Águas Queimam na Encruzilhada: espetáculo inspirado na vida cotidiana do Bixiga

A peça é uma ode à vida, tendo como pano de fundo uma escola de samba que é o ponto de convergência das personagens que trabalham de forma invisível para o carnaval

  • Data: 13/07/2022 07:07
  • Alterado: 17/08/2023 00:08
  • Autor: Redação
  • Fonte: Cia. Teatro do Incêndio
Águas Queimam na Encruzilhada: espetáculo inspirado na vida cotidiana do Bixiga

Águas Queimam na Encruzilhada

Crédito:Alécio Cezar

Você está em:

A Cia. Teatro do Incêndio estreia no dia 30 de julho (sábado, às 19h) o espetáculo Águas Queimam na Encruzilhada, texto inédito de Marcelo Marcus Fonseca, também diretor da montagem. O enredo traz histórias de vidas entrelaçadas por um bairro que se despedaça e resiste ao tempo, preservando sua paixão por uma escola de samba. Sob o olhar delirante e atento de Seu Luiz (Gabriela Morato), uma catadora de lixo, e a presença amistosa de Wanderley (Marcelo Marcus Fonseca), um compositor da velha guarda do samba, alcoólatra, as dores e pequenas alegrias de moradoras e moradores de um bairro são apresentadas em um desfile de sonhos e perdas.

A peça é uma ode à vida, tendo como pano de fundo uma escola de samba que é o ponto de convergência das personagens que trabalham de forma invisível para o carnaval. “Esta criação do Teatro do Incêndio é um desafio de linguagem que busca, entre a dramaturgia realista e o surrealismo, um mergulho no lugar mais fundo do cotidiano, traduzindo ’vidas simples’’ como poesias inconscientes”, revela o diretor Marcelo Marcus Fonseca. Ao todo, 10 personagens têm suas trajetórias contadas em uma espécie de novela dostoievskiana, em dois atos de movimentos distintos: o interior de suas casas e a rua/quadra da escola. As histórias se cruzam no cotidiano, entre elas: a cartomante enfrenta a doença do filho recém-nascido; um jovem poeta do sul do país transita pelos bares sem perspectivas; desempregados, o casal Zé e Nina carregam suas dores; a manicure esconde um grave problema de saúde e mantém-se presente na vida da comunidade; uma ex-passista vive as consequências do trauma que a afastou da escola de samba.

“O discurso de Águas Queimam na Encruzilhada é a vida diária. Não há espaço para palavras de ordem. Aqui as opiniões do autor e as denúncias foram eliminadas, cedendo lugar ao enfrentamento das dificuldades por quem está nesse lugar, sem olhar de piedade, indignação ou protesto, mas visando a grandeza do viver”, afirma o diretor e dramaturgo. Segundo ele, a companhia chega com uma nova estética, uma nova forma de abordar a vida. “Diferente do que vínhamos apresentando nas últimas montagens, aqui deixamos a trajetória falar pelas personagens, a realidade da vida ser traduzida pela poesia”. Segundo ele, a direção buscou a mudança de timbre para equalizar a voz conjunta do teatro, para a excelência da interpretação, para o encantamento. “Águas Queimam na Encruzilhada é uma peça sobre a passagem da vida e o nascimento de outras expectativas. Elucida a precariedade de nossa existência, mas também a beleza que habita cada respiração sagrada. Foi um longo processo de experimentação na busca da melhor atuação para a transmissão limpa dessas trajetórias”, argumenta.

A cenografia é composta por carrinhos irregulares que se movem pelo espaço cênico, bem próximos do chão, numa referência aos rios que correm sob a cidade com seus cursos irregulares, como o destino das personagens que habitam esse espaço, que pode ser o Bixiga ou qualquer outro lugar. “É quase o chão que se movimenta, o que muda é ao ponto de vista. Os lugares são identificados pela interpretação: casa, rua, escola de samba ou carros alegóricos”, comenta o diretor. A direção musical assinada por Renato Pereira traz nuances de uma ópera popular. A trilha sonora é executada ao vivo, com músicas compostas por Marcelo Marcus Fonseca, algumas em parcerias com Paulinho Pontes, e sambas (da velha guarda) cantados em quadras de escola.

O trabalho de pesquisa e escrita do texto, inspirado no Bixiga, e a construção do espetáculo é resultado do projeto Sou Encruzilhada, Sou Porta de Entrada. Sou Correnteza da Vida, Esquina Cortada: Ave, Bixiga!,  contemplado na 36ª edição da Lei de Fomento ao Teatro Para a Cidade de São Paulo, permitindo ao Teatro do Incêndio dar continuidade à sua obra e às suas ações durante a pandemia. Para conceber a peça foram realizadas ações de escuta em sete rodas de conversa com mestres e mestras da cultura tradicional, ligados ao carnaval, entre eles Fernando Penteado, Thobias da Vai-Vai, Landão, Sonia Branco, Mestre Zulu, André Machado, José Pedrosa, Gláucio Roberto e representantes da Ala das Baianas da Vai-Vai.

Segundo Fonseca, o espaço foi reorganizado pela perspectiva da linguagem que estão reconstruindo. “Agora o teatro é vazado, de ponta a ponta, para acolher o desenho da palavra, a cadência das vozes e da escola que pulsa nas personagens”. Ele explica que Águas Queimam na Encruzilhada é uma reconquista da palavra simples, seca, cotidiana, com o peso que ela pode ter. “Não é preciso um grande vocabulário para ter uma profundidade de alma”, finaliza Marcelo Marcus Fonseca.

FICHA TÉCNICA – Texto e direção geral: Marcelo Marcus Fonseca. Elenco: Gabriela Morato, Elena Vago, Camila Rios, Francisco Silva, Almir Rosa, Marcelo Marcus Fonseca, André Souza, Cintia Chen, Yago Medeiros, Laura Nobrega, Jhenifer Delphino, Amanda Marcondes, Isabela Heloisa, Moiisés e Valcrez Siqueira. Direção de produção: Gabriela Morato. Direção musical e trilha original: Renato Pereira. Música ao vivo: Renato Pereira, Renato Silvestre, Jason Ricardo, Yago Medeiros e Rafael Mariposa. Músicas: “Minha Tese”, “Deus É Maior” e “Pra Quem Viu Subir Poeira” (Marcelo M. Fonseca e Paulinho Pontes); “Zé da Nina” e “A Máscara da Escola” (Marcelo M. Fonseca). Orientação musical – bateria de escola de samba: Alysson Bruno. Orientação de movimento: Vera Passos. Orientação vocal: Edi Montecchi. Iluminação: Rodrigo Alves “Salsicha”. Assistência de iluminação e operação de luz: Valcrez Siqueira. Figurinos: Gabriela Morato. Espaço cênico e cenografia: Gabriela Morato e Isabela Heloisa. Adereços: André Souza, Rafael Mariposa e Gabriela Morato. Confecção de figurinos, adereços e cenografia: Cia. Teatro do Incêndio. Fotos/divulgação: Arô Ribeiro e Alécio Cezar (externas). Assessoria de imprensa: Eliane Verbena. Design gráfico: Gus Oliveira. Idealização e produção: Cia. Teatro do Incêndio. Realização: Secretaria Municipal de Cultura, por meio da Lei de Fomento ao Teatro Para a Cidade de São Paulo – 36ª edição. 

Espetáculo: Águas Queimam na Encruzilhada
Estreia: 30 de julho de 2022 – sábado, às 19h
Temporada: sábado, domingo e segunda, às 19h – Até 26/09/22
Ingressos: R$ 10,00 (inteira), R$ 5,00 (meia) e Grátis (moradores da Bela Vista com comprovante de residência).
Ingressos/Sympla: www.sympla.com.br.
Duração: 180 min (2 atos com intervalo).Classificação: 14 anos. Gênero: Drama. Capacidade: 99 lugares.

Teatro do Incêndio
Rua Treze de Maio, 48 – Bela Vista / Bixiga. SP/SP.
Espaço com acessibilidade.
teatrodoincendio.com | @teatrodoincendio.
Estacionamento conveniado: 15,00 – Rua Treze de Maio, 47.

Compartilhar:

  • Data: 13/07/2022 07:07
  • Alterado:17/08/2023 00:08
  • Autor: Redação
  • Fonte: Cia. Teatro do Incêndio









Copyright © 2024 - Portal ABC do ABC - Todos os direitos reservados