Temperaturas extremas acendem alerta para represas de São Paulo, aponta especialista 

Ana Carolina Figueiredo, coordenadora dos cursos de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade Anhanguera, ressalta que a faixa de operação das represas está entre 40% e 60%, o que gera um sinal de alerta

  • Data: 22/10/2024 15:10
  • Alterado: 22/10/2024 15:10
  • Autor: Redação
  • Fonte: Faculdade Anhanguera
Temperaturas extremas acendem alerta para represas de São Paulo, aponta especialista 

Crédito:Pablo Jacob/Governo de São Paulo

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Com o Brasil enfrentando temperaturas acima da média, as cidades estão lidando com secas extremas e a falta de chuvas. Esse cenário preocupa diversos setores, especialmente no que diz respeito aos níveis das represas nos próximos meses, devido ao clima seco. Entre os estados em alerta está São Paulo.

Ana Carolina Figueiredo, coordenadora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade Anhanguera, explica que a Grande São Paulo é abastecida por sete diferentes reservatórios, sendo o Sistema Cantareira o maior deles, representando mais de 50% do volume total. “No início de setembro, um relatório divulgado pelo Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) indicou que o nível de armazenamento dos reservatórios do Sistema Cantareira era de 57% do volume útil total. Se comparado ao mesmo período do ano passado, quando o volume era de 73%, temos um cenário de alerta. É possível trabalhar com algumas projeções, que dependem diretamente do nível de chuvas nos próximos meses.”

Ainda segundo Ana Carolina, a faixa de operação das represas entre 40% e 60%, gera uma preocupação. “É importante lembrar que, de fato, os meses de abril a agosto são mais secos, mas, em 2024, a precipitação nesse período foi cerca de 41% da média histórica, o que indica uma condição muito mais seca. O Sistema Cantareira opera sob a condição de seca hidrológica, tendo enfrentado sua situação mais crítica em 2012.”

Com as previsões de temperaturas acima da média e redução da pluviosidade nos próximos meses, as represas podem continuar em estado de atenção. “A expectativa é de uma seca prolongada, e a infraestrutura atual de captação e distribuição de água em São Paulo enfrenta desafios significativos. Embora a cidade conte com sistemas de reservatórios e mananciais, a dependência de fontes específicas e a gestão da água ainda são problemáticas. Durante crises hídricas, como a que ocorreu entre 2014 e 2015, ficou evidente que a capacidade de armazenamento e a eficiência no uso da água precisam ser aprimoradas. Medidas como a implementação de programas de conservação, reutilização de água e diversificação das fontes de captação são essenciais.”

Além disso, o crescimento populacional e a urbanização contínua aumentam a pressão sobre os recursos hídricos. “A infraestrutura atual não é totalmente suficiente para garantir a segurança hídrica em situações de seca prolongada, sendo necessário investir e planejar a longo prazo para melhorar a resiliência do sistema”, ressalta Ana Carolina.

As previsões climáticas para São Paulo nos próximos anos indicam que a cidade poderá enfrentar um aumento na frequência e intensidade de eventos climáticos extremos, como secas prolongadas. “Estudos mostram que as mudanças climáticas podem resultar em aumento de temperatura, alterações nos regimes de chuva, eventos climáticos extremos e impactos diretos na agricultura.”

Nesse cenário, o risco de secas prolongadas se tornarem frequentes é real, exigindo uma gestão mais eficiente da água, investimento em infraestrutura e políticas de conservação para mitigar os impactos das mudanças climáticas. “Adaptar a cidade a essas novas condições climáticas será fundamental para garantir a segurança hídrica no futuro”, afirma Ana.

Ela também destaca que, com a falta de chuvas e os padrões climáticos atípicos, as mudanças nos padrões climáticos podem ter impactos significativos no sistema hídrico da Grande São Paulo nos próximos anos. “Isso pode resultar na redução da disponibilidade de água, aumento da pressão sobre os reservatórios, alterações na qualidade da água, elevação dos custos de captação e distribuição, além de impactos na agricultura e no abastecimento, mudanças nos ecossistemas e aumento do risco de conflitos pelo uso da água.”

A crise hídrica também afeta os custos de captação e distribuição de água para a população. “Além disso, a produção de alimentos pode ser prejudicada, encarecendo até mesmo os itens mais básicos. A falta de água também compromete a manutenção de áreas verdes, prejudica a qualidade do ar e reduz os espaços de lazer, afetando o bem-estar da população. A biodiversidade local também pode ser afetada, alterando habitats e prejudicando espécies que dependem de corpos d’água”, alerta a professora.

Ana sugere que algumas medidas podem ser implementadas para proteger as áreas naturais que dependem dos níveis das represas. “Podemos citar, por exemplo, os planos de manejo: muitas represas têm planos específicos para a conservação de áreas de preservação permanente e para a proteção da fauna e flora locais. Esses planos incluem o monitoramento dos ecossistemas e a implementação de práticas de conservação. Além disso, os Programas de Educação Ambiental promovem a conscientização da população sobre a importância da preservação dos recursos hídricos e incentivam o uso sustentável da água.”

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  • Data: 22/10/2024 03:10
  • Alterado:22/10/2024 15:10
  • Autor: Redação
  • Fonte: Faculdade Anhanguera









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