G10 Favelas e Fluxo sem Tabu se unem em projeto de combate à pobreza menstrual
A ação aconteceu em Paraisópolis; o projeto ainda deve se expandir por outras comunidades pelo Brasil
- Data: 30/05/2022 18:05
- Alterado: 30/05/2022 18:05
- Autor: Redação
- Fonte: Assessoria
Crédito:Cria Brasil
Na última sexta-feira o G10 Favelas, bloco de líderes e empreendedores que atua em comunidades de todo Brasil, realizou a entrega de milhares de kits destinados a higiene íntima (feminina) no Campo do Palmeirinha – Paraisópolis, junto ao anúncio do programa de combate à pobreza menstrual. A ação ocorreu na véspera do Dia Internacional da Higiene Menstrual (28 de maio) e marcou um momento histórico para a comunidade, no qual mulheres em situação de vulnerabilidade social, da região, recebem assistência no acesso a recursos básicos.
O projeto não trata-se de uma campanha pontual, e portanto, famílias e mulheres cadastradas pelos presidentes de rua, serão beneficiadas com kits de absorventes mensalmente. Um mapeamento foi realizado em parceria com a Associação das Mulheres de Paraisópolis (AMP), o G10 Favelas e a iniciativa Fluxo sem Tabu, selecionando o público mais carente do recurso para fazer parte desse grupo.
Atualmente, uma em cada dez meninas falta às aulas durante o período menstrual, segundo dados da ONU. No Brasil, esse número é ainda maior: uma entre quatro estudantes já deixou de ir à escola por não ter absorvente – sendo a grande maioria moradoras de periferia. Segundo dados do Infopen, também observamos casos gritantes de pobreza menstrual nas penitenciárias, onde 24,9% das mulheres brasileiras presas não têm acesso a um kit de higiene adequado, com a quantidade recomendada de absorventes para usar ao longo do ciclo, e acabam recorrendo ao uso de materiais inapropriados para conter o fluxo – como panos, restos de jornal, papel higiênico e até miolo de pão, aumentando o risco de doenças e infecções.
Durante o evento, 27, algumas mulheres comentaram sobre a lista de prioridades que antecedem a higiene pessoal. Hoje, 13% da população vive com uma renda inferior a R$ 246, sendo que estima-se um gasto mínimo de R$ 30 a cada ciclo menstrual. Para elas, em um cenário onde os recursos financeiros são insuficientes, as responsabilidades concentram-se na alimentação, energia, água e transporte. “Não há espaço para preocupações deste tipo. Mas a sociedade não pode deixar de enxergar como uma questão de dignidade pela qual não temos forças suficientes, sozinhas, para transformar”.