Sesc SP apresenta a exposição Margens de 22: presenças populares
Com foco em experiências artísticas que não foram visibilizadas pela Semana de Arte Moderna, exposição entra em cartaz no Sesc Carmo, dentro do programa "Diversos 22'
- Data: 27/10/2022 14:10
- Alterado: 15/08/2023 20:08
- Autor: Redação
- Fonte: SESC
Sesc São Paulo apresenta a exposição Margens de 22: presenças populares
Crédito:Divulgação
Dando continuidade ao programa “Diversos 22” do Sesc São Paulo, Margens de 22: presenças populares estará aberta à visitação entre os dias 28 de outubro de 2022 e 24 de fevereiro de 2023, no Sesc Carmo. A exposição integra a série de ações da instituição que levantam questões e reavivam o debate acerca do centenário da Semana de Arte Moderna e do bicentenário da Independência do Brasil. O conjunto de obras apresentadas nessa mostra lança luz à experiência de artistas e movimentos que ocorreram em paralelo à Semana de Arte Moderna, mas que não obtiveram a mesma visibilidade daqueles que estiveram no Theatro Municipal. Desse modo, convida a olhar para outros atores sociais e narrativas que são tradicionalmente negligenciadas pelo discurso histórico hegemônico. Enquanto uma elite ocupava o palco, outros sujeitos se expressavam nas ruas.
Com curadoria de Joice Berth, Alexandre Araujo Bispo e Tadeu Kaçula, Margens de 22 se propõe a explorar o conceito de “modernidade” a partir de múltiplos cenários da vida urbana da capital. Desse modo, a mostra indaga quais e quem foram os agitadores de relevância para a composição cultural da metrópole, passando por temas como a cultura infantil, a maternidade negra, a fé e os festejos e a classe trabalhadora, que tanto contribuiu para a construção da identidade paulistana.
“Apesar de moderna, a Semana de 22 não exibiu peças de teatro, obras fotográficas e cinematográficas, e não abarcou a música popular – linguagens artísticas que ficaram às margens do evento. Mais que isso, hoje podemos afirmar que ali estava representada apenas uma parte do ambiente urbano e cultural que culminou naquilo que conhecemos como modernidade. Do lado de fora do Municipal, mulheres, homens, crianças, trabalhadores urbanos, famílias, cordões carnavalescos e irmandades ocupavam-se, naquele momento, de viver de modo digno numa cidade em plena transformação. O evento refletia, de certa forma, o ambiente de desigualdades e segregação que se seguiu à abolição da escravatura em São Paulo”, afirmam os curadores em texto de apresentação da mostra.
A relação da diáspora africana com a constituição da cidade grande é evidenciada nessa proposta, que se organiza em nove núcleos. O núcleo “Arte contemporânea” abarca as reverberações do modernismo em artistas da atualidade; “Culturas infantis” explicita a experiência desafiadora da infância na cidade grande; “Mulheres observadas” traz representações de mulheres ocupando funções diversas na metrópole; “Mãe preta” destaca a importância da mulher negra na história paulistana.
Há ainda os núcleos “Imprensa negra na rua”, que mostra a força de mobilização da imprensa negra na luta por mudanças sociais; “Lugares”, uma abordagem das transformações urbanas e das dificuldades implicadas no desenvolvimento; “Trabalhadores na cidade”, que contextualiza os trabalhadores das ruas de São Paulo no seu processo de construção; “Pretos e a música”, sobre a contribuição da população negra para a música brasileira; e “Fé e festejos”, um núcleo que celebra as festas da tradição afro brasileira.
Esse panorama temático é exposto a partir de obra diversas, desde pinturas e esculturas até reproduções de fantasias carnavalescas. De um lado, mergulha em acervos desconhecidos, como é o caso dos documentos e registros da imprensa negra. De outro, conta com obras de artistas como Renata Felinto, Agnaldo Manoel dos Santos, Vincenzo Pastore, Tarsila do Amaral, Cândido Portinari, Di Cavalcanti e Anita Malfatti. Assim, promove uma fricção não só entre a produção contemporânea e a moderna, mas também entre o anonimato e a consagração.
Durante seu período expositivo, o Sesc Carmo oferece a experiência de visitação guiada, com duração média de 2h, assim como atividades educativas que reforçam o compromisso da unidade com a formação do público.
Sobre os curadores:
Alexandre Araujo Bispo
Antropólogo, crítico de arte, curador e educador independente. Pesquisa práticas de memória com foco em fotografia amadora, fotografia de família, cultura visual e arquivos pessoais; artes visuais com ênfase em poéticas afro-brasileiras e imaginários urbanos. Membro da Associação Brasileira de Críticos de Arte; pesquisador do coletivo ASA – Artes, Saberes, Antropologia; membro do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros da UFSB.
Joice Berth
Arquiteta e urbanista, psicanalista em formação, escritora, assessora política e colunista, cocuradora da exposição Casa Carioca do Museu de Arte do Rio, jurada do Prêmio de Arquitetura do Instituto Ruy Ohtake/Akzonobel/IAB e do Prêmio Marie Claire/Avon para práticas contra a violência doméstica.
Tadeu Kaçula
Sambista, sociólogo, pesquisador e escritor. Mestre e doutorando em mudança social e participação política pela Universidade de São Paulo, especialista em cultura afro diaspórica e patrimônio artístico-cultural afro paulistano.
Sobre o projeto Diversos 22
“Diversos 22 – Projetos, Memórias, Conexões” é uma ação em rede do Sesc São Paulo, em celebração ao Centenário da Semana de Arte Moderna de 1922 e ao Bicentenário da Independência do Brasil em 1822, com atividades artísticas e socioeducativas, programações virtuais e presenciais em unidades na capital, interior e litoral do estado de São Paulo, com o objetivo de marcar um arco temporal que evoca celebrações e reflexões de naturezas diferentes, mas integradas e em diálogo, acerca dos projetos, memórias e conexões relativos à efeméride, no sentido de discuti-los, aprofundá-los e ressignificá-los, em face dos desafios apresentados no tempo presente. A programação teve início em setembro de 2021, com a realização do Seminário “Diversos 22: Levantes Modernistas”, e encerra-se em dezembro de 2022. Mais informações, acesse.