Vale a pena comprar um gerador para dias de apagão? Entenda como o aparelho funciona
Para o cidadão comum, o trauma mexeu também com a lista de desejos de consumo, e geradores de energia elétrica viraram a bola da vez
- Data: 17/12/2023 15:12
- Alterado: 17/12/2023 15:12
- Autor: Tamara Nassif
- Fonte: FOLHAPRESS
Crédito:Reprodução
Ficar sem energia elétrica virou o novo pesadelo dos paulistanos. Os últimos apagões na cidade, em novembro, deixaram milhões de pessoas no escuro -em alguns casos, por mais de uma semana- e causaram prejuízos para toda sorte de estabelecimentos, de comércios a escolas municipais.
Para o cidadão comum, o trauma mexeu também com a lista de desejos de consumo, e geradores de energia elétrica viraram a bola da vez. O aparelho foi o terceiro termo mais clicado na categoria Casa e Construção do Google Trends, segundo pesquisa divulgada às vésperas da Black Friday, no final do mês passado.
Os geradores residenciais transformam a queima de combustíveis, em geral diesel e gasolina, em energia elétrica. São ideais para apagões e espaços de rede de distribuição escassa, como sítios, acampamentos e lugares remotos. Além disso, funcionam só quando a rede de energia tradicional é suspensa, o que impede gastos desnecessários.
Mas é um investimento alto: os aparelhos vão de R$ 600 a mais de R$ 90.000, a depender da marca, potência elétrica, combustível, tempo de autonomia, emissão de ruído, motor, entre outros fatores. O preço é proporcional à capacidade de abastecimento -ou seja, quanto maior a potência, mais caro é- e opções acima de R$ 1.000 são as mais comuns.
“Antes de tomar qualquer decisão, é importante pesar na balança. Com que frequência você vai usar o gerador? Qual a duração e a recorrência dos apagões onde você mora? Você tem alguma necessidade especial que depende da eletricidade?”, diz Vanderlei Martins, professor de MBAs da FGV (Fundação Getulio Vargas) e especialista em planejamento energético.
“Não temos vendavais e tempestades como as vistas em novembro todos os dias. Precisa pesar se o investimento vale a necessidade.”
Para se ter uma ideia, o gerador mais barato, de R$ 600, tem uma das menores potências elétricas disponíveis no mercado, a 800 W (ou 0,8 KVa). Movido a gasolina, mantém o funcionamento de alguns equipamentos, como geladeira e lâmpadas, por até três horas, a depender do que está conectado a ele. O tanque, para esse modelo mais simples, tem capacidade de até cinco litros. Isso significa que, além do valor inicial, também é preciso bancar o combustível pelas horas em que o gerador vai funcionar.
Aparelhos que funcionam a base de gasolina e diesel são os mais comuns. “Ainda que estejamos em um momento de transição energética, fontes renováveis não são viáveis pelo preço e pela escala”, diz Martins. Mesmo painéis de energia solar, que abastecem baterias para momentos sem luz do Sol, não têm capacidade de armazenamento para longas horas.
Para José Aquiles, engenheiro elétrico e livre-docente na Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo), as fontes renováveis ainda encontram outro empecilho: a disponibilidade. “Energia solar e eólica dependem das condições climáticas, então você não tem a garantia de que vai ter suprimento quando faltar luz”, afirma.
Entre as opções disponíveis, os geradores movidos a gasolina são mais silenciosos do que os a diesel, geralmente custam menos e são menos poluentes. Por outro lado, têm potências menores e precisam de mais combustível para gerar a mesma quantidade de energia -o que encarece o abastecimento.
Já os movidos a diesel, embora mais barulhentos e poluentes, têm uma vida útil maior, custam menos na manutenção e rendem mais. Para Carlos Olinto, diretor da empresa Essencial Energia, ainda é sinônimo de mais segurança, já que a gasolina é mais inflamável. Pelas vantagens, o diesel costuma ser o mais indicado para condomínios residenciais, por exemplo, além de hospitais, indústrias e outros serviços essenciais.
“No caso dos condomínios, se torna um custo bem menor para o consumidor, já que ele é rateado por todos os moradores e dura mais de vinte anos”, diz Martins.
Caso decida por investir em um gerador residencial, se atente às dicas abaixo:
– Contrate prestadores de serviço para o momento da instalação. Embora não seja complicada, exige conhecimentos de fiação, e contatar um profissional especializado mitiga riscos de acidentes.
– Calcule qual é a potência ideal para atender ao que você precisa. Para isso, some as potências de todos os equipamentos que deseja que funcionem durante um apagão. Mas atenção: geladeiras, freezers e outros aparelhos com motores elétricos a indução consomem quatro vezes mais energia quando ligados ao gerador. Isso quer dizer que, se sua geladeira gasta 100W na rede normal, ela gastará 400W no gerador.
– Conte com uma margem de segurança para não sobrecarregar o gerador. Ou seja, se a soma dos seus equipamentos deu 1.400W, aposte em um aparelho de potência nominal maior que isso.
– Se atente à emissão de ruído para não atrapalhar vizinhos. Pela Lei do Silêncio, o barulho não deve ultrapassar 55 decibéis (dB) no período da manhã e 50 dB durante a noite. A maioria dos geradores apresenta essa informação nos detalhes técnicos.