Voluntariado Educacional
Por Pablo Fabiano Barbosa Carneiro, filósofo e historiador especializado na formação de docentes para o Ensino Superior e Filosofia e Autoconhecimento
- Data: 20/08/2020 20:08
- Alterado: 20/08/2020 20:08
- Autor: Redação
- Fonte: FSA
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O voluntariado é uma ação transformadora realizada por um indivíduo ou grupo, que se efetua pela doação de tempo, de trabalho e de talento por uma causa social. Instigado pela sociedade e para a sociedade, o trabalho voluntário pode atuar nas mais variadas causas: defesa do ambiente, saúde, educação, esporte e lazer, cultura e arte, defesa de direitos. No trabalho voluntário sempre se aprende. Aprende-se a enxergar o outro, entender a sua necessidade e o que pode ser feito para melhora-la; a lidar com as diferenças; ser altruísta; e lutar pela transformação social. Afastando-se do individualismo, da isenção de responsabilidade social, o conceito de voluntariado aproxima-se do sentido de solidariedade resultando em um trabalho de melhoria na qualidade de vida de todos os envolvidos.
Por meio de ações de voluntariado os alunos têm a oportunidade de desenvolver, de forma prática, habilidades e competências que extrapolam a sala de aula, como cidadania, a solidariedade, a dignidade, o respeito, o senso ético, o trabalho em equipe, a resiliência, o foco, são alguns dos valores fundamentais para a formação pessoal e social. Sendo assim, por que não pensar no voluntariado como uma experiência formativa e pedagógica na escola ou na universidade? O voluntariado nos ambientes acadêmicos proporciona uma metodologia educativa que une teoria e prática e estimula a participação do jovem, a partir de uma formação mais crítica e social.
Com o apoio da escola, da universidade e da família, o voluntariado passa a ser uma atividade extracurricular de formação para o aprender a relacionar-se, a desenvolver autonomia, autocrítica e de autoconhecimento.
Vivenciamos o século dos avanços tecnológicos. A tecnologia melhora processos, aprimora técnicas e instrumentos para o conforto da vida humana. Já o voluntariado educacional visa o aprimoramento das relações humanas, da fraternidade social, do olhar para o outro com atenção e zelo, da humanização dos espaços sociais e da partilha das experiências de vida de cada um. Assim, as atividades solidárias desenvolvidas pelos alunos podem ser uma nova forma de aprender. Um bom projeto de voluntariado educacional permite aos jovens aprender conteúdos acadêmicos e, ao mesmo tempo, realizar tarefas importantes de responsabilidade em sua comunidade, no ambiente acadêmico ou empresarial.
De acordo com o artigo 1º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) de 1996, a escola tem que se vincular às práticas sociais. Com isso, os trabalhos socioeducativos podem articular-se com conteúdos curriculares aplicados a problemas reais de mudança na estrutura social de uma comunidade escolar ou extraescolar.
Os alunos que participam de atividades de voluntariado se desenvolvem de acordo com os quatro pilares da educação, conforme Jacques Delors citou em seu documento chamado “Quatro pilares da educação para o século XXI”: aprendem a aprender, a fazer, a ser e a conviver.
Em um universo de culto à tecnologia, nossos jovens precisam ser desafiados a participar de projetos sociais em que os espaços da escola ou da universidade ensinem a integridade, a autonomia, a generosidade, o respeito, o diálogo e que possam inseri-los na sociedade de forma crítica e ativa, como verdadeiros protagonistas de uma sociedade mais humanizada.
Enfim, é importante pensar o voluntariado educacional a partir de três ideias principais. Primeiro, faz-se necessário relembrar que o voluntariado educacional é uma estratégia facilitadora da aprendizagem e que proporciona a vivência da solidariedade, da tolerância e da compreensão do outro. Favorece uma dupla formação: pessoal e social. O segundo ponto a ser ressaltado é que o projeto de voluntariado deve representar a proposta educacional da instituição e precisa estar intimamente ligado à sua missão para que se construa uma identidade entre envolvidos e instituição de ensino. E a terceira consideração refere-se à necessidade da construção coletiva do projeto. Alunos, professores, colaboradores, pais e responsáveis e comunidade devem participar, propiciando uma força propulsora, pois como disse o cantor e compositor Raul Seixas: “O sonho que se sonha só é só o sonho que se sonha só. Mas o sonho que se sonha junto é realidade”.
Pablo Fabiano Barbosa Carneiro
Filósofo e historiador especializado na formação de docentes para o Ensino Superior e Filosofia e Autoconhecimento. Mestre em História da Filosofia com ênfase em Ética e Política, ministra aulas de Filosofia e coordena os projetos de voluntariado no Colégio Termomecanica e o programa de Extensão Universitária na Faculdade de Tecnologia Termomecanica em São Bernardo Campo/SP.