Visão muito embaçada? Cuidado! Pode ser ceratocone

Doença que atinge uma em cada vinte mil pessoas é mais comum na adolescência, mas pode ocorrer até os 30 ou 40 anos

  • Data: 12/06/2013 15:06
  • Alterado: 12/06/2013 15:06
  • Autor: Redação
  • Fonte: Prof. Dr. Renato Neves, cirurgião-oftalmologista
Visão muito embaçada? Cuidado! Pode ser ceratocone

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Nós enxergamos através da córnea, que é uma lente transparente, parte central da superfície dos olhos. Quando a córnea perde seu formato arredondado e começa a sofrer alterações, adquirindo forma cônica, os sintomas mais frequentes são visão embaçada, formação de imagens borradas e com ‘fantasmas’, além de sensibilidade à luz e formação de halos em torno de lâmpadas e outras fontes luminosas. À primeira vista, pode parecer um astigmatismo elevado. Mas, trata-se de ceratocone, doença que atinge jovens desde a adolescência até os 30 ou 40 anos, quando a doença tende a se estabilizar.

De acordo com o doutor Renato Neves, diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos, em São Paulo, surpreendentemente, muitos novos casos de ceratocone vêm sendo diagnosticados ao realizar os exames que normalmente antecedem a cirurgia refrativa para correção de grau, como o exame de topografia ocular.  O histórico familiar é um fator de risco importante para a doença. “Se um dos pais desenvolveu ceratocone, o mais indicado é fazer um check-up anual dos filhos desde os dez anos de idade. Pessoas alérgicas e com determinados problemas de saúde também têm mais predisposição a essa doença que enfraquece o colágeno responsável por manter a forma arredondada da córnea”.

Neves diz que as alterações na córnea podem progredir ou estacionar a qualquer momento, sendo que ainda não se sabe ao certo a sua causa. De todo modo, mesmo na fase inicial é difícil a pessoa conseguir enxergar bem sem usar óculos ou lentes de contato. “A forma mais grave do ceratocone pode resultar na perda da visão, exigindo transplante de córnea. Por isso, é de fundamental importância o diagnóstico precoce para interromper sua progressão e permitir um tratamento mais bem-sucedido”.

São cinco as fases do ceratocone: inicial (tratada com óculos e lentes de contato), moderada e estável, moderada em evolução, avançada e avançada com opacidades (que exige transplante de córnea). “Quando, além do ceratocone, o paciente também tem alto grau de miopia, ele pode se beneficiar muito das lentes intraoculares fácicas. Elas são implantadas no interior dos olhos e podem corrigir até 20 graus de miopia”, diz o médico.

Numa fase intermediária, os anéis intracorneanos são indicados para restaurar o formato arredondado da córnea. A técnica envolve a inserção de dois segmentos de arco de acrílico especial na córnea. Recentemente, o procedimento foi incluído pela ANVISA nos itens obrigatórios de correção por planos de saúde no Brasil. Outra técnica empregada com sucesso é o cross linking. “Já que o ceratocone é uma alteração nas fibras de colágeno, aplicamos uma vitamina chamada riboflavina (B2) na córnea para estimular novas ligações entre as moléculas de colágeno. A técnica não só endurece a parte anterior da córnea e estabiliza o ceratocone, como em alguns casos proporciona melhor visão. Trata-se de uma alternativa segura e que tem resultado em importantes benefícios para os pacientes”, diz Neves.

O oftalmologista afirma, ainda, que antes de se pensar em transplante de córnea – opção para estágios mais avançados da doença – é possível recorrer ao ‘método CAP’ (Contour Ablation Protocol). “Neste caso, esculpimos a córnea utilizando o laser Excimer até atingir o resultado ideal. Pacientes com mais de 30 anos de idade, visão estável e córneas com boa espessura podem se beneficiar muito desse procedimento”. 

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  • Data: 12/06/2013 03:06
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  • Fonte: Prof. Dr. Renato Neves, cirurgião-oftalmologista









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