Rota se torna o batalhão mais letal da PM na gestão Tarcísio
A escalada da violência na Baixada Santista e mudanças nas operações elevaram significativamente o número de mortes causadas pela Rota em 2024
- Data: 06/02/2025 14:02
- Alterado: 06/02/2025 14:02
- Autor: Redação
- Fonte: SSP
Recentes dados revelam um alarmante aumento na letalidade da Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar), uma das principais unidades de elite da Polícia Militar de São Paulo. De acordo com um estudo do Instituto Sou da Paz, o batalhão foi responsável por 55 mortes em serviço em 2024, representando um aumento de 72% em relação ao ano anterior e o maior índice desde 2020.
Mudanças no cenário de letalidade da Rota
O levantamento, que se baseia em informações do Ministério Público Estadual (MP-SP), indica que a Rota, sob a administração do governador Tarcísio de Freitas, experimentou uma reversão significativa nas estatísticas de letalidade, após um período de redução entre 2020 e 2022. Nesse intervalo, a implementação de câmeras corporais nos uniformes dos policiais e a formação de comissões dedicadas à avaliação de casos de morte por policiais contribuíram para uma diminuição das ocorrências fatais.
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) destaca que está investindo em treinamento contínuo, na aquisição de equipamentos menos letais e na análise crítica das ações policiais. Em nota oficial, a pasta ressaltou que as comissões têm o objetivo de examinar cada caso, promovendo ajustes e orientações quando necessário.
Intensificação das operações e reações
No entanto, entre 2023 e 2024, a Rota intensificou suas operações na Baixada Santista, visando combater as atividades do Primeiro Comando da Capital (PCC). Esta região é considerada um ponto estratégico para o tráfico de drogas devido à proximidade do Porto de Santos. As operações, como “Escudo” e “Verão”, foram iniciadas em resposta ao aumento da violência local, incluindo o assassinato de um soldado da Rota.
Apesar das justificativas apresentadas pela polícia, entidades como o Ministério Público e a Ouvidoria das Polícias levantaram preocupações sobre possíveis abusos durante essas ações. O governo paulista, por sua vez, nega as alegações e afirma que investiga todas as denúncias relacionadas.
Em contraste com os anos anteriores, quando houve uma notável queda no número de mortes causadas por policiais da Rota — com apenas seis ocorrências fatais registradas em 2022 — os números recentes indicam uma tendência oposta. A unidade que anteriormente havia deixado de ser a mais letal do estado agora ocupa novamente essa posição. No mesmo período, o 14º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (BAEP), sediado em Sorocaba, registrou 22 mortes, demonstrando uma diferença significativa na quantidade de intervenções letais entre as duas unidades.
A análise das tendências históricas revela que a Rota alcançou seu pico em 2019 com 100 mortes. Este número diminuiu nos anos subsequentes até atingir os índices mais baixos em 2022. Especialistas acreditam que as políticas implementadas anteriormente foram cruciais para essa redução.
O coronel reformado José Vicente da Silva Filho criticou o atual cenário ao afirmar que houve uma erosão no controle das ações policiais e um incentivo à letalidade. Ele argumenta que mudanças na política de comando são urgentes e devem ser iniciadas pelo governador.
Durante sua campanha eleitoral, Tarcísio expressou ceticismo sobre a eficácia do programa “Olho Vivo”, questionando a utilidade das câmeras corporais. Após assumir o cargo, ele não extinguiu o programa, mas promoveu mudanças significativas na corporação militar e minimizou as críticas sobre violência policial.
Leonardo Carvalho, pesquisador sênior do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, observou que apesar do aumento das mortes por policiais, não há um comprometimento claro do governo em implementar ações estruturais para mitigar essa letalidade. Ele enfatizou que não houve um reconhecimento público sobre a gravidade do problema nem propostas concretas para enfrentá-lo.
A SSP informou ter aumentado em 18,5% o número de câmeras operacionais portáteis utilizadas pela PM e planeja contar com cerca de 12 mil desses equipamentos no futuro. Além disso, destacou os esforços da polícia em prender criminosos e apreender armas ilegais e drogas.
Por fim, a Secretaria garantiu que todas as ocorrências envolvendo mortes decorrentes de intervenções policiais são investigadas pelas polícias Civil e Militar sob supervisão das corregedorias competentes e com acompanhamento do Ministério Público e do Poder Judiciário.