Setor da construção civil enfrenta aumento de custos, especialmente com mão de obra
A expectativa para 2025 é de novas elevações, pois tanto o custo de mão de obra quanto a pressão com o aumento de preços são considerados como certos pelo empresariado.
- Data: 28/01/2025 09:01
- Alterado: 28/01/2025 09:01
- Autor: Redação
- Fonte: Agência Brasil
Um recente balanço realizado pelas indústrias do setor da construção civil indica que o ano de 2024 será marcado pela mão de obra como um fator determinante no aumento dos custos operacionais. Segundo dados do Sinduscon-SP, sindicato que representa as empresas paulistas, os custos acumulados em 2023 chegaram a um incremento de 6,54%. Os gastos relacionados aos trabalhadores se destacaram, com uma elevação de 8,56%, enquanto o preço de materiais e equipamentos teve uma alta de 5,34%, e os serviços apresentaram um aumento de 3,66%. Em dezembro, o Custo Unitário Básico (CUB) da construção paulista (R8-N) foi registrado em R$ 2.039,53 por metro quadrado, resultando em um aumento acumulado de 3,49% ao longo de 2023.
As previsões para 2025 não são animadoras, pois tanto a pressão sobre os custos da mão de obra quanto a inflação nos preços são consideradas inevitáveis pelos empresários do setor. No que diz respeito aos materiais e equipamentos, a continuidade da pressão inflacionária está ligada à manutenção das altas taxas de juros, que dificultam o acesso ao crédito para a aquisição de imóveis. Além disso, o aumento dos preços dos insumos internacionalmente tabelados, como o aço — cujo valor é definido em dólar — contribui para essa elevação.
A questão trabalhista revela dois fatores principais que intensificam essa pressão: a dificuldade em atrair novos talentos para a carreira e a carência na formação técnica adequada. O piso salarial da categoria para funções como servente varia entre um salário mínimo e um salário mínimo e meio. Há também uma prevalência significativa de contratos baseados na produtividade no setor, uma prática que tem gerado críticas por parte do sindicato dos trabalhadores.
Em nota enviada à Agência Brasil, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil (Sintracon-SP) alertou que muitos pagamentos feitos aos trabalhadores não são registrados nos holerites e carecem do devido recolhimento do FGTS e INSS, configurando-se como práticas ilegais. O sindicato reconhece que a escassez de mão de obra qualificada leva os empregadores a adotar essas medidas informais. Entretanto, enfatiza que tal situação não apenas dificulta a fiscalização como também prejudica os direitos trabalhistas. A entidade ressalta que o aumento nos custos da mão de obra não se traduz em uma valorização efetiva dos trabalhadores; para isso, é necessário garantir direitos e respeitar a legislação trabalhista.
David Fratel, coordenador do grupo de trabalho de Recursos Humanos do Sinduscon-SP, destacou que o setor enfrenta uma grave falta de mão de obra e um problema crônico relacionado ao envelhecimento da força laboral, cuja média etária é de 42 anos — faixa em que a produtividade tende a cair em meio à alta demanda.
A situação é ainda mais complicada pela dificuldade em atrair novos trabalhadores ao mercado que não estão dispostos a investir tempo na formação necessária para ocupar cargos como pedreiro ou carpinteiro, profissões que podem oferecer ganhos superiores a R$ 10 mil mensais, apesar das modalidades contratuais criticadas pelos sindicatos.
Como alternativa para enfrentar esses desafios, Fratel mencionou a criação de um fórum permanente de negociações entre as entidades envolvidas com o intuito de desenvolver um plano de carreira e salários padronizados ao longo deste ano. Ele afirmou: “A construção civil está passando por transformações para se adaptar às expectativas dos jovens trabalhadores, promovendo inovações e oferecendo estabilidade”. Entre as iniciativas estão cursos oferecidos em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), já implementados por algumas construtoras, além da colaboração com a Secretaria Estadual de Educação para trazer cursos profissionalizantes ao ensino médio da rede pública. Essas ações têm previsão de formalização ainda neste ano.