Trump e o Canal do Panamá: Polêmicas, Desafios e Implicações para a Imigração nos EUA

Trump e o Canal do Panamá: Um retorno polêmico que pode reabrir feridas históricas e afetar relações com a América Latina. Entenda os desafios!

  • Data: 18/01/2025 14:01
  • Alterado: 18/01/2025 14:01
  • Autor: redação
  • Fonte: Folhapress
Trump e o Canal do Panamá: Polêmicas, Desafios e Implicações para a Imigração nos EUA

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A recente promessa do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, de reaver o controle do Canal do Panamá, inaugurado em 1914, levanta questões complexas sobre a viabilidade e as consequências dessa iniciativa. O canal, que desempenha um papel crucial na redução de tempo e distância nas rotas marítimas entre a costa leste e oeste dos EUA, é uma passagem estratégica que evita a longa navegação pelo Cabo Horn, no extremo sul da América do Sul.

A construção do canal foi marcada por polêmicas envolvendo aspectos políticos, sociais e éticos. Inicialmente, a França tentou desenvolver o projeto no final do século XIX, mas enfrentou dificuldades técnicas e altas taxas de mortalidade entre os trabalhadores devido a doenças.

Na sequência, os Estados Unidos assumiram a responsabilidade pela obra após apoiar a independência do Panamá da Colômbia em 1903. O novo governo panamenho rapidamente concedeu o controle do canal aos americanos, gerando acusações de desrespeito aos direitos humanos dos trabalhadores locais.

John D. Feeley, ex-embaixador americano no Panamá entre 2015 e 2018, observa que há décadas se ouve um discurso que justifica a tentativa de recuperação do canal por parte dos EUA. Contudo, ele ressalta que a ideia de que os Estados Unidos estariam sendo extorquidos em relação ao canal carece de fundamentos. Segundo seus cálculos, os EUA provavelmente gastam mais com chá e café no Pentágono do que com as tarifas de passagem pelo canal.

Feeley também expressa preocupações sobre as possíveis repercussões do que ele descreve como o “maior esforço de deportação da história”, direcionado especialmente aos latino-americanos. Ele enfatiza que essa visão retrata um mundo de inimigos em vez de colaboradores.

A indagação sobre as razões por trás do interesse de Trump na retomada do canal é pertinente. Especialistas apontam que o canal não apresenta grandes perspectivas financeiras e que lutar por seu controle pode resultar em complicações adicionais.

Embora Trump tenha capacidade militar para uma intervenção no Panamá semelhante à operação realizada em 1989, surge a dúvida sobre o apoio popular nos Estados Unidos para uma nova guerra externa após as experiências traumáticas no Afeganistão.

Recentemente, as mudanças climáticas têm afetado a operação das eclusas do canal, reduzindo sua frequência. Os dados indicam uma queda nos trânsitos diários para 26, enquanto o máximo já alcançado foi de 46, atualmente variando entre 42 e 43. Essa diminuição provoca um aumento nos custos operacionais.

Feeley acredita que Trump deseja cultivar a ideia de que os cidadãos americanos estão sendo vítimas de extorsão através das tarifas elevadas no canal. No entanto, ele ressalta que essa afirmação não é respaldada por dados concretos. Atualmente, os navios que utilizam o Canal do Panamá são predominantemente estrangeiros; menos de 3,5% dos trânsitos são realizados por embarcações com bandeira americana.

A análise dos dados disponíveis desde 2000 revela que os navios americanos pagam tarifas reduzidas, não baseadas no valor das mercadorias transportadas. A arrecadação anual proveniente da administração do canal é surpreendentemente baixa, inferior a US$ 1 milhão por ano ao longo de um quarto de século.

Além disso, Feeley reflete sobre as implicações das políticas migratórias sob o governo Trump. Ele argumenta que mesmo com esforços para restringir a imigração, o fluxo continuará através de outras rotas. A percepção negativa dos imigrantes latino-americanos se intensificou na administração atual, criando um clima hostil.

Feeley adverte ainda sobre os desafios impostos ao sistema legal migratório dos EUA, cuja estrutura foi criada há décadas sem levar em conta as complexidades contemporâneas. As deficiências no processo de concessão de vistos e as lacunas no financiamento das políticas de asilo político são fatores críticos que requerem atenção urgente.

Por fim, John Feeley compartilha sua visão sobre a necessidade de uma reforma abrangente na legislação migratória americana para adequar-se às demandas atuais e garantir um sistema mais justo e eficaz.

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  • Data: 18/01/2025 02:01
  • Alterado:18/01/2025 14:01
  • Autor: redação
  • Fonte: Folhapress









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