Vacina contra Chikungunya é aprovada nos EUA; Butantan tentará liberação para o Brasil
Desenvolvida por empresa parceira do Instituto Butantan, a Ixchiq — primeira vacina contra Chikungunya — é liberada nos Estados Unidos
- Data: 10/11/2023 17:11
- Alterado: 10/11/2023 17:11
- Autor: Rodilei Morais
- Fonte: FDA; G1
Imagem Ilustrativa
Crédito:Butantan
A agência regulatória Food and Drug Administration (FDA) — que nos Estados Unidos cumpre a mesma função da Anvisa no Brasil — aprovou nesta sexta-feira (10) a primeira vacina contra a doença Chikungunya. A empresa responsável pela produção do imunizante é a Valneva, companhia de biotecnologia francesa com sedes na Áustria e parceira do Instituto Butantan, no Brasil.
Em dose única e aplicável, até o momento, em pessoas maiores de 18 anos, a Ixchiq contém uma versão atenuada e viva do vírus causador da enfermidade. Efeitos colaterais, similares aos sintomas da doença, são esperados nas pessoas que tomarem a vacina.
Transmitida pelo Aedes aegypti, mesmo mosquito que carrega os vírus da dengue e da febre zika, a chikungunya chegou há 10 anos no Brasil e já atingiu mais de um milhão de pessoas, fazendo cerca de 900 vítimas neste período. Seus principais sintomas são febre e fortes dores nas articulações — sendo que estas podem ser persistentes por meses e até anos, em alguns casos, tornando a enfermidade altamente debilitante. Além disso, a doença pode causar vermelhidão na pele, dores de cabeça, náuseas e calafrios.
Peter Marks, médico e diretor do Centro de Pesquisa e Avaliação Biológica da FDA declarou que “a aprovação de hoje atende uma demanda médica de forma inédita e é um importante avanço na prevenção de uma doença potencialmente debilitante e com opções limitadas de tratamento.”
Dois estudos clínicos foram realizados na América do Norte para garantir a segurança do imunizante, com cerca de 3.500 adultos recebendo a dose, além de 1.000 participantes recebendo placebo. Já sua efetividade foi validada em um teste posterior, comparando a resposta imunológica de 266 daqueles que foram vacinados com a Ixchiq com 96 dos voluntários que receberam placebo. Quase todos os imunizados atingiram um nível de anticorpos similar ao que se provou suficiente para a proteção de primatas não-humanos.
Aprovação da vacina contra Chikungunya no Brasil
Nos Estados Unidos, a vacina foi aprovada através de um processo acelerado — da mesma forma que imunizantes contra a COVID-19 passaram por aprovações emergenciais durante a pandemia. Entre as condições para a liberação antecipada, a Valneva se comprometeu a realizar testes da Ixchiq em um país onde a doença é endêmica — o Brasil — em adultos e adolescentes, a partir de 12 anos de idade.
O processo de testes clínicos será realizado pelo Butantan em municípios com altos índices de ocorrência de chikungunya. O instituto de pesquisa deve protocolar um pedido de aprovação do imunizante à Anvisa ainda no primeiro semestre de 2024, de acordo com consulta realizada pelo portal g1.