A ciência da frenagem de um Stock Car
Parar um carro de 1.380 quilos a 270 km/h em poucos segundos não é tarefa simples. Circuito oval de Goiânia proporciona uma das maiores velocidades da temporada - com 2 pontos de frenagem
- Data: 19/03/2022 09:03
- Alterado: 19/03/2022 09:03
- Autor: Redação
- Fonte: Fras-Le
Crédito:Vanderley Soares / P1 Media Relations
A Stock Car Pro Series realiza a segunda etapa da temporada 2020 neste final de semana no Autódromo Internacional Ayrton Senna, em Goiânia. E o segundo encontro do ano na principal categoria do automobilismo brasileiro será realizado em altíssima velocidade. Isso porque a pista escolhida será a externa, o circuito oval de 2.695 metros, onde os carros alcançam velocidades próximas dos 270 km/h.
Com três curvas à direita, uma é feita sem necessidade de redução de velocidade, justamente no trecho da junção entre o oval e o circuito misto. Mas duas destas três curvas exigem frenagens fortíssimas que promovem reduções de velocidade superiores a 100 km/h em poucos metros e menos de três segundos.
“Goiânia é um dos melhores circuitos do Brasil, o que torna a prova sempre muito competitiva e acirrada”, destaca André Brezolin, engenheiro de projeto da Fras-le e Fremax, empresas que equipam todos os carros da categoria com pastilhas e discos de freio, respectivamente.
“O clima da cidade, geralmente quente e seco, não costuma ser muito favorável para o resfriamento dos componentes do carro como um todo, principalmente para os freios. Umidade do ar baixa, temperatura ambiente e do asfalto elevadas… tudo isso colabora para ser um dos circuitos mais difíceis para aplicação de freio. Isso sem contar que as velocidades de reta que são altas e isso exige muito mais dos freios”, destaca o engenheiro das fornecedoras oficiais.
Para se ter uma ideia do tamanho da exigência com o sistema de freios, os discos que a Fremax fornece à Stock Car Pro Series suportam uma temperatura de trabalho de até 720ºC, enquanto as pastilhas que a Fras-le entrega a todas as equipes são projetadas para aguentar ainda mais calor: 840ºC sem que haja qualquer perda de eficiência.
Na curva 1 do circuito, os carros se aproximam do ponto de frenagem a cerca de 250 km/h. A frenagem dura cerca de três segundos e o carro percorre 150 metros neste período reduzindo a velocidade em 125 km/h para contornar a primeira curva do traçado. A curva três, chamada de curva zero, que leva à reta principal, exige ainda mais: os carros chegam ao ponto de frenagem, pouco antes da placa de 100 metros da curva, a 265 km/h e pisam com força no freio, fazendo o carro reduzir 165 km/h em cerca de 120 metros e 2,5 segundos, gerando uma força gravitacional de 1,5 G sobre o corpo do piloto.
Na visão de quem pilota e faz parar essas máquinas de 1.380 quilos a velocidades altíssimias, a frenagem no oval de Goiânia tem de ser muito bem executada para que não comprometa a saída das curvas e, consequentemente, a velocidade de reta, tão importante quanto a frenagem neste tipo de circuito. “Por se tratar de um traçado externo, é uma pista onde a gente tenta maximizar a velocidade de reta, buscando um acerto para que o carro evolua bastante nelas. Tendo uma carga de aerodinâmica menor, a gente exige muito mais dos freios, ainda mais em Goiânia que é uma pista quente, que não refrigera tanto os freios e que a gente anda muito no vácuo dos outros carros”, explica Ricardo Maurício, da Eurofarma-RC, tricampeão da Stock Car.
“A reta oposta é a maior reta do autódromo onde a gente chega ao final dela em sexta marcha a 265km/h e faz uma freada muito brusca, aproveitando ao máximo do freio e do freio motor (reduzindo as marchas) para ajudar a parar o carro”, diz o piloto do Chevrolet Cruze #90, o único na história da Stock Car a vencer as duas corridas de uma mesma etapa – feito conquistado em 2021 justamente no circuito oval de Goiânia.