Saguão do Teatro Municipal recebe Ocupação Sinfônica da Orquestra de Santo André
Apresentação acontece neste domingo no saguão do Teatro Municipal e terá no programa obras de Beethoven, Guerra-Peixe e duas composições inéditas do Projeto Brasil de 22 a 22
- Data: 25/08/2022 13:08
- Alterado: 15/08/2023 23:08
- Autor: Dérek Bittencourt
- Fonte: Secom/PSA
João Cristal
Crédito:Divulgação
Depois do sucesso da primeira edição, em agosto, a Orquestra de Santo André se prepara para a segunda Ocupação Sinfônica. A apresentação, no próximo domingo (25), às 11h, no saguão do Teatro Municipal, fará uma homenagem aos 200 anos da Independência do Brasil com obras de Ludwig Van Beethoven e César Guerra-Peixe, além de duas composições inéditas dos músicos João Cristal e Denise Garcia, que integram o Projeto Brasil de 22 a 22.
A indicação é livre e a entrada é gratuita, limitada aos 400 lugares disponíveis no local e que serão ocupados pela ordem de chegada, respeitando as leis de prioridade para pessoas com deficiência e idosas.
A Ocupação Sinfônica propõe um olhar e uma audição diferenciados para os espaços da cidade, propiciando uma nova relação da música instrumental sinfônica com outras atividades culturais, esportivas e sociais.
Uma preocupação do diretor artístico e regente da Orquestra Sinfônica de Santo André (Ossa), maestro Abel Rocha, é fazer uma apresentação didática. Afinal, qual e relação de Ludwig Van Beethoven com a Independência do Brasil? O próprio maestro explica: ‘A Vitória de Wellington’, que abrirá o programa no domingo, é uma obra de Beethoven composta em 1813 para celebrar a vitória das tropas britânicas e portuguesas comandadas pelo Duque de Wellington sobre o exército francês em território espanhol.
“Beethoven, numa obra altamente descritiva, utilizou dois temas populares: ‘Malbrough vai à guerra’ para simbolizar a França, ‘Rule Britannia’ e ‘God Save the King’ para simbolizar a Inglaterra. A ameaça francesa a Portugal, pelas tropas de Napoleão, havia forçado a mudança da coroa portuguesa para o Brasil em 1808. Com a derrota e expulsão das forças francesas instaladas na Espanha, em 1813, numa força conjunta entre Portugal e Inglaterra, exigiu-se o retorno de D. João a Portugal e, em decorrência disso, aberto o caminho para a Proclamação da Independência brasileira em 1822”, explica o maestro.
Outra obra que integrará o programa no domingo é ‘Museu da Inconfidência’ do compositor brasileiro César Guerra-Peixe. A obra organiza-se como uma sinfonia em quatro movimentos: I – Entrada; II – Cadeira de Arruar; III – Panteão dos Inconfidentes; IV – Restos de um Reinado Negro. “Cada movimento alude à Inconfidência Mineira ou ao Museu da Inconfidência em Ouro Preto. Seu movimento mais famoso é segunda parte, ‘Cadeira de arruar’, também conhecida como liteira, que no Brasil era usada pelos senhores brancos para serem carregados por aí por seus escravos”, comenta o maestro.
Ainda sobre a música “Cadeira de arruar”, de Guerra-Peixe, o maestro Abel Rocha destaca: “ela pretende-se irônica e zombeteria, ao sugerir que os escravos, cientes de que seus donos não conseguem vê-los de dentro da cadeira, passam o caminho inteiro os ridicularizando. Daí o aspecto jocoso de suas melodias e estrutura musicais, alinhadas ao ritmo cadenciado do transporte”, finaliza.
Obras inéditas – E o programa da Ocupação Sinfônica deste domingo trará ainda duas composições inéditas de Denise Gracia e João Cristal, integrantes do Projeto Brasil de 22 a 22. São elas ‘Um dia de Março, do pianista, compositor e arranjador João Cristal; e ‘Hino de Pendências’, da compositora e professora de composição do Departamento de Música da Unicamp, Denise Garcia.
‘Um Dia de Março’ foi criada baseada numa história que tem um começo feliz, no meio a momentos de muita tensão, simbolizando o sofrimento, e no final o retorno da esperança e felicidade, numa coincidência interessante com o momento que vivemos no país, com a pandemia que começou exatamente no mês de março.
E ‘Hinos de Pendências’ é uma obra comemorativa dos 200 anos da Independência do Brasil. A composição é um jogo musical com diversos hinos brasileiros, de Portugal imperial, que colonizou o Brasil, e de nações que até os dias de hoje tentam manter o Brasil como um país subalterno, em particular Inglaterra e Estados Unidos.
Na obra, a semelhança de características sonoras entre esses hinos é explorada, ao mesmo tempo em que há um desmonte de suas estruturas com uma intenção de paródia. As citações entrecortadas e distorcidas das melodias desses hinos são propositais para que sejam reconhecidos seus significados simbólicos.
Serviço:
Orquestra Sinfônica de Santo André | OSSA
Direção Artística e Regência Abel Rocha
Ocupação Sinfônica e projeto Brasil de 22 a 22