Tinha poderes para fechar Brasil, mas não tranquei um botequim, diz Bolsonaro
Para presidente, tratar o vírus e cuidar do desemprego eram principais objetivos na pandemia
- Data: 31/07/2021 15:07
- Alterado: 31/07/2021 15:07
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Crédito:Marcos Corrêa / PR
Alvo de críticas na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, o presidente Jair Bolsonaro fez neste sábado uma defesa da atuação do governo durante a pandemia do novo coronavírus. Segundo ele, era preciso atuar em duas frentes “com a mesma responsabilidade”: a do tratamento do vírus e a do desemprego. “Tinha poderes para fechar Brasil, mas não tranquei um botequim sequer”, disse.
O comentário de Bolsonaro, feito a uma plateia de apoiadores em Presidente Prudente, no interior de São Paulo, repete uma ideia defendida pelo governo desde o início da pandemia. Para especialistas ligados à área médica e mesmo economistas de fora do governo, no entanto, esta ideia traz um falso dilema: o de que tratar do vírus pressupõe prejudicar a economia.
Aos apoiadores, Bolsonaro também voltou a afirmar que o Supremo Tribunal Federal (STF) o impediu de tomar as medidas necessárias durante a pandemia. “Se tivesse autoridade para conduzir o Brasil naquele momento, menos pessoas teriam nos deixado”, afirmou. O Brasil soma atualmente 555.512 mortes pela covid-19, conforme o Consórcio de Imprensa.
A afirmação do presidente sobre o Supremo, no entanto, é incorreta. Na quarta-feira, o STF já havia rebatido Bolsonaro por meio das redes sociais, afirmando que “uma mentira repetida mil vezes não se torna verdade”.
“É falso que o Supremo tenha tirado poderes do presidente da República de atuar na pandemia. É verdadeiro que o STF decidiu que União, estados e prefeituras tinham que atuar juntos, com medidas para proteger a população”, disse o Supremo na ocasião.
No evento deste sábado, Bolsonaro também afirmou que o País nunca teve um “time de ministros como eu tenho, escolhidos por critério técnico”. O comentário contrasta com as mudanças mais recentes anunciadas pelo próprio governo, feitas para acomodar apoiadores do Centrão em cargos do primeiro escalão da administração pública.
O senador Ciro Nogueira (PI), presidente do PP, foi alocado na Casa Civil, o que consolida a influência da cúpula do Centrão no governo. Com isso, o general da reserva Luiz Eduardo Ramos foi deslocado para a Secretaria-Geral da Presidência. Onyx Lorenzoni (DEM), que estava na secretaria, será o titular do Ministério do Trabalho – Pasta retirada do controle do ministro da Economia, Paulo Guedes.
Durante o evento em Presidente Prudente, Bolsonaro também afirmou que “muitos deputados e senadores” estão do lado do governo. Ao mesmo tempo, relativizou sua atuação como político. “Não nasci para ser político, nasci para ser soldado”, afirmou. Ex-militar, Bolsonaro foi durante 27 anos deputado federal, antes de se tornar presidente.