Trump questiona papel do Brasil em negociações entre Rússia e Ucrânia
Presidente dos EUA declara que América Latina depende mais dos americanos, ressaltando surpresa com a mediação brasileira em conflitos internacionais
- Data: 21/01/2025 09:01
- Alterado: 21/01/2025 09:01
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Casa Branca
Donald Trump
Crédito:Alan Santos/PR
Na recente sessão no Salão Oval da Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, levantou questionamentos sobre o papel do Brasil nas negociações de paz entre Rússia e Ucrânia. Durante sua primeira aparição pública em seu segundo mandato, Trump declarou que países da América Latina dependem mais da influência americana do que o oposto.
Ao ser indagado pela jornalista Raquel Krahenbuhl, correspondente da TV Globo, sobre uma proposta de mediação apresentada por Brasil e China no ano anterior, Trump respondeu: “Isso é bom, é bom. Eu estou pronto”. No entanto, ele expressou surpresa ao questionar: “Como o Brasil se envolve nisso? Isso é uma novidade”.
Após confirmar que a repórter era brasileira, Trump complementou: “Ah, é por isso que está envolvida, eu acho.” A proposta mencionada, intitulada Entendimentos Comuns entre o Brasil e a China sobre uma Resolução Política para a Crise na Ucrânia, foi divulgada em 23 de maio. Ela surgiu após uma visita do assessor para Assuntos Internacionais do presidente Lula, Celso Amorim, a Pequim, sendo coassinada por Wang Yi, chanceler chinês.
Rejeição de Zelenski e foco na soberania ucraniana
O plano de mediação apresentou seis pontos fundamentais, enfatizando a necessidade de redução de hostilidades e condições propícias para um cessar-fogo. Contudo, a iniciativa foi rejeitada pelo presidente ucraniano Volodmir Zelenski durante a Assembleia-Geral da ONU em setembro. Ele criticou tanto o Brasil quanto a China por não reconhecerem as intenções da Rússia de reaver um passado colonial e por tentarem ampliar sua influência global às custas da soberania ucraniana.
Questionado sobre sua visão das relações com a América Latina, especialmente com o Brasil, Trump declarou: “Devem ser ótimas. Eles precisam de nós. Muito mais do que nós precisamos deles. Não precisamos deles. Eles precisam de nós. Todo mundo precisa de nós.” Ainda assim, ele não respondeu diretamente à pergunta sobre um possível encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Mais cedo naquele dia, Lula manifestou seu desejo de que Trump desempenhe um papel positivo em prol de “um mundo mais justo e pacífico”, além de destacar os Estados Unidos como um “parceiro histórico” do Brasil.