Vacina brasileira avança como candidata a campanha de vacinação anual contra COVID-19
SpiNTec, imunizante totalmente desenvolvido no Brasil, ainda em fase de testes, apresenta condições ideais para ser usado em vacinação anual contra a COVID-19
- Data: 07/11/2023 16:11
- Alterado: 07/11/2023 16:11
- Autor: Rodilei Morais
- Fonte: Agência FAPESP
Crédito:CT Vacinas-UFMG/divulgação
A vacina SpiNTec, totalmente desenvolvida em território nacional, pode ser a opção ideal para a campanha anual de vacinação contra a COVID-19 — que passará a ser obrigatória em 2024 para grupos prioritários e crianças. O imunizante possui um potencial de conferir uma resposta imunológica mais duradoura que as opções atualmente disponíveis no Brasil, mas o produto ainda precisa cumprir todas suas etapas de desenvolvimento.
“Estamos na corrida para que a SpiNTec seja a vacina que será ofertada anualmente nas campanhas de vacinação no Brasil. Não custa sonharmos,” declara Ricardo Gazzinelli, coordenador do Centro de Tecnologia de Vacinas (CTVacinas) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em palestra na Escola Interdisciplinar FAPESP.
Embora a imunização feita com as vacinas disponíveis atualmente sejam efetivas para atender a população, a proteção a longo prazo conferida por elas — baseadas na tecnologia de RNA mensageiro — é menor do que o ideal. O constante surgimento de novas variantes do vírus SARS-CoV-2 também representa um problema neste cenário.
O desenvolvimento da SpiNTec, por outro lado, tenta superar estes obstáculos ao induzir nos linfócitos-T — células de defesa do organismo — a capacidade de responder a várias partes do vírus. As vacinas atuais se baseiam na resposta a apenas um segmento, a proteína spike. Ricardo afirma que a SpiNTec “já tem sido testada contra variantes em circulação no Brasil, em modelo experimental, e constatamos que conferiu boa proteção. Agora, vamos testar a formulação contra essa última variante.”
Outra vantagem da nova vacina é sua capacidade de armazenamento por 12 meses, mantida a 4 ºC. Em temperatura ambiente, ela ainda é capaz de manter sua estabilidade por até três semanas, garantindo sua efetividade e facilitando a logística de vacinação mesmo em locais mais remotos.
O imunizante já está na segunda fase de testes clínicos, na qual 350 voluntários recebem uma dose da vacina e têm as respostas de seus anticorpos monitoradas ao longo de um ano. Com resultados positivos, a etapa seguinte, e última do processo de desenvolvimento, contará com 5 mil voluntários.