Trump e o Futuro da América Latina: Desafios e Oportunidades no Segundo Mandato
Trump e a América Latina: mudanças nas políticas de imigração, economia e relações com regimes podem transformar a região em prioridade dos EUA.
- Data: 18/01/2025 10:01
- Alterado: 18/01/2025 10:01
- Autor: redação
- Fonte: Folhapress
Crédito:Reprodução
O segundo mandato de Donald Trump tem o potencial de reposicionar a América Latina e o Caribe nas prioridades da política externa dos Estados Unidos. Diversos fatores devem ser monitorados, mesmo com a incerteza que permeia os possíveis desdobramentos.
Na formação de sua equipe, Trump já incluiu nomes com profundo conhecimento da região, como Marco Rubio, que assumirá como secretário de Estado. Rubio, filho de imigrantes cubanos e fluente em espanhol, traz uma perspectiva única para a diplomacia americana na área.
Mas quais seriam os principais motivadores para esse aumento do interesse do republicano por questões latino-americanas? Thiago Vidal, diretor de análise política da consultoria Prospectiva, aponta três aspectos cruciais. Primeiro, a imigração: em 2024, cerca de 1,7 milhão de pessoas tentaram entrar nos EUA pela fronteira com o México em busca de novas oportunidades.
Em segundo lugar, a crescente influência da China na região acende um alerta em Washington. O Equador, por exemplo, enfrenta uma dívida de aproximadamente US$ 4 bilhões com Pequim, enquanto a infraestrutura elétrica do Peru está sob controle chinês. Por fim, a agenda econômica é outro fator relevante, uma vez que muitas empresas americanas que migraram suas operações buscaram abrigo em países latino-americanos.
A Questão Migratória
Trump sinaliza a intenção de implementar políticas rigorosas de deportação que afetariam mais de 10 milhões de imigrantes indocumentados ou com permissões temporárias nos EUA, grande parte deles oriundos do México e do Triângulo Norte (Guatemala, Honduras e El Salvador). A manutenção do apoio financeiro aos países da região, como o Panamá, para deportar imigrantes ainda é incerta.
A pesquisa realizada por Tyler Mattiace, da Human Rights Watch, aponta quatro possíveis repercussões humanitárias e econômicas: separação de “famílias mistas”, desafios na reintegração dos deportados em seus países de origem, fortalecimento das redes de tráfico humano e impacto negativo nas economias locais que dependem das remessas enviadas por familiares nos EUA.
A imigração é essencial para a demografia e economia americanas; em 2024, os EUA registraram um crescimento populacional significativo, onde 84% desse aumento foi composto por imigrantes.
Relação com Regimes Ditatoriais
A reeleição de Nicolás Maduro levanta questões sobre como Trump lidará com o regime venezuelano. Entre as estratégias consideradas estão o aumento das sanções econômicas ou tentativas de diálogo para mediar uma solução com a oposição. Marco Rubio já indicou que a administração Trump pode revisar as permissões concedidas à Chevron para operar no país.
Ameaças à Soberania Regional
Um tema surpreendente que Trump trouxe à tona é a soberania do Canal do Panamá. Ele questionou as tarifas cobradas aos navios americanos e indicou um desejo de mudar o nome do Golfo do México para Golfo da América. Essas declarações podem causar tensões com líderes panamenhos que viam Washington como um possível aliado.
Relação com a Argentina sob Milei
O ultraliberal Javier Milei se destaca como um potencial aliado para Trump na região. Milei busca apoio para firmar um novo acordo com o FMI e espera colaboração da Casa Branca para estabilizar a economia argentina. A viabilidade desse acordo permanece incerta, assim como o real interesse dos EUA nessa negociação.
Missão de Paz no Haiti
Os EUA são os principais apoiadores da missão multinacional no Haiti. Contudo, há dúvidas sobre se Trump continuará essa estratégia ou se transformará essa operação em uma missão da ONU, buscando apoio orçamentário e enfrentando competições no Conselho de Segurança.
A Guerra Comercial e Seus Efeitos
A guerra comercial entre Trump e China provocou mudanças significativas nas cadeias produtivas que migraram para o México. No entanto, Trump agora ameaça expandir essa guerra comercial para o México e Canadá ao impor tarifas sobre produtos desses países. Essa decisão poderia ter impactos severos nas economias locais e nos preços para os consumidores americanos.
A presidente mexicana Claudia Sheinbaum enfrenta desafios ao tentar capitalizar o boom econômico gerado pelo nearshoring em meio às ameaças tarifárias de Trump.