Sem tropas federais, Fortaleza registra mais ataques nesta sexta
Polícia Militar contabilizou mais onze ataques entre a noite de quinta-feira, 3, e início da madrugada de sexta, 4; caso mais grave terminou em troca de tiros, policial baleado e suspeito
- Data: 04/01/2019 11:01
- Alterado: 04/01/2019 11:01
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
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A Polícia Militar registrou mais onze ataques em Fortaleza entre a noite de quinta-feira, 3, e início da madrugada de sexta, 4. O caso mais grave terminou com um suspeito morto e um policial baleado após troca de tiros na rodovia CE-010. O caso foi divulgado pelo Diário do Nordeste e confirmado pelo Estado. Uma nova tentativa de explosão de viaduto e ataques a agências bancarias e órgãos públicos também foram relatados.
Nesta madrugada, os acessos às ruas paralelas do Palácio da Abolição, sede do governo, foram bloqueados com cones, que fecharam as vias. O policiamento também foi reforçado no entorno.
Diante do aumento no número de ataques, a hashtag #CearáPedeSocorro atingiu a primeira colocação dos Trending Topics do Twitter por volta das 9 horas desta sexta. Usuários da rede social pedem atenção do presidente Jair Bolsonaro à situação no Ceará, fazem críticas ao governador Camilo Santana (PT) e relatam “caos” nas ruas.
No fim da noite, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, negou o envio imediato de tropas federais para o Ceará, mas disse que a Força Nacional foi mobilizada ‘para se deslocar ao Estado em caso de deterioração da segurança’.
De acordo com a Polícia Militar, a troca de tiros entre os criminosos e policiais ocorreu na CE-010, na Grande Fortaleza. O grupo tentava destruir o fotossensor do radar de velocidade instalado na rodovia quando foi surpreendido pelos militares que patrulhavam a região. Um dos suspeitos foi atingido e morreu no local. Um PM foi baleado na perna e socorrido para o Instituto Doutor José Frota. O estado de saúde dele é desconhecido.
A Polícia Militar apreendeu um revólver calibre 38. Os demais criminosos fugiram do local.
Por volta de meia-noite, agentes também localizaram explosivos embaixo de um viaduto na rua Dr. Joaquim Bento, no bairro Curió. O material foi removido pela Polícia Militar, mas nenhum suspeito foi localizado.
Ao longo da noite e madrugada, os militares atenderam chamadas de ataques a tiros a agências bancárias e tentativas de incêndios por toda a capital.
A onda de crime começou um dia depois de o titular da recém-criada Secretaria da Administração Penitenciária, Luís Mauro Albuquerque, dizer que não reconhecia facções no Estado e que não separaria mais os presos de acordo com a ligação com essas organizações. Os grupos criminosos são os principais suspeitos de serem os autores dos ataques.
TROPAS FEDERAIS
Em nota divulgada no fim da noite de quinta, 3, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, negou o envio imediato de tropas federais para o Ceará, mas disse que a Força Nacional foi mobilizada ‘para se deslocar ao Estado em caso de deterioração da segurança’. Mais cedo, o governador Camilo Santana (PT) pediu o envio do Exército para conter a onda de crimes.
Moro determinou que a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal e o Departamento Penitenciário Nacional tomem providências para auxiliar o governo do Ceará no combate aos ataques por meio de investigação e repressão aos crimes registrados. O ministro incluiu na medida a oferta de vagas no sistema penitenciário federal.
Pelo menos 16 veículos foram incendiados desde o início do ataque, informou balanço divulgado pela Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social cearense e o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros.
PRISÕES
Desde o início dos ataques na noite de quarta, 2, sete pessoas foram presas e quatro adolescentes foram apreendidos em flagrante por suposto envolvimento nos crimes. Outras sete pessoas foram ouvidas e liberadas pela Polícia Civil, mas seguem em investigação.
De acordo com balanço parcial divulgado pela Secretaria de Segurança Pública do Ceará, dois suspeitos foram detidos na tarde de quarta, 2, durante diligências das polícias Civil e Militar. Uma mulher de 32 anos foi detida no Parque São José por portar uma garrafa com gasolina e outro homem, de 19 anos, foi preso por suspeita de participar da queima de um coletivo no início da tarde desta quinta.
Outras quatro pessoas, incluindo um menor de idade, foram detidas no Jardim Iracima com garrafas com gasolina. Todos foram ouvidos e liberados, mas a Polícia Civil continua a investigar suposta participação em outros crimes na capital.
O Comando Tático Motorizado (Cotam) prendeu dois homens suspeitos de destruir um fotossensor no bairro Moura Brasil. Um deles estava com mandado de prisão em aberto por furto e o outro tinha passagens por roubo e lesão corporal. No bairro Conjunto Esperança, foram capturados outros dois suspeitos em veículo com placas clonadas. No porta-malas do veículos, os policiais apreenderam um galão vazio e uma caixa de fósforo.
No bairro Messejana, um trio foi detido pela equipe da Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança pela tentativa de danificar um fotossensor na BR-116. Entre os suspeitos estava um adolescente de 14 anos. Com o grupo foram encontrados uma câmera roubada do equipamento atacado e uma marreta artesanal.