovanni Rocco. A partir das 9h, o grupo de discussão abordará o tema, com a participação de Aguinaldo Nogueira Maciente, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), do diretor técnico do SENAI SP, Ricardo Figueiredo Terra, da diretora da FATEC Diadema, professora Priscila Praxedes Garcia Branco, de Gilberto Alvarez Giusepone Júnior, diretor da Escola do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e do Cursinho da Poli, e de Jerônimo de Almeida Neto, que apresentará a oferta de cursos de qualificação profissional da região.