Soraya critica teatro no Senado e desafia autora de simulação de aborto a encenar estupro
Apesar de Thronicke se posicionar contra o aborto, a parlamentar defende a legalidade em casos de estupro, de anencefalia fetal ou de risco de morte à gestante.
- Data: 18/06/2024 22:06
- Alterado: 18/06/2024 22:06
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: FolhaPress/Thaísa Oliveira
Crédito:Reprodução
A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) fez duras críticas nesta terça-feira (18) ao debate promovido no plenário do Senado sobre aborto e desafiou a contadora de histórias que interpretou um feto a dramatizar também uma mulher sendo estuprada.
“Eu queria até o telefone, o contato daquela senhora que esteve aqui ontem, encenando aquilo que nós vimos. Sabe por quê? Porque eu quero ver ela encenando a filha, a neta, a mãe, a avó, a esposa de um parlamentar sendo estuprada. Eu quero que ela faça a encenação do estupro agora. Por que não? Se encenaram um homicídio aqui ontem, que encenem o estupro”, disse.
Thronicke afirmou que é contra o aborto e defendeu que existe vida desde a concepção. Disse, porém, que o Estado é laico e que o aborto é legal no país em três situações: em caso de estupro, de anencefalia fetal ou de risco de morte à gestante.
“A bancada feminina [do Senado] é a favor da vida e o aborto é proibido no nosso país, com três exceções dificílimas: o feto anencéfalo, risco de morte da mãe e o estupro. E não é obrigada a abortar quem foi estuprada e por acaso engravidou. Vai quem quer, de acordo com a sua fé, com a sua consciência. Por quê? Porque o Estado é laico”, declarou.
Durante a sessão promovida pelo senador Eduardo Girão (Novo-CE) nesta segunda (17), a contadora de história Nyedja Gennari encenou o que seria um feto gritando durante o procedimento de assistolia fetal. “Não! Quero continuar vivo”, gritou ela.
As críticas ao PL e à sessão organizada por Girão foram reforçadas pelos senadores Fabiano Contarato (PT-ES), Teresa Leitão (PT-PE) e Leila Barros (PDT-DF).
“A menarca, senhores deputados, assim como a menopausa, gera um ciclo menstrual alterado. Como é que a menina vai saber que está grávida, porque a sua menstruação foi interrompida, se ela não sabe nem contar direito o seu ciclo menstrual? Quando vem se descobrir, já vai longe”, disse Leitão.
O PL Antiaborto por Estupro altera o Código Penal e equipara as penas para abortos realizados após 22 semanas de gestação às penas previstas para homicídio simples.
Após a provocação das senadoras, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse que é uma “irracionalidade” e uma “inovação infeliz” a comparação. O senador afirmou ainda que o PL, da forma como foi construído, não parece ser “minimamente viável”.
Parte das senadoras da Casa se juntou para acompanhar o discurso de Pacheco durante a sessão plenária. A bancada feminina deve se reunir nesta quarta-feira (19) para anunciar uma posição conjunta sobre o projeto de lei da Câmara.
Na audiência desta segunda, o Senado ignorou especialistas contrários texto e convidou apenas na véspera a presidente da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), Maria Celeste Wender.