Saiba como agir após picadas de animais peçonhentos
Infectologista do CEJAM orienta sobre sintomas, precauções e ações preventivas em relação às picadas de escorpiões, aranhas, cobras, abelhas e marimbondos
- Data: 12/02/2025 12:02
- Alterado: 12/02/2025 12:02
- Autor: Redação
- Fonte: CEJAM
Nos últimos dias, a notícia de que Ana Maria Braga foi hospitalizada após pisar em um escorpião em sua fazenda, no interior de São Paulo, chamou a atenção para os riscos dos acidentes com animais peçonhentos. A apresentadora descreveu a dor como uma das piores que já sentiu na vida, um relato que reforça a necessidade de informação sobre prevenção e primeiros socorros nesse tipo de situação.
De acordo com os dados mais recentes do Ministério da Saúde, em 2023 foram registradas mais de 340 mil notificações de acidentes com animais peçonhentos, resultando em 451 mortes em todo o Brasil.
De fato, esses encontros inesperados podem ser prejudiciais à saúde, dependendo da espécie e quantidade de veneno injetada. Diante disso, é essencial conhecer os principais sintomas e saber como agir.
Pensando nisso, o Dr. Paulo Antônio Friggi de Carvalho, infectologista do Hospital Estadual de Franco da Rocha, gerenciado pelo CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”, em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, orienta sobre os principais pontos de atenção e cuidados necessários para cada caso. Confira:
Escorpião
Os escorpiões são responsáveis por grande parte dos acidentes envolvendo animais peçonhentos no país. Só em 2023 foram mais de 200 mil casos.
Geralmente, seu veneno causa intensa dor local e vermelhidão logo após a picada. Em casos mais graves, podem ocorrer manifestações sistêmicas como sudorese, alteração dos batimentos cardíacos e do nível de consciência.
“Nesses casos é importante lavar o local com água e sabão, evitar pressão local ou uso de pomadas antes de avaliação médica. Compressas mornas podem aliviar a dor local até a chegada ao serviço de saúde”, afirma o médico.
O tratamento da picada de escorpião requer o uso de soro antiescorpiônico, disponibilizado exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em hospitais públicos de referência. Embora na maioria das situações o uso do soro não seja necessário, é extremamente importante procurar cuidados médicos.
Aranha
Depois dos escorpiões, as aranhas atingiram mais de 43 mil vítimas no último levantamento do Ministério da Saúde. A maioria das picadas provoca apenas vermelhidão e dor local, mas algumas espécies, como a aranha-marrom, aranha-armadeira e a viúva-negra, podem causar sintomas mais graves.
O especialista relata que, em casos severos, podem ocorrer alterações na pressão arterial, aceleração dos batimentos cardíacos, mudança no nível de consciência e sudorese intensa, especialmente em crianças.
Ao identificar uma picada de aranha, é crucial procurar atendimento médico imediatamente para obter as orientações adequadas. De maneira geral, o uso de soro antiaracnídico é indicado quando a dor persiste e outros sintomas começam a se manifestar no corpo.
Abelha
A reação mais comum à picada de abelhas e de marimbondos é a dor, inchaço e coceira no local da ferroada. No entanto, pessoas alérgicas podem desenvolver reações graves, como dificuldade para respirar e inchaço generalizado. Em caso de múltiplas picadas ou sinais de anafilaxia (reação alérgica aguda), é imprescindível procurar atendimento emergencial.
“É importante salientar que o veneno do marimbondo pode causar reações semelhantes à da abelha, com maior potencial para dor local e menor para reações anafiláticas mais severas”, reforça o profissional.
Para aliviar os sintomas leves, Dr. Paulo recomenda lavar a região com água e sabão e aplicar compressas frias. Em casos de sintomas intensos ou persistentes, também é essencial buscar assistência médica. Atualmente, ainda não há um soro específico disponível para o tratamento.
Cobra
Nesse tipo de acidente, 95% das picadas ocorrem nas pernas ou nos braços dos pacientes. Mas o infectologista explica que os sintomas variam de acordo com a espécie.
“No estado de São Paulo, por exemplo, a jararaca é a principal responsável por acidentes nesse sentido. Sua picada pode causar dor intensa, inchaço e, em alguns casos, necrose no local da mordida”.
O tratamento depende da aplicação do soro antiofídico, que deve ser administrado o mais rápido possível em uma unidade de saúde. A ausência ou o atraso do uso aumenta significativamente o risco de letalidade.
Medidas preventivas
Para reduzir o risco de encontrar espécies venenosas, algumas medidas preventivas podem ajudar. Manter terrenos limpos, sem acúmulo de entulhos, folhas secas e lixo, ajuda a eliminar possíveis abrigos para esses animais.
“Vedação de ralos, frestas em portas e janelas, além da instalação de telas protetoras, impede a entrada em residências e podem potencializar o cuidado”, alerta o doutor.
Já em ambiente externo como fazendas, sítios e chácaras, é recomendável usar calçados fechados e luvas ao manusear materiais de construção, lenha e objetos armazenados por longos períodos. Em áreas de risco, inspecionar roupas e calçados antes de usá-los também pode evitar picadas acidentais.
“Ao se deparar com um animal peçonhento, não tente capturá-lo ou matá-lo. O ideal é acionar a vigilância ambiental da sua cidade para a remoção segura. A adoção dessas práticas simples pode prevenir acidentes e garantir mais segurança para todos”, finaliza.
Passo a passo para o atendimento via SUS
Em caso de picada de animal peçonhento, o primeiro passo é procurar um serviço de urgência/emergência, como uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) ou um Pronto Socorro Hospitalar.
Se esse local não dispuser dos recursos necessários, em especial o soro antídoto, o paciente será então encaminhado ao serviço de referência responsável pela região onde se encontra.