26 de março – Dia Internacional de Conscientização sobre a Epilepsia
Especialista do Sabará Hospital Infantil esclarece as principais dúvidas sobre o tema
- Data: 25/03/2022 09:03
- Alterado: 25/03/2022 09:03
- Autor: Redação
- Fonte: Sabará Hospital Infantil
Crédito:Freepik
A epilepsia, segundo a Liga Brasileira de Epilepsia, é uma doença neurológica caracterizada por alteração, temporária e reversível, das descargas elétricas cerebrais ocasionando as crises epilépticas que podem se manifestam por meio de alterações da consciência ou dos movimentos erráticos, sensitivos/sensoriais, autonômicos como suor excessivo, queda de pressão ou psíquicos involuntários. A doença afeta pessoas de todas as faixas etárias e tem causas diversas.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a doença atinge mais de 50 milhões de pessoas no mundo e cerca de três milhões de brasileiros. A maior parte dos tipos de epilepsia, que podem ser sucintamente divididas entre parciais e generalizadas, tem início na infância, até os cinco anos de idade. A condição é mais recorrente em bebês nascidos em países em desenvolvimento e em populações rurais. Da totalidade dos casos, uma média de 70% a 80% desaparece na adolescência, porém, 20% a 30% podem ser consideradas graves e permanecem até o fim da vida.
De acordo com o neurologista pediátrico e coordenador da Linha de Cuidado em Neurologia do Sabará Hospital Infantil, Dr. Carlos Takeuchi, a epilepsia pode apresentar diferentes características entre os meninos e as meninas. “As meninas adolescentes têm os hormônios mexendo com seu organismo mensalmente. Na adolescência passam pela introdução de métodos contraceptivos e tudo isso faz diferença na hora do tratamento”, explica o neuropediatra.
Dr. Carlos Takeuchi explica que a epilepsia infantil pode ter diversas causas: “podem surgir a partir de problemas congênitos ou malformações, algumas infecções cerebrais como encefalite e meningite viral ou tumores cerebrais ou algum trauma ou ferimento na região do cérebro”. Cada subtipo de epilepsia afeta o cérebro de maneira diferentes.
Como se faz o diagnóstico
O diagnóstico é feito a partir da suspeita clínica e depois se pedem exames complementares. Quando há a suspeita clínica de epilepsia exame mais indicado, que analisa a atividade elétrica cerebral, é o eletroencefalograma (EEG). “O EEG não é invasivo, pode ser feito ambulatorialmente, quando tem uma duração mais curta de uma a duas horas ou com a criança internada quando pode-se fazer monitorizações mais prolongadas, de acordo com a solicitação do médico da criança. É sempre importante monitorizar todas as fases desde a vigília quando o paciente está acordado, até o sono, incluindo a sonolência e, em situações especificas como nas crises de espasmos infantis, é mandatório o registro do despertar. “O Sabará conta com os melhores equipamentos do mercado, sendo referência na investigação diagnóstica de epilepsia”, destaca a Dra. Marcilia Lima Martyn, responsável pelo Serviço de Neurofisiologia Clínica do hospital. “Aqui realizamos exames de EEG todos os dias, inclusive aos fins de semana para os pacientes internados. Contamos com uma equipe médica especializada em Neurofisiologia, com muita experiência em pediatria e uma equipe técnica altamente treinada para lidar com crianças – diferenciais muito importantes quando o assunto é criança”, afirma a médica.
Outro exame muito importante durante a avaliação da epilepsia assim como de outras doenças neurológicas, é a Ressonância Magnética, que por meio de imagens tridimensionais, permite avaliar a estrutura cerebral e possíveis lesões cerebrais.
“O Sabará é um hospital referência para a realização de Ressonância Magnética sem intubação em crianças. Acompanhado de uma equipe de anestesistas pediátricos que é referência no país, proporcionando um melhor resultado e mais segurança no procedimento para a criança, que é uma das grandes preocupações dos pais”.
Como a epilepsia possui inúmeras causas, muitas vezes, são feitos outros exames, como líquor (para estudos bioquímicos ou pesquisa de anticorpos ou ainda estudos genéticos) para melhor esclarecer a doença.
Linha de Cuidado da Neurologia
Uma das linhas de cuidado em alta complexidade, a Neurologia do Sabará Hospital Infantil recebe bebês, crianças e adolescentes de vários lugares do país com todos os tipos de distúrbios neurológicos e doenças do sistema nervoso e muscular.
Contamos com a primeira e maior UTI pediátrica privada do Brasil que recebe crianças que precisam dos mais variados cuidados e ou tratamentos especiais. Entre os casos atendidos, estão pacientes em pós-operatório de grandes cirurgias, como as neurocirurgias e as cardíacas e os pacientes que apresentam alguma doença ou distúrbio que necessite de um acompanhamento permanente, que podem contar com uma equipe multidisciplinar extremamente especializada e completa.
Além disso, o Sabará oferece um portfólio completo de exames como líquor e exames genéticos, além do EEG, ressonância magnética e tomografia computadorizada, que podem ajudar no diagnóstico de maneira mais rápida e assertiva, melhorando a qualidade de vida da criança.
MITOS E VERDADES SOBRE EPILEPSIA
Para esclarecer as principais dúvidas sobre epilepsia infantil, o Dr. CarlosTakeuchi respondeu alguns mitos e verdades sobre a doença.
A epilepsia é uma doença contagiosa.
Mito. Por ser uma doença neurológica ela não é transmitida para ninguém.
As crises podem ser controladas com medicamentos.
Verdade. Na maioria dos casos (70%), as crises são controladas com a administração de medicamentos. No entanto, é importante que o paciente tenha o acompanhamento com especialistas para observar o desenvolvimento motor (e cognitivo) da criança.
A criança e ou o adolescente com epilepsia não tem condições de viver uma vida normal.
Mito. A maioria das pessoas com epilepsia tem condições plenas de ter uma vida próxima do normal, desde que sejam adequadamente tratadas e tenham total adesão a esse tratamento.
Os pacientes com epilepsia apresentam dificuldade de aprendizado.
Depende do caso. A maioria dos pacientes que possui apenas a epilepsia, sem nenhuma outra comorbidade associada, não tem dificuldade de aprendizado ou alterações mentais. Mas a dificuldade de aprendizado existe sim em alguns casos e pode ser consequência da doença em si ou até mesmo efeito colateral das medicações usadas ou efeito indireto como por exemplo pelo sono excessivo que é o efeito colateral mais comum das medicações.
Durante uma crise convulsiva deve-se segurar os braços e a língua da criança.
Mito. O ideal é coloca-la deitada com a cabeça de lado para facilitar a saída de possíveis secreções e evitar a aspiração de vômito. Não se deve colocar nenhum tipo de objeto na boca da criança.
Toda criança que possui epilepsia irá sofrer de convulsão em algum momento.
Depende do caso. Convulsão é o evento clínico, quando o indivíduo tem uma crise epiléptica com abalos motores. Existem crises epilépticas sem eventos motores, como a crise de ausência, comum em crianças na idade escolar. A epilepsia ocorre quando o indivíduo tem crises epilépticas, que podem ser convulsões, recorrentes.
A epilepsia não tem cura.
Mito. Sim algumas formas têm cura, principalmente as epilepsias de “idade dependente” que ocorrem na infância.
Todas as crianças que sofrem com epilepsia precisam de cirurgia.
Mito. Algumas formas podem se beneficiar de tratamentos cirúrgicos, mas são casos pontuais.
CIRURGIA DE EPILEPSIA
Em alguns tipos de epilepsia, a cirurgia é pensada como uma opção de tratamento. Ela pode ser realizada quando há alguma lesão cerebral causando uma epilepsia secundária ou quando não há lesões, mas as convulsões não são controladas com medicação.
“É importante salientar que a cirurgia para epilepsia é definida por meio de um estudo multidisciplinar que, a partir de uma avaliação clínica integrada, define se o paciente é eletivo para esse procedimento. Essa possibilidade de tratamento cirúrgico traz vários benefícios ao paciente, como por exemplo, controle de convulsão (em alguns casos em até 100%) o que melhora significativamente a qualidade de vida e o desenvolvimento neuropsicomotor ou cognitivo do paciente”, explica o neurocirurgião do Sabará Hospital Infantil, Dr. José Erasmo Dal Col Lucio.