Uma a cada quatro famílias estão inadimplentes na capital paulista
Pesquisa da FecomercioSP mostra novo recorde de endividamento na cidade
- Data: 11/10/2022 10:10
- Alterado: 11/10/2022 10:10
- Autor: Redação
- Fonte: FecomercioSP
Crédito:Marcello Casal Jr / Agência Brasil
O mês de setembro registrou quase 1 milhão de lares com dívidas em atraso, na cidade de São Paulo. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), 24,8% das famílias – praticamente uma a cada quatro – têm dívidas em atraso na capital. O resultado é um novo recorde para a séria histórica do levantamento, que teve início em agosto de 2010.
Além da inadimplência, o que também cresceu no nono mês do ano foi o endividamento, atingindo 76,9% dos lares paulistanos. Em números absolutos, 3,09 milhões de famílias estão endividadas – um crescimento de 331 mil em um ano. Os principais tipos de dívidas estão concentrados nos cartões de crédito (85,8%) e nos carnês (15,8%). Em seguida, as três modalidades de crédito: pessoal (11,9%), financiamento de carro (11,7%) e financiamento de casa (11,1%).
Quando se avalia o cenário das faixas de renda, observa-se que os lares que recebem até dez salários mínimos são os que mais sofrem os impactos. As taxas de endividamento e inadimplência atingiram 79,7% e 30,1%, respectivamente – porcentuais também históricos para o grupo. Nas famílias com rendimentos superiores, 68,7% têm dívidas e 11,2% estão inadimplentes (ambos abaixo do registrado em agosto).
A maior parte das dívidas, demonstra a pesquisa, continua sendo aquelas acima de 90 dias (46,8%). Em seguida, estão as atrasadas de 30 a 90 dias (30,7%) e, depois, as de até 30 dias (21,6%). Apesar da ausência de grandes mudanças no tempo em atraso, o pagamento de juros tem sido maior. Isto é, um consumidor com débito de 30 dias está pagando mais juros do que há um ano, com o mesmo prazo de atraso. Isso retira recursos das famílias e diminui o potencial de consumo no comércio e nos serviços.
Entretanto, diante da inflação geral começando a ceder (ainda que não seja para todos os grupos de consumo, como no caso da alimentação), a confiança dos paulistanos melhorou. O índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), outro indicador da FecomercioSP, registrou, em setembro, alta mensal de 3,9%, passando de 81,9 pontos, em agosto, para 85,1. Este é o maior nível desde abril de 2020.
Todos os sete itens analisados pelo índice subiram. Destaque para a volta ao patamar de satisfação (acima dos 100 pontos) da variável renta atual, que atingiu 102,5 pontos – altas de 5,5%, na comparação mensal, e de 45,5%, no contraponto anual. O emprego atual avançou 4,2%, e perspectiva profissional, 3,6%. As respectivas pontuações foram de 116,7 e 112,5.
Na opinião da FecomercioSP, os números refletem um mercado de trabalho mais aquecido e o início de uma desaceleração da inflação. No entanto, como as famílias estão bastante endividadas, a melhora na renda e no emprego não tem surtido um efeito imediato no consumo. Ademais, o crédito mais caro e seleto também tem dificultado um avanço maior do ímpeto de ir às compras. Prova disso, é o item acesso ao crédito, que avançou 2,9%, mas ainda está na área de insatisfação, com 83,3 pontos.
Assim, grande parte dos recursos do Auxílio Brasil e do décimo terceiro salário, no segundo semestre, ainda deve ser destinado a pagamento de dívidas em atraso, antes de usufruída em novas compras. O nível de consumo atual e a perspectiva de consumo registraram, respectivamente, altas de 4,6% e 2,7%, levando o primeiro aos 63 pontos, e o segundo, aos 71,6 pontos. Por fim, a variável momento para duráveis cresceu 3,7%, mas com a pior avaliação no ICF: 46,1 pontos.
Já o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) seguiu na tendência positiva, crescendo 4,4%, em setembro, e registrando 111,5 pontos (maior nível do ano). A alta foi puxada pela melhora no Índice de Expectativa do Consumidor (IEC) – que subiu 4,7% e passou para os 137,3 pontos. O Índice das Condições Econômicas Atuais (ICAE), embora tenha apontado aumento de 3,5%, ainda está no patamar de pessimismo, com 72,7 pontos.